O inoportuno Guilherme Boulos

“Nada acentua mais a autoridade do que o silêncio. Nenhum grande feito foi realizado pela loquacidade” (Charles de Gaulle, 1890-1970)

O invasor de propriedades Guilherme Boulos sofre de verborragia em estado avançado.

Disputou a eleição presidencial de 2018 e amargou 0,58% dos votos válidos do primeiro turno, o que significa que os brasileiros não lhe dão crédito. Ocupou o ridículo 10º lugar entre os concorrentes.

Entretanto, nem ao menos se fecharam as urnas, o senhor Boulos está indo às redes sociais insuflar os brasileiros a cometerem desatinos contra o presidente eleito Jair Bolsonaro.

Certamente não será ouvido, tamanha sua insignificância, a julgar pelos votos que obteve nas urnas de 07 de outubro.

A insensatez do senhor Boulos é tanta, que não lhe permite enxergar que oposição se faz a quem está no poder. É prematuro chamar o povo às ruas neste momento, sem razão plausível, porquanto a posse do eleito dar-se-á somente em janeiro.

Contesta-se o que está errado ou não se aceita por questões razoáveis. Por enquanto, existe uma expectativa de poder, que somente se completará com a posse do eleito.

Ir para as ruas agora, como quer o senhor Boulos, significa ir contra a maioria que escolheu o presidente e não contra o escolhido.

É um desrespeito a quem votou diferente do senhor Boulos. Não há outra explicação que se aproxime da razoabilidade.

Despreparado e inoportuno, Boulos ainda se diz democrata. Ele precisa ler mais os compêndios de ciência política, para aprender que democracia não se compatibiliza com radicalismo.

Ser democrata é, basicamente, conviver com os contrários, saber respeitar a decisão da maioria.

Oposição se faz com debates de ideias na ocasião própria e não se valendo de baderna.

O senhor Boulos fala em democracia a todo instante e diz acintosamente que a pratica. Sofre de verborragia. Falta-lhe conteúdo responsável, útil, aproveitável.

Como ser democrata uma pessoa que não respeita a vontade das urnas?

Como ser democrata um sujeito que invade bens particulares, lixando-se para o direito de propriedade assegurado a todos os brasileiros pela Constituição da República?

Como ser democrata um suposto líder que, embora rico, usa a boa-fé de pessoas humildes, prometendo-lhes moradias, com o intuito de se destacar politicamente?

Pelo que se vê, o senhor Boulos aposta na confusão e não na democracia, talvez por ser incapaz de ostentar voz de liderança respeitável.

O senhor Boulos se arvorou líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), desafortunados que não têm onde morar.

Não se tem notícia de que o senhor Guilherme Boulos já mostrou a esses desafortunados a casa e o bairro onde mora em São Paulo. Certamente está longe de ser um sem teto.

Encerradas as eleições presidenciais de 2018, somente duas lideranças se destacam no cenário nacional como capazes de fazer oposição ao presidente Bolsonaro: Ciro Gomes e Fernando Haddad.

Ciro Gomes, porque é líder por excelência e Haddad, porque saiu fortalecido da disputa presidencial, não obstante o descaso que lhe fizeram lideranças do seu próprio partido.

Guilherme Boulos não se situa nessa expectativa de opositor respeitável. É um zero à esquerda, em se tratando de oposição séria. Não sabe negociar, ponderar, discordar, qualidades essenciais a quem faz oposição séria.

Os estrategistas políticos americanos têm uma máxima: “as pessoas às vezes se cansam de ouvir um político falar e é sensato que ele se retire de tempos em tempos da arena pública para, quando voltar, suas palavras adquirirem impacto muito maior”.

Seria bom para os ouvidos de muitos brasileiros que o senhor Guilherme Boulos se retirasse por algum tempo do cenário político. Quem sabe voltaria mais maduro e mais sábio, qualidades que hoje lhe faltam.

araujo-costa@uol.com.br

Deixe um comentário