Assaltos na BR 116: falta governo, sobra descaso.

Bahia e Pernambuco jogaram a toalha. Não conseguem negar a vergonhosa ausência de atuação governamental no que concerne à segurança pública em algumas áreas nevrálgicas de seus territórios.

Bandidos tomaram conta de diversos trechos da BR 116, mormente na chamada Faixa de Gaza, que compreende o trevo de Ibó, município de Abaré, no território baiano e o outro famigerado trevo, que abrange o município pernambucano de Cabrobó e se estende por Salgueiro e circunvizinhanças.

Não é de hoje que caminhoneiros e usuários daquela estrada, de modo geral, sofrem e reclamam dos constantes e violentos assaltos e os governos de ambos os estados dão de ombro, como se não fosse atribuição deles cuidarem da segurança pública na região.

A população daqueles municípios e todos que trafegam por lá estão atônitos, assustados, desamparados, abandonados, ao deus-dará.

Meliantes colocam pedras, pedaços de madeira, miguelitos e toda sorte de obstáculos sobre a pista, com o intuito de atrapalhar o tráfego e oportunizar a prática de assaltos até, com frequência,  na modalidade arrastão.

Em decorrência dessa prática criminosa, esses assaltantes já causaram inúmeros acidentes, alguns com mortes. Fortemente armados, assaltam à vontade, impunemente, porque contam com o descaso dos governos estaduais.

É sabido e inegável que os agentes da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Militar são insuficientes, embora façam o possível para evitar a ocorrência da criminalidade na região, mas falta-lhes apoio dos governos estaduais.

Por se tratar de uma rodovia federal, a Polícia Rodoviária Federal também se faz presente na região, mas com as naturais dificuldades, inclusive de efetivo.

Com tanto descaso dos governantes, a ação preventiva da polícia torna-se fragilizada e ineficiente, inobstante a abnegação e conhecida dedicação desses policiais.

A divisa dos estados da Bahia e Pernambuco, região também conhecida como “Polígono da Maconha”, está infestada de meliantes que lá encontram guarida, exatamente em razão da ausência de ações enérgicas desses relapsos governantes.

Os assaltos acontecem também e frequentemente na rodovia estadual BA 210, que liga os municípios de Juazeiro a Paulo Afonso e passa pelos territórios de Curaçá, Abaré, Rodelas e Glória.

Há anos, as ações criminosas vêm acontecendo a qualquer hora do dia ou da noite, porque onde falta autoridade sobram malfeitores.

Não obstante assaltos acontecerem em grande quantidade nos municípios baianos de Chorrochó, Abaré e Macururé, que abrangem a chamada Faixa de Gaza do sertão, tem-se notícia de que há caso em que o Boletim de Ocorrência foi elaborado em Euclides da Cunha, porque esses municípios não dispõem de estrutura próxima aos locais dos fatos.  Pelo que se vê, os municípios retro aludidos não estão preparados para enfrentar tais situações, sequer para viabilizarem a elaboração de boletins de ocorrência.

Se isto não for descaso do governo da Bahia, presume-se que tem outro nome: falta de responsabilidade ou, no mínimo, negligência em seu dever de cuidar da população.

Em quadro assim, é razoável entender que até os agentes de segurança que cuidam daquele trecho da BR 116 estão correndo perigo, máxime por duas razões: efetivo insuficiente e armamento em desvantagem com o usado pelos meliantes, geralmente abastecidos pelo tráfico de entorpecentes.

É seguramente certo que muitos desses delinquentes perigosos, que atuam na região, estão homiziados na zona rural daqueles municípios, mas o policiamento disponível não consegue alcançá-los, excetuados alguns casos eventuais.

Como se vê, as populações dessa região estão desamparadas, incluídos os usuários da BR 116, da BA 210 e estradas vicinais da Bahia e de Pernambuco.

Falta vigilância, falta policiamento ostensivo, falta governo, sobra descaso.

Todavia, Bahia e Pernambuco avaliaram muito bem seus governadores nas últimas eleições, reconduzindo-os a seus cargos, o que autoriza a entender que eles vão bem. A população é que vai mal.

araujo-costa@uol.com.br

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