Lula da Silva e o uso do cachimbo

“Quem não gosta do Brasil não me interessa” (Gilberto Amado, 1887-1969, diplomata e jurisconsulto)

Diz o conhecido ditado que “o uso do cachimbo deixa a boca torta”.

Todos sabem que Lula da Silva fuma charutos somente de finíssima qualidade, sendo certo que muitos deles foram presenteados pelo amigo e ditador cubano Fidel Castro.

Fidel Castro morreu, mas Lula continuou fumando charutos cubanos. Tinha muitos, inclusive armazenados no famigerado sítio de Atibaia, que Lula diz que não é dele e nunca foi dele, mas havia muitas caixas de charutos cubanos guardados lá.

Lula não sabe como os charutos cubanos que ele fumava foram parar no sítio de Atibaia, que não é dele.

Entretanto, fumar charuto ou cachimbo, não tem importância. O que se ventila é a repetição de atos pelo ex-presidente, atos esses já exaustivamente criticados pela sociedade.

Parece razoável entender que Lula não aprendeu amargas lições do passado, mormente as advindas do mensalão. Está incorrendo em contumácia, aquela figura jurídica prevista nas leis penais que depõe contra a conduta do delinquente, o que não significa necessariamente que ele seja um.

Revista de circulação nacional, a ISTOÉ publicou que Lula mandou um condenado do mensalão petista, que até hoje ele diz que nunca existiu, fornecer dinheiro para o deputado Weverton Rocha, candidato ao Senado da República pelo PDT do Maranhão.

Lula autorizou o amigo presidiário em bilhete: “Faça chegar dinheiro à campanha de Weverton Rocha”.

O também presidiário e amigo de Lula, segundo a revista, é o político paulista Valdemar Costa Neto, que comanda o Partido da República (PR) e tem tentáculos no Ministério dos Transportes. Dizem que ele mandou lá durante o governo Lula, no governo de dona Dilma Rousseff e continua mandando no governo Michel Temer.

Fala-se que o preço do deputado maranhense foi avaliado em R$ 6 milhões. O dinheiro foi transportado de jatinho, como acontecia antes nos tempos do mensalão e do petrolão – que Lula não sabia – e serviu para comprar o deputado federal e candidato ao Senado.

Até aí, nenhum surpresa, porquanto prática conhecida do PT, que Lula não sabia. O que surpreende é a contumácia de Lula e, sobretudo, o objetivo da compra do vendável deputado e candidato ao Senado: abandonar o apoio a Ciro Gomes – que nada mais é do que um lulista enrustido e traído pelo próprio Lula – e passar a apoiar Haddad, ventríloquo de Lula, o que o deputado comprado fez imediatamente, que não é de ferro,  tendo em vista tanto dinheiro.

Ironia: o dinheiro que Lula pagou, por intermédio do amigo presidiário, para o candidato maranhense trair Ciro foi transportado num avião marca Cirrus. Uma coincidência que mais parece código.

“Dinheiro por onde passa amolece”, dizia o sábio nordestino e paraibano José Cavalcanti, que costumo citá-lo neste espaço. Este escrevinhador costuma citar os sábios, os inteligentes, os experientes.

Assim, no Maranhão, o dinheiro amoleceu o vendável deputado Weverton Rocha, que mudou de lado e hoje – parece – é Haddad roxo, apesar de ser do PDT, partido do presidenciável ex-governador cearense Ciro Gomes.

A imprensa lulista e os blogs que o apoiam ficaram silentes, talvez estupefatos e nada comentaram sobre o fato de o ex-presidente, mesmo preso, continuar cometendo as mesmas práticas reprováveis da época do mensalão e do petrolão, que ele nunca ouviu falar.

Não importa se o deputado comprado é do Maranhão ou de outro estado, mas vale aqui o registro: Lula da Silva corre o risco de ficar com a boca torta de tanto usar o cachimbo da malandragem.

Lula precisa gostar mais do Brasil e menos dos políticos. Quem gosta do Brasil não precisa se vender. Quem gosta do Brasil não precisa comprar votos.

araujo-costa@uol.com.br

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