Membros do Partido dos Trabalhadores que têm poder de comando – ou, pelo menos, suas opiniões pesam nalguma direção – não querem o nome do ex-prefeito paulistano Fernando Haddad como substituto de Lula da Silva na condição de cabeça da chapa presidencial.
José Dirceu, que está solto por gratidão de seu ex-empregado Dias Toffoli e ainda tem voz e influência no partido, disse em data recente que “até as pedras” querem o ex-governador da Bahia Jaques Wagner.
Ocorre que Jaques Wagner labora com a possibilidade de eleição garantida para uma vaga no Senado Federal e, compreensivelmente, não aceita a aventura de disputar a presidência. A Bahia certamente lhe vai garantir o Senado. O homem é bom de urna e de voto. E de conversa.
Nas caatingas do sertão nordestino há um ditado popular, segundo o qual, “mais vale um passarinho na mão do que dois voando”.
O carioca Jaques Wagner captou o significado da expressão, tanto que vinha insistindo que Lula deve ser o candidato. A eleição ao Senado Federal lhe assegura prerrogativa de foro, o chamado foro privilegiado, que ele vai precisar.
Tudo conversa fiada, lorota. Jaques Wagner sabe que Lula não pode. Lula sabe que não pode. O PT sabe que Lula não pode.
Fernando Haddad é um sujeito decente, educado, culto, advogado, professor universitário, inteligente, ético e, sobretudo, disciplinado. Ainda não lhe grudou a pecha de demagogo, como os demais candidatos que estão por aí.
Todavia, se Haddad ganhar a eleição, é possível que o PT o transforme da posição de possível estadista para a de assíduo frequentador das páginas policiais. O PT é bom nisto. Aliás, quase todos os partidos políticos são especialistas em transformar seus líderes em meliantes.
Contudo, ainda não pesam acusações sobre Haddad que o desabonem, exceto algumas em fase inicial, mas nada que ostente provas sobre possíveis arranhões em sua conduta. Por enquanto, é a pessoa ideal para substituir Lula da Silva.
Haddad pode trazer credibilidade ao combalido PT e ânimo à militância, vez que, parte dela, já demonstra vergonha de declarar-se em público que é petista, diante dos escândalos e prisões de graúdos dirigentes, todos acusados de “amigos do alheio”, tais como: José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares, Vaccari Neto, Sílvio Pereira, Lula da Silva, et cetera.
O imbróglio já esteve mais complicado. Parece que o PT encaminha-se para o bom senso: a definição da candidatura de Haddad, mesmo sendo empurrado por Lula da Silva goela abaixo de petistas resistentes.
Entretanto, a batalha nos tribunais vai continuar. Lula da Silva tem 24 advogados constituídos em diversas frentes, inclusive eleitoral, todos aptos a arrancarem estratosféricos honorários do ex-presidente, que tem muito dinheiro para bancá-los.
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