Nem com o suposto apoio de Lula da Silva que, não obstante preso, dá as cartas para meio mundo político, a senadora Lídice da Mata conseguiu as bênçãos de Rui Costa para compor a chapa majoritária do governador nas eleições de outubro. Contentou-se com a costura política do governador e, parece, vai disputar uma vaga de deputada federal, com elevadas e seguras chances de ser eleita.
O Senado Federal vai-se distanciando de Lídice e se aproximando de Ângelo Coronel, baiano de Coração de Maria.
Lídice da Mata comanda – ou pensa que comanda – o Partido Socialista Brasileiro (PSB), historicamente rico, mas politicamente fraco, que não tem cacife para bancar sozinho sua reeleição ao Senado da República, o que lhe obrigou a ajoelhar-se diante do governador, para ouvir que ela não pode e não deve integrar a chapa majoritária dele.
Partido político no Brasil é uma excrescência estruturada para amparar falcatruas e conchavos de seus dirigentes. Só isto. Isoladamente se dilui ao vento e nada representa.
Sozinho o PSB da Bahia e nada é a mesma coisa.
Oriundo da Esquerda Democrática, o PSB foi fundado em 1947, extinto em 1965 pela ditadura militar e recriado em 1985. Até lá se podia dizer que era um partido político sério. Tinha nomes respeitáveis, tinha ideais. Hoje é tão-somente um arcabouço jurídico-político igual às demais agremiações que dizimaram o Brasil.
A cachoeirana Lídice, nascida às margens do Rio Paraguaçu, que já foi filiada até ao PSDB, partido que ela hoje abomina, sempre foi aliada histórica do PT, mas esse quiproquó baiano prova que político não tem convicção, mas interesse. E o interesse de Lídice da Mata hoje diverge, por enquanto, do interesse do governador Rui Costa. Por enquanto.
Nessa costura política que antecede às eleições de 2018, Rui Costa vem construindo seus alicerces eficientemente e priorizou o padrinho político Jaques Wagner, que tem eleição garantida ao Senado e também o deputado Ângelo Coronel, que deve também disputar uma vaga ao Senado em detrimento de Lídice da Mata.
Priorizar é modo de dizer. Jaques Wagner precisa eleger-se, para angariar foro privilegiado, vez que algumas ventanias oriundas da Lava Jato parece que estão vindo em sua direção.
Entretanto, com o tempo esta divergência política vai dar em nada. O resultado é previsível. Rui Costa e Jaques Wagner chamarão Lídice e lhe oferecerão alguns cargos para sua esteira de apoio e ficará o dito pelo não dito.
Na Bahia, tudo é possível, até passarinho engolir cobra.
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