Brasil: o PT cavou a própria derrota

O Brasil escolheu Jair Bolsonaro para seu trigésimo oitavo presidente da República no período 2019-2022.

Capitão da reserva do Exército, o novo presidente é graduado pela respeitada Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), de Resende (RJ), cérebro do ensino militar. Seu concorrente Fernando Haddad é graduado pela também respeitada Universidade de São Paulo (USP), instituição de peso no ensino do Brasil.

Não houve surpresa no resultado da eleição. A vitória de Bolsonaro era esperada nos bastidores e ambientes politizados e bem informados de São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro.

Em São Bernardo do Campo, berço político de Lula da Silva, padrinho político de Haddad, até as moscas sabiam que a derrota do candidato petista era favas contadas, não em razão do candidato em si, que é um bom rapaz, mas pela pouco caso que o PT fez dos brasileiros quando ocupou o poder, dilapidando os cofres públicos vergonhosa e acintosamente.

O PT desdenhou dos brasileiros ao fazer cara de paisagem na campanha, como se os graves erros que cometeu tivessem de ser engolidos pela sociedade, subservientemente.

Sequer pediu desculpas à sociedade. Sequer pediu outra chance aos brasileiros para voltar ao governo da República. Sequer teve a humildade de dizer que errou.

O PT engasgou-se com a própria arrogância.

Cientistas políticos, comentaristas de televisão, jornalistas, blogueiros e influentes líderes nacionais não podiam admitir a derrota de Haddad antecipadamente, por uma questão ética e para não ferir os princípios do bom jornalismo. Primeiro fazia-se necessário ouvir a voz última das urnas, o veredicto da vontade popular.

Até eleitores tradicionais do PT decepcionados com o lulopetismo passaram a exigir mudança. Compreensível. O surrado discurso do PT (“o Brasil feliz de novo”) não colou, porque petistas conscientes e aliados de sempre sabiam que se tratava de embuste com o intuito de ganhar a eleição. Abandonaram o barco.

Não se sabe por que o slogan “o Brasil feliz de novo”. Não se sabe sequer, se o País foi feliz algum dia. Com o PT no poder certamente não foi. Está provado.

Petistas mais arraigados não notaram que o barco estava à deriva. Uns por convicção, outros por fanatismo e outros tantos por ainda estarem pendurados em benesses, posições, cargos, salários e vantagens que o partido e aliados lhes viabilizaram.

Esses continuaram na contra mão da história e defendendo ferozmente o partido, ao contrário dos petistas pragmáticos, aqueles que laboram no terreno da seriedade partidária e preferem andar ao lado da verdade. São muitos, felizmente.

Diga-se a verdade: há muitas pessoas decentes no PT. Nem tudo está perdido.

O PT aliou-se ao PCdoB, que ainda acredita em Papai Noel. O comunismo acabou aqui e no mundo ou está se extenuando, mas pretensos idealistas insistem que ele ainda existe e governará os povos.

As matrizes do comunismo se dissolveram. Hoje o comunismo é tão somente uma teoria ultrapassada. Não há como passar da teoria à prática.

A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) se desfez para não perder o bonde mundial; Cuba massacrou sua população de fome, restrição de direitos e atraso e hoje está saindo aos poucos do sufocante casulo em direção ao mundo; a China abraçou o capitalismo e disputa o mercado internacional com outros países, para não se isolar do mundo consumidor, que é a mola do desenvolvimento. São apenas alguns exemplos.

As atentas jornalistas Marina Dias e Catia Seabra,  da Folha de S.Paulo, captaram o estado de ânimo de Haddad, em forma de desabafo, num momento da campanha eleitoral.

Visivelmente nervoso, antes de uma entrevista à televisão, Haddad disse a um assessor preocupado, que queria saber o que estava acontecendo: “Minha vida está fácil: só me pediram para entrar no lugar do Lula, ganhar a eleição, tirá-lo da cadeia, arrumar a economia e depois voltar a ser Fernando Haddad”.

De outra feita, em confidência a um amigo, Haddad desabafou: “Se eu ganhar, o mérito será do Lula. Se eu perder, a culpa será minha”.

Haddad estava certo. Mas fraquejou ao aceitar ser marionete de Lula da Silva, ajoelhar-se seguidamente aos seus pés no presídio, obedecer a suas ordens e rebaixar-se diante dos brasileiros. Virou ventríloquo.

Um dos pontos baixos da campanha de Haddad foi quando ele declarou que, se eleito, subiria a rampa do Palácio do Planalto em companhia de Lula, que seria seu conselheiro.

Parece razoável entender que essa declaração lhe tirou milhões de votos. Espezinhou a sociedade e isto não lhe caiu bem. Como os brasileiros poderiam aceitar que um presidiário, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, preso e cumprindo pena, pudesse ditar as normas do governo da República?

Haddad demonstrou fragilidade, ausência de vontade própria, servilismo, caráter duvidoso. Sua liderança se ofuscou em meio à fumaça da malandragem petista. O eleitor notou isto e Haddad passou a ser conhecido como “pau mandado” de Lula. A imagem grudou.

Mais: parte de graúdos dirigentes do PT não queria Haddad. Ele sempre foi um estranho no ninho petista e até chegou a sinalizar que sairia da agremiação, após a derrota na eleição de 2016, quando não conseguiu se reeleger prefeito da capital de São Paulo e o PT lhe abandonou. Sustentou-se no partido porque Lula o queria lá para lhe servir quando e onde precisasse, o que acabou acontecendo. Haddad caiu na esparrela.

O primeiro sinal de derrocada do PT foi nas eleições municipais de 2016. As urnas foram cruéis com o partido naquele ano em todos os estados. O PT deu de ombro, fez de conta que não era com ele. Está pagando o preço da arrogância.

O PT escolheu sua derrota em 2018 bem lá atrás, quando, no governo, abandonou seus princípios estatutários e igualou-se aos demais partidos políticos tradicionais e corruptos, comprou deputados (mensalão), chafurdou na lama da corrupção (petrolão), somou-se ao fisiologismo e trilhou o caminho da mesmice vivida pelos políticos durante séculos.

O povo viu, compreendeu, deu o troco.

Mas o PT cavou a própria derrota.

Post scriptum:

Confesso que não consigo vislumbrar a importância do apoio de Joaquim Barbosa, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, à candidatura de Haddad. A imprensa deu grande destaque. Joaquim Barbosa é advogado, ex-presidente do STF. Nada mais. É incapaz de mudar os rumos de uma eleição presidencial no penúltimo dia da campanha. Tem apenas o seu voto, que é secreto e por isto não se sabe se votou mesmo em Haddad.

araujo-costa@uol.com.br

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