Escola de Chorrochó completa 50 anos

“Ninguém embarcaria se antes considerasse os perigos do mar. Toda travessia exige confiança no risco” (Frei Betto, frade dominicano, jornalista e escritor).

Escola Professora Josefa Alventina de Menezes/Crédito: professora Thereza Menezes

Fundada legalmente em 10/05/1974, a Escola Professora Josefa Alventina de Menezes completa 50 anos. O cinquentenário traz o retrato de um estabelecimento já tradicional no ensino do município.   

O histórico da escola é rico, robusto e, sobretudo, fundamental no cenário educacional de Chorrochó.

Limito-me a citar algumas referências, louváveis referências, sustentado em informações e documentos oficiais da escola.

A primeira direção compunha-se da forma seguinte: professora Maria Rita da Luz Menezes, Diretora; professora Maria Abigail de Menezes, vice-Diretora;

Somam-se as professoras pioneiras que se dedicaram tenazmente ao mister de ensinar: Maria Clotilde da Silva Menezes, Maria Efigênia Félix Fonseca, Maria da Conceição Menezes e Maria da Paz Rios Menezes.

A estrutura inicial naquele distante 1974 ainda contava com Antonia Soares Barbosa da Silva, agente de Portaria.

Construída e oficialmente criada na gestão do governador Antonio Carlos Magalhães (ACM) e sob os auspícios de Rômulo Galvão de Carvalho, à época secretário de Educação e Cultura do Estado, a escola foi municipalizada em 2005, no primeiro mandato do prefeito municipal Humberto Gomes Ramos.

Surgiu, naquela quadra do tempo, a primeira coordenadoria pedagógica que vem sendo dirigida pela professora Thereza Helena Cordeiro de Menezes, graduada em Pedagogia e com Licenciatura Plena e habilitação em Magistério.

Outros nomes de reconhecida experiência e dedicação à causa do ensino de Chorrochó desempenharam funções de destaque na direção da escola. São exemplos perenes e dignificantes: Maria Creuza Miranda dos Santos Araujo, Neusa Maria Rios Menezes de Menezes, Izabel Ramos dos Santos, Maria Auxiliadora Gomes Nery, Maridete Amorim de Carvalho e Rosineide Rodrigues dos Santos.

A atual Diretoria, reconhecidamente eficiente, é exercida pelo professor Jadson Aleques Ribeiro, graduado em Licenciatura Plena e tem como vice-Diretora a professora Alessandra Barbosa do Nascimento Santos, graduada em Ciências Biológicas.   

A Escola Professora Josefa Alventina de Menezes funciona em dois turnos – matutino e vespertino – e neste 2024 conta com um universo de 226 alunos matriculados.

A escola tem Bandeira e Hino próprios. Esteiam-se em iniciativas e autorias de Maria Rita da Luz Menezes e Neusa Maria Rios Menezes de Menezes.

Uma respeitável equipe de valorosos colaboradores, cada um a seu modo e função que ocupa, dá sustentação à Escola Professora Josefa Alventina de Menezes: Adalsira Mota Menezes, Alessandra Barbosa do N. Santos, Eliane Gomes da Silva Barbosa, Fabiana Ribeiro dos Santos, Irailde Pereira Jericó da Silva, Jadson Aleques R. de Oliveira, Janicleide Maria Ribeiro, Lucineide Rodrigues dos Santos, Maria Aparecida Alves de A. Moura, Maria Valdilea R. de Souza, Marileide Alves dos S.Barbosa, Patrícia Alves Teixeira, Raniclecia Feitosa da Silva, Thereza Helena Cordeiro de Menezes, Keilla Caroline Belfort A. Ribeiro, Cléubia Rosana A. de Oliveira, Elza Araujo do N. Oliveira, Hizaete Pereira dos Santos, Janice Pereira da Silva.  

Salvos erros e omissões que me permito a corrigi-los, se instado a fazê-lo.

A travessia enfrentada pelos idealizadores da Escola Professora Josefa Alventina de Menezes assumiu o risco e deu certo: chegamos ao cinquentenário com luzes muito claras e horizontes promissores.

O mar do ensino de Chorrochó continua navegável.

A memória da professora Josefa Alventina de Menezes faz-se presente nestes 50 anos e a contribuição da professora Maria Rita da Luz Menezes torna-se indelével.

araujo-costa@uol.com.br  

Lula da Silva quer saber: cadê o povo?

Imagem do evento de 1º de maio de 2024 em São Paulo/Crédito: Poder 360

O político cearense Armando Falcão foi ministro da Justiça e dos Negócios Interiores de Juscelino Kubitscheck, o presidente mais democrata que o Brasil conheceu até os dias de hoje.

Entretanto, contraditoriamente, Armando Falcão foi, durante cinco anos, ministro da Justiça do general Ernesto Geisel, quarto presidente da ditadura militar de 1964.

Em tempo de ditadura, Armando Falcão ficou conhecido como ministro do “Nada a Declarar”, porque assim se expressava toda vez que a imprensa lhe perguntava sobre assuntos do governo, escabrosos ou não.

Outubro de 1954. Armando Falcão se candidatou a governador do Ceará pela coligação PSD/PSP. Em campanha, chegou a uma cidade para comício previamente combinado.

Tudo pronto. Palanque, som, microfones testados. A praça vazia, completamente vazia.

Armando Falcão chama o organizador do comício e pergunta: “Cadê o povo?”.

Resposta imediata: “Ora, seu Armando! Se eu tivesse poder para trazer o povo, o candidato seria eu e não o senhor”. 

Maio de 2024. O presidente Lula da Silva chega a São Paulo para o evento do Dia do Trabalhador, ambiente em que ele se sente à vontade, ou, pelo menos, se sentia à vontade.

Tudo pronto. Palanque gigantesco montado na zona leste da capital, microfones, alguns puxa-sacos circulando, o vice Alckmin com boné da CUT e cara de freira contemplativa, a praça vazia, algumas poucas pessoas presentes.

A “multidão” lulopetista não chegava a 2 mil pessoas num espaço escolhido e destinado a receber dezenas de milhares, segundo parte da imprensa mostrou e a GloboNews escondeu, porque Lula está despejando milhões em publicidade no Grupo Globo para falar bem do governo.

Somente de janeiro a outubro de 2023, Lula despejou no Grupo Globo R$ 66,18 milhões a título de verba publicitária (Veja, 17/11/2023).

Com uma generosidade assim, está explicado porque a jornalista Eliane Cantanhede qualifica Lula da Silva de gênio e Miriam Leitão diz que a inflação está alta, mas “é bom”.

Talvez Mirim Leitão seja a única jornalista do mundo que diz que inflação alta é boa para a sociedade.

Diante do fiasco de público, Lula da Silva, que costuma falar para milhares, se irritou e quis saber: Cadê o povo?

Ninguém conseguiu explicar. Lula cobrou em público explicação do ministro Márcio Macedo que, dentre outras atribuições, cuida dos movimentos sociais.

Márcio Macedo é o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, o mesmo que usou de dinheiro público para que três assessores o acompanhassem no Carvanal fora de época em Aracaju (SE) e se justificou pela farra à custa dos impostos que os brasileiros pagam: “Foi um erro formal”, disse o ministro folião.

Então, tá.

Experiente, Lula disse que o evento de 1º de maio foi mal convocado. As centrais sindicais silenciaram e o fato é que o povo não compareceu.

Lula tinha razão. O povo escafedeu.

araujo-costa@uol.com.br

Lula da Silva, o 1º de Maio e o PT

“O problema é estrutural no País. Os partidos políticos não representam as opiniões públicas, mas os interesses econômicos. Você elege o candidato para que ele defenda os interesses dele.” (Lincoln Grillo, político de esquerda, que foi prefeito de Santo André – SP, 1926-1982, Repórter Diário, setembro de 2012) 

Quando o Partido dos Trabalhadores (PT) ainda estava nos cueiros e engatinhava com dificuldade – década de 1980 – uma animada turma costumava se reunir no convento dos frades dominicanos, no bairro de Perdizes, em São Paulo.

Bandeira do PT/Site do Partido

Essa turma compunha-se de frequentadores, à época não tanto famosos: Lula, que ainda era somente Luiz Inácio da Silva; Djalma Bom, que foi deputado e vice-prefeito de São Bernardo do Campo; Jacó Bittar, amigo de Lula desde sempre, pai do dono formal do famoso sítio de Atibaia; Devanir Ribeiro, que tinha sido diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema na gestão de Lula; o combativo advogado de presos políticos Luiz Eduardo Greenhalgh; Paulo de Tarso Vannuchi, mais tarde ministro de Lula e o frade dominicano Carlos Alberto Libânio Christo, frei Betto.

Frei Betto, amigo e confidente de Lula da Silva, coordenava o grupo e cuidava da comida, experiência adquirida na Ordem dos Dominicanos e na cozinha mineira onde estão suas raízes.

Propósito das reuniões: fazer autocríticas, ouvir críticas dos companheiros e confessar erros e equívocos dos presentes. Uma espécie de confessionário especial e coletivo, embora restrito à turma.

O grupo recebeu o nome de “Grupo do Mé”, porque era regado a conhaque e outras bebidas estimulantes do ego, que permitiam a descontração e a expiação dos defeitos de cada um dos participantes, a submissão às críticas, a penitência, a reflexão.

Lula da Silva aprendeu muito nesse grupo. Mais pela autocrítica – que hoje não gosta de fazer – e menos em razão do “mé”, que ele já conhecia de cátedra. As circunstâncias difíceis da ditadura militar exigiam as amizades como bálsamo para o enfrentamento das dificuldades.

Os tempos mais difíceis são aqueles de atrocidades e incompreensões. E aquele era um tempo difícil.

Lula reinava absoluto na esquerda. Hoje está encurralado entre a direita e parte da própria esquerda, cuja especialidade é exagerar em tudo, inclusive na ânsia desenfreada de ocupar todas os espaços do poder .

Aliás, esquerda e direita no Brasil perderam o juízo e a sensatez.

Lula da Silva continua líder, independentemente dos erros que eventualmente tenha cometido ao longo do caminho político que vem trilhando. E quanto a erros parece não haver dúvida que os cometeu.

Mas as misérias e fraquezas de Lula da Silva não devem ser obstáculos ao império da civilidade política.

Em São Paulo, o dia 1º de Maio era sinônimo de unanimidade em torno do então sindicalista Lula da Silva. Hoje, não mais.

O PT não é mais coeso. Ninguém nega isto, nem mesmo próceres do partido e não é uma questão somente de divergência interna no campo democrático. É disputa por cargo, poder e mordomias.

Nesta quadra do tempo – e não só no PT – escasseiam líderes esquerdistas de envergadura moral a exemplo de Waldir Pires, Miguel Arraes, Darcy Ribeiro, Paulo Brossard, Ulysses Guimarães e tantos outros. E sobram figuras menores e folclóricas, incapazes de robustecerem os sonhos da esquerda, mas altamente capazes de radicalizarem o ambiente político nacional.

O destrambelhamento ideológico da presidente nacional PT destoa de grande parte dos filiados. O cansaço de Lula da Silva com essas festividades protocolares, 1º de Maio inclusive, o afastam das bases sindicais e populares, razoavelmente esfaceladas.

Em São Bernardo do Campo, berço político de Lula da Silva e do PT, o que mais se ouve é um amontoado de críticas ao antigo sindicalista Lula. Dos botequins aos ambientes mais sofisticados da elite sambernadense, Lula é uma espécie de “Vai Passar”.

O fato é que Lula da Silva flexibilizou seu discurso de conteúdo voltado ao 1º de Maio e se desviou em direção ao palanque político com vistas às eleições municipais deste 2024.

Escorregou, tropeçou na lei eleitoral e pediu voto extemporaneamente.

araujo-costa@uol.com.br    

Patamuté: memória e lembrança de Afonso Menezes.

É seguramente certo que o caminho mais curto para alcançar a dignidade e a modéstia é a humildade.

Os contornos das dificuldades e as curvas do caminho apontam o equilíbrio entre a decência e a construção do caráter.

Nesse diapasão, José Afonso era assim: humilde, modesto, digno, decente, ético, caráter irrepreensível.

Afonso Menezes/Arquivo da família/sem data

José Afonso de Souza Menezes nasceu em 26.03.1946 e faleceu em 13.11.2017.

Engenheiro agrônomo graduado pela pioneira Faculdade de Agronomia do Médio São Francisco (FAMESF), construiu seu mundo estribado na dignidade e na decência.

Em Patamuté e Chorrochó estão as raízes de José Afonso. Seu pai Manoel Pires de Menezes (Nozinho) e sua mãe Maria José de Souza Menezes (Zarica) construíram os pilares de uma família exemplar que enriqueceu a história do lugar.

Zarica nasceu a 03/10/1924 e faleceu em dezembro de 2018. Era filha de Antonia Mendes de Souza e Ernesto Ferreira de Souza.

Zarica e Nozinho constituíram família alegre e honrada: José Afonso de Souza Menezes, Maria Auxiliadora de Menezes Kawabe, Manoel Ernesto de Souza Menezes, Antonio Carlos de Souza Menezes, Maria Socorro Menezes Santana, Jorge Luiz de Souza Menezes e Maria Agripina de Menezes Fernandes.

Nozinho nasceu em 16.07.1920 e faleceu a 20.02.1999. Era filho de Argentina Pacheco e José Pires de Carvalho.

Membro da tradicional família Menezes, de Chorrochó, Nozinho fez política no município de Curaçá e deixou para José Afonso seu legado de dedicação à causa dos mais necessitados, que se havia dedicado com zelo e seriedade.

José Afonso era educado, atencioso e, sobretudo, correto, essencialmente correto.

A Câmara Municipal de Curaçá se enriqueceu com a passagem marcante de José Afonso, político de caráter irrepreensível, sempre preocupado com a causa dos mais humildes.

Deixou família decente e bem estruturada: a mulher e professora Norma Suely Brandão Menezes e os filhos José Carlos Brandão Menezes, Anna Karla Brandão Menezes e Anna Maiara Brandão Menezes.

Encontrei-o pela última vez em Chorrochó. Sempre altivo, conversa interessante e ampla visão da realidade política da época, admirável capacidade de argumentar.  

Anos mais tarde, um telefonema de Afonso me alcançou em São Bernardo do Campo e ele me dizia que precisava fazer alguns procedimentos num hospital de São Paulo. Não sei se chegou a fazer.   

Cronista vive se perdendo e se achando. Assim, neste texto malfeito e desconchavado, lembro que Jorge, irmão de Afonso, foi meu amigo de tertúlias e boemias.

Maria Auxiliadora, também irmã de Afonso, foi minha professora de memoráveis lembranças. Seus ensinamentos somaram-se ao meu viver e os carrego até hoje. Entretanto, a admiração se estende a toda família de Zarica e Nozinho. Ambos serviam de exemplo a todos nós que vivíamos naquela quadra do tempo.

araujo-costa@uol.com.br

Curaçá e o papel da SCAB

Vista parcial da Sociedade Curaçaense Artística e Beneficente (SCAB). Foto sem data. Crédito: Luciano Lugori

A Sociedade Curaçaense Artística e Beneficente (SCAB), que ainda mantém sua história imponente e valiosa, se formou como um clube da sociedade local mais à moda e aos modos da elite interiorana do Nordeste.

Em minha juventude – já vai longe no tempo – chegava a ser difícil frequentá-la se não envergasse credenciais abonadas por pessoas integrantes de famílias fincadas em raízes tradicionais locais.

Houve um tempo em que era preciso recorrer a Adair Brandão Aquino e Maria Valdelice Aquino, elegantes e distintas senhoras da sociedade curaçaense, que tinham segura participação e influência sobre a administração do clube, todo vez que se reivindicava o local para a realização de quaisquer eventos.

Ainda assim, nem sempre era possível o intento.

Entretanto, anos mais à frente, a SCAB abrigou, com nobreza e elegância, seminários e movimentos da juventude da época, capitaneados por irrequietos jovens curaçaenses, a exemplo de Roberval Dias Torres, José Carlos (Pinduka), Dodó e tantos outros.

A SCAB entendeu aquele momento efervescente e acolheu a rebeldia própria da juventude, atributo da mocidade utópica e sonhadora, que balançava as estruturas do pensar curaçaense.

Esses e outros tantos jovens daquela Curaçá da primeira metade da década de 1980 acabaram construindo um movimento cultural enriquecedor que desembocou em ideias louváveis e grandiosas como a CURAÇARTE, voltada para a produção artística e intelectual, desejo de revitalização do Teatro Raul Coelho, primeira semana cultural, et cetera.

Surgia, com ênfase, a “geração mimeógrafo” que já vinha se formando e produziu intelectuais a exemplo de Josemar Martins (Pinzoh), nascido em meio aos cactos de São Bento e espécie de referência quando se trata de defesa da cultura regional sanfranciscana.

Não é exagero, nem demais pontuar, que a semente desse período rico de ideais em Curaçá atapetou o caminho para o surgimento de iniciativas como a banda Bichos Escrotos e, mais recentemente, o Acervo Curaçaense, que abriga louvável e reconhecida desenvoltura com vistas à sedimentação da história de Curaçá.

Na esteira dessa forma de tentar compreender a alvorada daquela quadra do tempo, Curaçá produziu uma geração de intelectuais que engrandece a história do município.   

Os exemplos são diversos e conhecidos, sem, por óbvio, desprezar os mais antigos, sempre de meritórias referências.

Livros como História da Imprensa de Curaçá e Barro Vermelho-Memória e Espaço, do jornalista Maurízio Bim e Enquanto Enlouqueço, do também jornalista Luciano Lugori fazem parte do resultado desse novo pensar da cultura de Curaçá.

De todo modo, a SCAB contribuiu com as artes e o dizer de Curaçá e representa, sem dúvida, a perene história do município. 

araujo-costa@uol.com.br                                                

Bizarro, estrambólico: a praça é do juiz

Praça cercada por magistrado/Crédito: Danilo Verpa/Folhapress

Um magistrado de São Paulo mandou cercar com alambrado uma praça pública na região de Interlagos, zona sul da capital, alegando que a praça é dele, comprou, pagou e não se fala mais nisto.

Não é piada. Quem quiser, leia a grande imprensa que publicou a matéria exaustivamente e até, se puder, consulte a ação judicial que, segundo o juiz, lhe assegurou a propriedade da praça.

Praça Ramiro Cabral da Silva/Reprodução Google

A Prefeitura de São Paulo contesta. Diz que a praça é pública.

“Como que alguém vende uma praça? Eu moro aqui há 44 anos e sempre foi uma praça”, perguntou um morador (CBN/SP, 23/04/2024).

Pior é achar um Juiz de Direito que compre.

Mais: Sua Excelência colocou a praça à venda por R$ 1,3 milhão (Folha de S.Paulo, 22/04/2024).

Praça cercada por magistrado/Crédito: Gabriela Rangel/CBN

Não devemos estranhar.

A medida, segundo a imprensa, partiu de um juiz aposentado, o que não lhe retira o título de magistrado.

E membro do nosso justo, justíssimo Poder Judiciário.

Mas o que se esperar de um país em que ministros do Supremo Tribunal Federal – a instância máxima do Poder Judiciário – se acham donos do Brasil e, em certos casos, espezinham as leis nacionais?

Ditadura de toga é mais assustadora do que ditadura de fuzis.

Rezemos, sempre. Só nos resta rezar.

araujo-costa@uol.com.br

Aniversário – 14/04/2024 – e agradecimento

Agradeço as mensagens recebidas em 14.04.2024, por ocasião do meu aniversário e peço desculpas pela omissão de alguns nomes que não cito aqui.

Por exemplo, os grupos de meu querido distrito de Patamuté, dos quais participo, deletaram as mensagens.

Agradeço a todos, mesmo assim.

Antes eu havia visualizado as mensagens, mas depois elas desapareceram dos grupos de Patamuté. Isto é bastante para que todos entendam minha descortesia com aqueles que me parabenizaram, mas aqui não são citados.

Portanto, meus agradecimentos a:

Estela Paixão, Alex Reis Nascimento, Romildo Ferreira, Marinalva Rodrigues, Ahmad Wehbe, Gilberto Bahia, Antonio Wilson de Menezes, Ita Luciana de Oliveira, Maurízio Bim, Ângela Silva, Adalice de Paula, Rafael da Silva, Eufrásia Oliveira, Eduardo Morelli, Lucineide de Oliveira Dias Mota, Madalena Paixão Dias, João Evangelista dos Santos Souza, Valter Alves de Carvalho, Nenê Ricardo, Edilson Oliveira Maciel, Lenisse Santana, Maria da Graça Gracinha, Margareth Gomes Pires, Eliel Pelúcio, Liliane Melchiol, Carol Pelúcio, Maressa, Edmundo Rafael de Araujo Cavalcanti, Regina Oliveira, Jamila Bruni, Fátima Gonçalves Almeida, Regina Oliveira, Jamila Bruni, Fátima Gonçalves Almeida, Leandro Ribeiro, Edilea Chaim, Edmundo Araújo, Fátima Barbosa Lopes, Betinho Menezes, Virgílio Ribeiro, Maria do Socorro Menezes Ribeiro, Júlia Maria Livino dos Santos, Bebeto Mota, Guilherme Paixão da Silva, Edson Lago, Josué Moraes, Ezio Luiz, Eurides Araújo, Euza Dias de Araújo, Euzivânia Vilela, Rogério Souza, Jorge Jazon Menezes, Maria Goretti Gomes, Angelita Viana, Abdu Jarouche, Theodomiro Mendes, Lydia Veras, Ceiça Reis, Simone Gomes Reis, Adalberto Machado Oliva, Maria Teresa, Mirian Tereza, Reginaldo Vieira, Idelfonso Silva, Vanízia Mendes, Ana Maria, Maria Léa Santos Souza, Fatinha Araújo, Manuh Souza, Maria P.Menezes, Leonildo Oliveira, Creuza Miranda, Rosângela Brandão, Nadilma Alcântara, Abmael S.Silva, Regiana Souza Fonseca, Adrys Lopes, Auxiliadora Pires, Marcelo Vieira, Maria Paixão, Zelinho Sena, Frederico Rodrigues Durando, Erivaldo Gomes Souza, Dc Damásio Soares, Veranice Feliciano, Edinete Paixão Souza, Vilani Rêgo, Sandro Gonçalves de Toledo, Lusineide Miranda, Adonis MDantas, Acioli Silva, Carmita Rios Menezes, Cleide Ferreira, Cleide Oliveira Rodrigues, Valdir Rodrigues, Sheila Giusti, Neusa Silva Buglia, Maria Odete Marques, Márcia Almeida Gonçalves, Silvanira Pereira de Oliveria, Maurício Gonçalves, Dircis de Souza Bom, Tusa Granato, Dirce de Lima, Edmilson Ribeiro, Dorinha Souza, Humberto Antonio, Eugênio Pachelli Evangelista Xavier, Rogéria Alves, Rosana Reis, Raimundo Lourenço, Clarice Alves Reis, Camila Leal, Laudney Mioli, Maria Auxiliadora Nery, Maria Inez Alves, Getúlio Barbosa, Jurandy Henrique de Souza, Francineide Santos, André Rizzo, Sérgio Luiz Souza Ferreira, Anílton Barros, Jacson Prado, Dasdores Ribeiro, Maria Socorro Santos, Anselmo Vital, Antonio Marcelo Almeida Lima, Libânia Torres, Jefferson Botias, Marinalva Santa Rosa, Jivanda Mendes, Lígia Brandão, Reginaldo Rodrigues da Silva, Josemário Brandão, Necy Gomes de Sá, Thereza Menezes, Edite Benatti, José Martins, Rosana Santos, Odilon Luiz de Oliveira Júnior, Diógenes Félix de Oliveria, Jucelma da Cruz Santos, Domingas Pereira, Otávio Virgínio, Oneide Santos, Bruno Marcel Portilho Lopes, Maria da Silva Rego.     

Excluo, por motivos óbvios, as pessoas de minha família.  

araujo-costa@uol.com.br

Em Juazeiro, uma estátua polêmica

“Não são de heróis as estátuas que nos habituamos a reverenciar em praça pública” (Italino Peruffo, 1925-1992) 

Em São Paulo, há uma estátua de Borba Gato (1649-1718), bandeirante que a história diz escravocrata, escravizador. A estátua começou a ser erguida em 1957 e inaugurada na década de 1960 no bairro de Santo Amaro.

Estátua de Borba Gato/Site São Paulo Antiga

Em 2021, membros da esquerda diurética fizeram um movimento no sentido de remover a estátua, mas o bom senso a manteve, por enquanto. Está lá, imponente e histórica. Pior: o movimento esquerdista vandalizou-a, incendiando-a.

Argumento dos desocupados: Borba Gato defendia a escravidão. Todavia, a verdade histórica se sustenta por si só. A derrubada da estátua não vai apagar a história do Brasil, tampouco ofuscar a memória da escravidão ignóbil.

Estátua de Borba Gato/Reprodução Uol

Uma imagem deprimente, condenável, imbecil, estapafúrdia.

Mais do que isto: um desrespeito à história, mormente de São Paulo.

Em Juazeiro, belíssimo município à margem do São Francisco, nasceu o jogador Daniel Alves, que ostenta dezenas de títulos conquistados na história do futebol.

Há uma estátua na cidade em sua homenagem.

Agora, o Ministério Público da Bahia determinou que a Prefeitura explique, “em um prazo de cinco dias, como se deu a autorização que permitiu a colocação de uma estátua do ex-jogador de futebol, Daniel Alves, no centro da cidade” (Folha de S.Paulo, 12/04/2024).

Salvo engano, a ideia partiu de uma ativista, que quer a remoção da estátua.

O Ministério Público questiona se o monumento “trata-se de um bem público” de Juazeiro. 

A Prefeitura de Juazeiro inaugurou a estátua de Daniel Alves em dezembro de 2020. Há notícia de que já foi alvo de depredações, tendo em vista  insatisfação de parte da população juazeirense, em razão das notícias sobre o envolvimento do atleta em suposto crime hediondo.

Crime dessa natureza deve ser rechaçado, repelido, independentemente de quem o pratica. Cabe à sociedade como um todo – e a cada um de nós, isoladamente – condenar qualquer tendência criminosa que desemboque em barbaridade como essa.

Mas como se vê, uma mancha estritamente pessoal adstrita a Daniel Alves que não contamina a gloriosa sociedade juazeirense.

Não conheço Daniel Alves. Não me recordo de tê-lo visto atuando em campo, mas isto não tem a menor importância, “não inflói nem contribói”, como se dizia antigamente nas rodas estudantis.

O que importa aqui – e é fato inegável – é que ele defendeu o futebol brasileiro, sim.

Entretanto, parece razoável entender que há um exagero nisto tudo. Há alguma coisa fora do lugar e não é a estátua.

A estátua – custeada ou não pelo poder público – foi erguida em homenagem ao profissional, ao jogador, que não deve ser confundido, stricto sensu, com o cidadão Daniel Alves, condenado por estupro, pela Justiça espanhola e que, salvo engano, ainda cabe apreciação das instâncias superiores de lá.

Uma coisa é o atleta, que sustentou o nome do esporte do Brasil noutros países; outra coisa é, completamente diferente, o delinquente que transgrediu as leis penais e arranhou a conduta social.

A sociedade não deve aceitá-lo em sua convivência, por óbvio, enquanto não pagar a pena. É a praxe, é o razoável, é a norma jurídica. Mas daí a sociedade ostentar o direito de mandar derrubar a estátua em sua homenagem, vai uma grande distância.

Se construída com dinheiro público, maior a razão para não derrubá-la. Recurso do contribuinte não pode ser espezinhado dessa maneira e transformado em escombros.  

Parece indubitável que a estátua foi erguida quando não havia quaisquer arranhões à conduta do jogador. Antecede à prática criminosa de que é acusado.

Com as exceções honrosas, se a moda pega, diminuirão, sobremaneira, as estátuas em praças públicas do Brasil, se os critérios forem esses: ficam lá, imponentes e reverenciados, somente os monumentos representativos de impolutos heróis de caráter irrepreensível.

Ativistas talvez fossem mais úteis à sociedade se preocupassem mais com as pessoas que passam fome – e são muitas, centenas, milhares – crianças desamparadas sem lar e sem escolas, moradores em situação de rua (Juazeiro deve ter alguns), esgotamento sanitário, falta de moradias, fiscalização da atuação dos agentes públicos em todos os níveis, vigilância quanto ao correto emprego do dinheiro do contribuinte et cetera.

Ativistas talvez fossem mais úteis à sociedade se lutassem por melhoria nos serviços públicos de saúde, eficiência no transporte de doentes, disponibilidade ambulatorial e remédios para a população carente.    

Entretanto, cuidar de famintos e socialmente desamparados não atrai holofotes.

No Brasil surgem ativistas para tudo. Há ativistas defendendo a Floresta Amazônica que nunca foram à região Norte. Outros defendendo o bioma caatinga que não conhecem um pé de xiquexique ou uma macambira; e outros tantos embevecidos no fanatismo político. Estes vivem abraçados ao patetismo sem nenhum pudor.   

De qualquer modo, Daniel Alves está sob o jugo da Justiça e das leis penais e processuais. É o bastante.

araújo-costa@uol.com.br  

Missa em memória de Da Luz Menezes

“Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé (II Timóteo, 4-7)

Crédito da imagem/Dr. Francisco Afonso de Menezes

No próximo dia 19/04/2024, às 19 h, realizar-se-á em Chorrochó liturgia eucarística em memória de Maria Rita da Luz Menezes.

A celebração acontecerá na Igreja Senhor do Bonfim.

Estarão presentes a saudade, as lembranças e, sobretudo, o intuito de todos familiares e amigos no sentido de viabilizarem a perpetuação da memória de Da Luz diante de Chorrochó e da Igreja.

“No  mundo passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (João, 16:33).

Vencer as aflições do dia a dia certamente foi uma das tarefas de Da Luz. Sofreu, chorou, lutou, suportou as adversidades, mas “combateu o bom combate e guardou a fé”. 

A Igreja de Chorrochó vai lembrar a vida de Da Luz e sua presença que foi muito frequente na casa de Senhor do Bonfim.  

A morte não pode interromper o amanhã. O amanhã dos parentes e amigos de Da Luz será sempre de boas lembranças. Lembranças de sua bondade e da convivência agradável. E de sua esperança na ressurreição.

araujo-costa@uol.com.br     

Traços dispersos de Curaçá e a professora Dionária Ana Bim

Maurízio e Dionária em foto de 2022 – Lançamento da 2ª edição do livro Barro Vermelho – Memória e Espaço, de autoria do filho jornalista/Crédito Maurízio Bim

Não sou memorialista, nem historiador. Faltam-me qualidades, esmero, dedicação, habilidade para discernir e observar a pureza dos fatos.

Entretanto, costumo rememorar acontecidos, pessoas, lembranças, episódios. Mais impulsionado pela saudade  e em gratidão às amizades com as quais mantive convívio nalguma quadra do tempo do que, propriamente, com o intuito de perenizar minhas opiniões que nada ou pouco importam.

O escritor e jornalista  baiano Raimundo Reis dizia, um tanto irônico: “Quem fala muito do passado é sinal que está ficando velho”.

É uma verdade que não se pode contestar.

Jovens, por óbvio, não têm muito o que contar, as reminiscências ainda não se firmaram, a memória está arejada pelo vigor da mocidade e sede de absoluto própria da juventude.

Os velhos têm o que contar, também por uma obviedade inarredável: a experiência, em razão da passagem do tempo, os idos, os vividos, a sequência de quedas e tropeços.

A poeira da estrada costuma ofuscar a caminhada, mas é eficiente ao marcar as intempéries, as lembranças, as saudades.

Nessa toada do caminhar, parece razoável entender que devo ter alguma coisa pra contar. Já alcancei os 72 anos, tempo suficiente para aproveitar o que os buracos da memória retêm e ainda me permitem lembrar.

Já me sinto em queda livre em direção ao despenhadeiro da finitude inevitável. As décadas de vida parecem assim atestar, o que não significa a abdicação dos sonhos, ainda relutantes, teimosos, insistentes.

Fraquejar jamais.

Hoje lembro Dionária Ana Bim, minha professora no Colégio Municipal Professor Ivo Braga, em Curaçá. À época muito jovem, embora preparada intelectual e profissionalmente.

Dionária foi educada sob a notável batuta da mãe Maria de Lourdes Lopes (Maria de Fortunato) e do pai Expedito, decentes e honrados em Curaçá.

Maria de Fortunato tinha clareza ao entender a educação como esteio que sustentava a grandeza e o caráter. Olhar atento de águia e sabedoria gigante, Maria alternava momentos de rigidez e ternura.

Em Salvador, Dionária estudou no tradicional Instituto Central de Educação Isaías Alves-ICEIA e já formada por lá foi ensinar Matemática em Curaçá.

Dionária constituiu família nobre. Tem filhos. Arrisco-me a citá-los: Mauro, João e Maurízio. Se omito algum nome, penitencio-me em razão da falha, da imprudência e da gafe.

Sobre Maurízio Bim, tenho a honra de dizer que sou seu amigo, embora apoucado. Considero-o muito e sempre lhe desejei êxito em suas façanhas e empreitadas, o que, aliás, ele sempre alcançou em tudo que decidiu fazer.

Guardo boas recordações da professora Dionária. O gosto pelas coisas sérias, a arte de direcionar o espírito para a investigação do conhecimento e, sobretudo, a humildade e o sorriso encantador.

A honra maior é ter sido seu aluno.

araujo-costa@uol.com.br