Caraíbas e o legado de Oscar Araújo Costa

“Bafejado pelo êxito qualquer homem se imagina predestinado a grandes missões” (Luís Viana Filho, 1908-1990, historiador e governador da Bahia no período de 1967/1971)

Oscar Araújo Costa/Arquivo Lusineide Miranda

Já se vão, por aí, alguns anos. A essência do engendramento político do município de Chorrochó passava, necessariamente, pela liderança de Oscar Araújo Costa e ramificações dele decorrentes.

Oscar foi o esteio, a estrutura, o início do caminhar, o olhar que enxergava a política como meio de vislumbrar melhores dias para a população do município.

Líder em Caraíbas e circunvizinhança, Oscar Araújo Costa era casado com a elegante e altiva Umbelina Miranda de Araújo (D. Bela) e com ela construiu base familiar e política sólida e respeitável.

O lugar onde viveu e construiu sua liderança política acabou ficando conhecida como Caraíbas de Oscar.

Houve uma quadra do tempo em que toda e qualquer decisão política de Chorrochó passava pelo crivo de Oscar Araújo Costa, Dorotheu Pacheco de Menezes e Antonio Pires de Menezes (Dodô), que costuravam apoios e conjecturavam estratégias. Mais do que isto: definiam caminhos.

A liderança política de Oscar foi-se transferindo paulatinamente ao filho José Juvenal de Araújo, cuja história de vida e dedicação à causa do município de Chorrochó é sobejamente conhecida e não comporta nenhum acréscimo.

O livro História de Chorrochó, de autoria da professora Neusa Maria Rios Menezes de Menezes e do Dr. Francisco Afonso de Menezes traz merecida homenagem ao grande líder popular e ex-prefeito José Juvenal, falecido em 2015.

Noutro livro, Dorotheu: caminhos, lutas e esperanças, de autoria deste escrevinhador, deixei lançado o registro: à semelhança de Oscar, José Juvenal tinha qualidade inquestionável de lidar com aliados e adversários e isto lhe sustentou politicamente durante muito tempo.   

Com a morte de José Juvenal, que deixou uma rica e inquestionável estrutura política e eleitoral, é inevitável constatar que sua liderança foi-se transferindo aos filhos.

Sheila Jaqueline Miranda Araújo, que foi vice-prefeita, fez parte do secretariado de Chorrochó e hoje preside a Câmara Municipal.

Oscar Araújo Costa Neto, à semelhança da irmã Sheila, desempenhou função no secretariado do município, salvo engano, até hoje. Oscar Neto também herdou do pai José Juvenal o valioso patrimônio político-eleitoral.

Sheila e Oscar Neto continuam ostentando razoável influência na atual administração do prefeito Humberto Gomes Ramos, que sempre teve juízo e os manteve ao seu lado, até por gratidão.      

Contudo, vale destacar que a família Araújo tem, em seus quadros, outra liderança respeitável, embora se tenha mantido discreta e modesta: Marina Maria de Araújo Menezes.

Marina foi casada com o serventuário da Justiça da Bahia, José Eudes de Menezes (Iê), lídimo integrante dos Menezes de Chorrochó, homem de caráter irrepreensível, defensor intransigente das tradições locais, atributo oriundo do pai Eloy Pacheco de Menezes.

Marina sempre teve grande participação na vida local, na condição de professora e coordenadora das escolas do município, assim como na condição inconteste de defensora da cultura de Chorrochó.       

Neste contexto, Marina Maria Araújo Menezes participou, com muito empenho, de importantes eventos do município, que se firmaram no calendário local.

A organização inicial da festa dos vaqueiros, que hoje é tradição, contou com sua decidida contribuição, assim como melhorias no sistema educacional à época atrelado a formas antigas de ensino.

A história de Chorrochó contou com sua participação decisiva na idealização da Bandeira do Município, o que fez na condição de Coordenadora Municipal de Educação, cargo que exercia à época.

Marina determinou a confecção da Bandeira, o que não é pouco no cenário cultural de Chorrochó. Decisão perene, culturalmente enraizada na defesa das tradições locais.

Marina Araújo atuou politicamente ao lado de José Juvenal, com admirável fidelidade à liderança do irmão e, em certas situações, serviu como ponto de apoio diante da iminente tendência da família em dividir-se politicamente, aparando arestas desnecessárias.

Sua sábia atuação evitou que se alterassem a coesão, o entendimento e o espírito de civilidade entre os familiares em determinado momento político de Chorrochó.

Com o desaparecimento de alguns membros da família Araújo, inclusive José Juvenal, Marina Araújo despontou como uma liderança natural nos movimentos políticos de Chorrochó e, como tal, será capaz de somar com as novas lideranças, a exemplo de Adriana Araújo, a ex-vereadora Rafaela Araújo, os filhos de José Juvenal, ambos admiravelmente presentes e atuantes na vida do município. Seu filho Eloy Neto também labora politicamente e tem sido muito presente e vigilante no que tange à causa de Chorrochó.

O fato é que Caraíbas se mantém na política de Chorrochó através da família Araújo, não obstante a liderança inconteste de Barra do Tarrachil. Marina Maria de Araújo Menezes faz parte desta espinha sobre a qual devem se firmar as decisões políticas.

O lastro eleitoral de Caraíbas é respeitável. Algumas centenas de eleitores.

Parece razoável presumir que, sem nenhuma sombra de dúvida, Marina será ouvida, consultada e respeitada tanto em anos eleitorais quanto fora deles e passou a ocupar espaço importantíssimo na vida política de Chorrochó. 

Como se vê, o legado deixado por Oscar Araújo Costa se estendeu à história de Chorrochó como um todo.

Difícil apagar a marca e a estrutura política familiar de Oscar Araújo Costa.

Por fim, deixo uma frase de Roberto Mangabeira Unger, fundamental para quem faz política:

“Não se constrói sem aglutinar e não se muda sem dividir. Para saber quando aglutinar e quando dividir, não basta ter senso de oportunidade. É preciso ter visão”.

araujo-costa@uol.com.br

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