Brasil provisório: o sono do governo

1. Apesar das constantes crises, tem muita gente dormindo no governo. O Palácio do Planalto vai adquirir 100 colchões de solteiro para a segurança presidencial. Os agentes estão com muito sono, pelo jeito.

Parece que a segurança do presidente Temer anda mesmo dormindo muito, tanto que o dono da JBS entrou na residência oficial do presidente, tarde da noite, com uma geringonça e gravou toda a conversa suspeita e cabeluda com Sua Excelência, sem ser incomodado.

Parece piada, mas não é. Se fosse um país sério, a segurança presidencial teria sido responsabilizada. Autorizar a entrada do executivo à residência oficial tudo bem, mas daí a gravar a conversa com o presidente da República vai uma grande distância. É incompreensível, inexplicável, assustador.

O ocorrido parece mais uma conspiração mal engendrada do que uma falha da segurança presidencial. Beira ao ridículo.

2. A Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) não conseguiu detectar a ruidosa movimentação preliminar dos caminhoneiros para parar o Brasil. Aliás, feita às escâncaras.

O governo foi alcançado de surpresa. Pior: atabalhoado, não sabia com quem negociar. Continua não sabendo e a situação não está resolvida, com sério risco de nova paralisação dos caminhoneiros.

O serviço de inteligência do governo vai mal, muito mal. Um serviço secreto desses precisa mesmo é de muita cama pra dormir.

3. O presidente Michel Temer anda às voltas com crises, problemas pessoais, investigações, base parlamentar esfacelada, amigos presos e outros na iminência de serem trancafiados. Só não cai porque não tem para onde mais cair. Seu governo já não existe, o que dele resta vai-se capengando até 31 de dezembro.

4. O preço dos combustíveis deve fazer parte de uma política estratégica e perene em benefício do Brasil. O petróleo é brasileiro. Mas governo e Petrobras definem tudo provisoriamente, quando surgem os problemas, sempre de acordo com as regras do mercado internacional, em defesa de investidores externos.

5. A partir de janeiro de 2019 o Brasil vai piorar, se é que o despenhadeiro ainda terá espaço para coisas piores. Basta analisar os pré-candidatos que pretendem disputar a eleição presidencial. Um é pior do que o outro. Qualquer um deles que ganhar não terá credibilidade para mudar o Brasil. É uma excrescência só.
O Brasil, como sempre, continua provisório.

araujo-costa@uol.com.br

 

Deixe um comentário