Os equívocos da campanha de Haddad

A propaganda eleitoral do candidato Fernando Haddad parece ter optado pelo vale tudo, o que, definitivamente, não é bom.

As práticas conhecidas e mirabolantes do PT não são louváveis no que tange ao uso dos serviços de marqueteiros, que ditaram o norte de suas campanhas, nem sempre favoráveis à civilidade e à ética política.

Assim deu-se na campanha presidencial de 2014. Dona Dilma Rousseff disse o que os marqueteiros mandaram dizer e deu no que deu: cometeu estelionato eleitoral.

O próprio Lula da Silva reconheceu os erros cometidos pela propaganda eleitoral do PT – e disse isto publicamente – erros que, mais tarde, vieram desaguar no impeachment.

A mentira tem pernas curtas, diz a sabedoria popular. Se dona Dilma tivesse falado a verdade na campanha eleitoral de 2014, possivelmente não teria sido defenestrada do poder. Ela alardeou tudo aquilo que não se sustentava na verdade, com o intuito de ganhar a eleição.

Deu certo eleitoralmente, mas não deu certo moralmente. Os marqueteiros do PT foram presos, porque ganharam rios de dinheiro oriundo de propina, para mandar dona Dilma mentir. E ela obedeceu candidamente.

Em 2018, a propaganda de Haddad, para o segundo turno, tem apelado para imagens fortes e ilustrativas de torturas, atribuindo-as à predileção do candidato adversário Jair Bolsonaro.

Duplo equívoco: tortura no Brasil faz parte do passado distante da ditadura e hoje é crime hediondo e imprescritível em nosso ordenamento jurídico; nenhum candidato sensato incluiria a defesa de torturas em sua linha de pensamento governamental. Seria preso.

Tentar colocar na cabeça do eleitor que o adversário é adepto da tortura depõe enormemente contra a inteligência dos idealizadores da campanha de Haddad. Isto prejudica o próprio candidato petista, que certamente pensa de modo diverso.

A população sabe diferenciar a mentira da verdade. Pensar que o eleitor embarca em qualquer canoa é ingenuidade.

Não custa nada acrescentar que as Forças Armadas não admitem, por óbvio, bater continência para eventual presidente eleito contra a lei, contra as regras democráticas, ao arrepio dos ditames legais e com base em eleições sustentadas em ofensas desnecessárias às instituições.

Não podemos esperar de nossos militares do Exército, Marinha e Aeronáutica que sejam coniventes com armações de quaisquer campanhas, que distorçam a realidade constitucional, com o intuito tão-somente de ganhar a eleições com base na mentira.

Mais seriedade, PT. Mais juízo.

As campanhas eleitorais devem ser limpas e sérias. Devem espelhar as intenções dos candidatos e suas propostas em benefício do Brasil e não se fundarem em acusações, em mentiras, em subterfúgios.

É preciso respeito à hierarquia, à disciplina, à ética, à verdade, ao Brasil, à Pátria, aos símbolos nacionais.

Em 25/07/1966, a esquerda explodiu uma bomba no saguão do aeroporto dos Guararapes, em Recife, causando duas mortes e quatorze feridos. A bomba era destinada ao então ministro do Exército, marechal Arthur da Costa e Silva, anos depois presidente da República, mas atingiu fatalmente um jornalista funcionário do governo de Pernambuco e um vice-almirante.

Naquele dia, o ministro Costa e Silva participava de atos no prédio da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), mas não foi envolvido no atentado, para decepção dos autores da ação tresloucada.

Durante a ditadura militar, houve inúmeros atentados praticados pela esquerda da época, que resultaram em mortes, mutilações, traumas, et cetera. Muitos da esquerda que participaram dessas iniciativas reprováveis estão aí vivos, muitos deles mamando nas tetas do serviço público, como sonhavam.

O resto da história e da escuridão pela qual o Brasil passou anos seguidos todos conhecem.

Não podem o PT e o PCdoB, agora, se valerem de imagens ilustrativas e até fotos de ambientes de tortura, simplesmente por uma razão simples e inegável: a esquerda também matou e fez barbaridades contra inocentes.

E se o lado adversário mostrar também as imagens dessas barbaridades perpetradas pela esquerda?

Mais: a lei de anistia de 1979 valeu para todos, tanto da esquerda quanto da direita.

Desenterrar isto com a finalidade de ganhar eleição é, no mínimo, uma burrice incorrigível.

Fernando Haddad não merece ser envolvido em tamanha insensatez e deve conversar com esses radicais inconsequentes, que cuidam de sua campanha, sob pena de manchar sua biografia definitivamente, em nome de tresloucados do PT, PCdoB e aliados.

Ainda há tempo.

araujo-costa@uol.com.br

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