O PT tem dito e repetido, inclusive nas propagandas eleitorais, que “Lula é Haddad” e “Haddad é Lula”.
Esse subterfúgio interessa unicamente ao partido porque, além de confundir os eleitores dos chamados grotões, que não acompanham noticiários, os votos de Lula são carreados para Haddad, a chamada transferência de votos, por uma questão razoavelmente simples: Lula tem votos, Haddad não tem.
Em diversas partes do Brasil, o PT até distribuiu impressos com a conhecida cola, orientando o eleitor a votar. Nesses impressos, o nome de Haddad é substituído pelo nome de Lula. Ou seja, o PT admite que o eleitor vota em Lula, porque Haddad não existe. É uma ficção eleitoral.
Na Bahia e em Santa Catarina, a Justiça Eleitoral mandou apreender a propaganda enganosa, constando Lula como candidato a presidente, o que também deve acontecer noutros estados.
O PT tenta justificar a malandragem, dizendo que os impressos já estavam prontos antes da impugnação da candidatura de Lula. Conversa mole. Desde a confirmação da sentença condenatória de primeiro grau pelo Tribunal Regional Federal competente, Lula já sabia que não podia ser candidato.
Lula pode ser chamado de tudo, menos de ingênuo. Mais: é bem informado e rodeado de assessores experientes.
Lula determinou que a batalha jurídica em sua defesa adquirisse viés político, para ficar em evidência, até o momento da substituição de seu nome na disputa eleitoral.
Ontem, em São Bernardo do Campo, berço do PT, adversários do partido em campanha, inflaram o conhecido boneco pixuleco representando Lula da Silva com roupa de presidiário, mas colocaram uma fotografia de Haddad cobrindo a cara de Lula. Até ficou bonitinha a cara do Haddad.
Foi o suficiente. Defensores do PT e admiradores de Lula fizeram o maior escarcéu e, por pouco, não houve violência física. A Polícia e a “turma do deixa disso” evitaram as agressões.
A lógica do PT só funciona quanto favorável ao partido. Se não for, não tem lógica.
Se “Lula é Haddad” e “Haddad é Lula”, como diz o PT, que diferença faz substituir no pixuleco o rosto de Lula pelo rosto do Haddad?
Neste caso, parece que o folclore político substituiu, com vantagem, qualquer interpretação de possível ofensa.
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