Lula da Silva e Gleisi Hoffmann

“A lei é como uma cerca. Quando é forte, a gente passa por baixo. Quando é fraca, a gente passa por cima” (Coronel Chico Heráclio, 1885-1974, Limoeiro-PE).

Lula da Silva, que pode ser tudo, mas besta não é, jogou um balde de água fria na espevitada presidente nacional do PT.

Normalmente histérica, a senadora Gleisi Hoffmann vem diminuindo o tom de seus destemperos e de suas visíveis perturbações.

Na medida em que Fernando Haddad cresce nas pesquisas de intenção de voto, Gleisi Hoffmann vai se encolhendo nos limites de sua insignificância.

O fato é que Gleisi manteve a esperança, até a última hora, que seria a ungida de Lula da Silva para disputar a presidência da República, mesmo com as evidências de que o morubixaba petista já havia escolhido Haddad, por questões que não vêm ao caso agora.

Gleisi não queria o ex-prefeito paulistano. Achou que tinha força. Não tinha. Não tem. Nunca teve.

Lula a escolheu para ser presidente nacional do partido e mandou o pessoal votar em seu nome na convenção, uma espécie de gratidão pelo destacado desempenho de Gleisi no episódio do impeachment de dona Dilma Rousseff.

A presidência nacional do PT está com Gleisi apenas por uma questão formal. Quem decide pelo partido é Lula da Silva e os súditos e fanáticos obedecem. Ele é a instância máxima, Gleisi é presidente faz-de-conta.

A presidente nacional do PT até encontrou um subterfúgio para visitar diariamente Lula da Silva no cárcere e ficar próxima dele. Pensando que a lei é fraca, para passar por cima, Gleisi habilitou-se como advogada do ex-presidente, condição legal para ter acesso ao preso, sem restrição, mas não se tem conhecimento de nenhuma petição assinada por ela nos processos a que Lula responde.

A Vara de Execuções Penais vislumbrou a maracutaia de Gleisi e restringiu seu acesso a Lula da Silva, na condição de advogada. Ela queria participar dos assuntos decisórios ao lado de Lula, mas somente era comunicada das decisões já tomadas. E virou porta-voz dele.

Mas não é somente isto que está deixando Gleisi Hoffman cabisbaixa. O mandato de senadora que ela exerce acaba em fevereiro e com ele vão-se as mordomias de que ela tanto gosta. A rapadura é doce, dá saudade.

Mais: Lula obrigou o PT a fazer composições eleitorais em diversos estados, exatamente com aqueles políticos que votaram pelo impeachment de dona Dilma e Gleisi os chamava “golpistas”. E quem era “golpista”, agora é amigo de infância de Gleisi com direito a beijinhos hipócritas.

A hipocrisia se entrelaçou com a fome de poder e fica o dito pelo não dito.

Convicta de que não será reeleita senadora, Gleisi está disputando o cargo de deputada federal pelo Paraná, com chances de se eleger, evidentemente.

Gleisi Hoffman continua fingindo que faz política nacional em nome do PT. É sua atribuição formal como presidente do partido. Nada mais do que isto.

araujo-costa@uol.com.br

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