A degradação da arte

Quando o cardeal D. Avelar Brandão Vilella, que foi o terceiro bispo da diocese de Petrolina, era arcebispo da Bahia e primaz do Brasil, o escritor Jorge Amado lhe pediu autorização para gravar uma cena de Os pastores da noite no altar da Igreja do Rosário dos Pretos, na ladeira do Pelourinho, em Salvador. O cardeal autorizou.

Por coincidência, o cineasta Bruno Barreto estava gravando o filme Dona Flor e seus dois maridos, também baseado na obra de Jorge Amado, encontrou a igreja aberta e filmou a cena em que o autor José Wilker aparecia nu, descendo a ladeira do Pelourinho entre fiéis que saíam da missa. Mas a tomada da cena de nudez não foi feita no interior da igreja.

Deu uma confusão danada. Os conservadores fizeram barulho, disseram que o “aquilo” de José Wilker, que fazia o papel de Vadinho, estava de fora, o que não era verdade, porque havia um tapa sexo e Jorge Amado teve que explicar a D. Avelar que tudo não passara de um mal entendido e que a autorização concedida era para gravar Os pastores da noite e não Dona Flor.

Elegantemente D. Avelar aceitou os argumentos e continuaram amigos.

Hoje pessoas que se dizem defensoras das artes, ao seu talante, espezinham símbolos da igreja católica e até usam imagens de santos de forma degradante.

Sequer comunicam às autoridades eclesiásticas sobre a intenção de se valerem de tais símbolos em nome da arte, que não é arte coisa nenhuma.

Não há cuidado, não há respeito à fé alheia, não há decência. Em nome da arte.

araujo-costa@uol.com.br

 

 

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