A novela do museu do Lula, em São Bernardo do Campo, parece se encaminhar para o fim.
A Justiça Federal autorizou a troca da finalidade do equipamento público por uma fábrica de cultura que, honestamente, não sei bem o que diabo é isto.
Acontece que, desde o início em 2012, a obra enfrentou problemas. Idealizada por Luiz Marinho, ex-ministro e amigo pessoal de Lula da Silva e à época prefeito de São Bernardo do Campo, a construção se transformou em dor de cabeça.
O Ministério Público Federal enxergou o desvio de, pelo menos, R$ 7,9 milhões de recursos públicos, além de superfaturamento.
A obra havia sido orçada em R$ 18,3 milhões. O dinheiro acabou com a construção ainda no esqueleto e o prefeito pediu mais R$ 4,5 milhões ao Ministério da Cultura, que negou.
Surgiu outra situação grave: o Ministério Público descobriu que um dos sócios da construtora licitada para cuidar da obra era um desempregado que, no contrato social, participava do capital da empresa com R$ 10,4 milhões.
Procurado, o coitado do desempregado, presumivelmente laranja, declarou que nunca teve construtora na vida e não sabe do que se trata tanta riqueza atribuída a ele, que nunca viu.
O PT conseguiu que o homem ficasse rico sem saber, embora continuasse pobre e desempregado. É uma simbiose que só o PT consegue fazer. Coisa de gênio.
Resultado: a Justiça Federal mandou prender quatro secretários de Luiz Marinho, que também foi indiciado e ainda não conseguiu explicar a maracutaia. Ele diz que é inocente. Eu acredito que seja.
Luiz Marinho disputou a eleição para governador de São Paulo em 2018, mas amargou o quarto lugar. Perdeu inclusive em São Bernardo do Campo, onde mora e foi prefeito por oito anos.
São Bernardo do Campo é o berço do deslumbrado Partido dos Trabalhadores (PT). Agora, com a senadora Gleisi Hoffmann na presidência nacional, o partido está em queda livre. Se tirarem ela de lá, o PT melhora, volta a crescer. Qualquer um que colocarem lá é melhor do que ela.
Segundo o ex-prefeito e idealizador do equipamento, o prédio destinar-se-ia ao Museu do Trabalho e do Trabalhador. Como se vê, uma genialidade. Certamente lá seriam colocadas algumas réplicas de máquinas industriais antigas e fotografias do início da fase industrial paulista.
Entretanto, dizem os entendidos em desconfianças, que o então prefeito Luiz Marinho queria mesmo era prestar uma homenagem ao seu padrinho político e amigo Lula da Silva de quem foi ministro duas vezes.
Convenhamos, Lula merece um museu para expor suas megalomanias, mas pago com seu dinheiro e não com dinheiro público. Ele poderá fazê-lo a qualquer tempo.
Todavia, neste mesmo São Bernardo do Campo, quem precisa de atendimento médico fica nos corredores do Ponto Socorro Central da cidade e nas UPAs e UBSs da vida, em macas improvisadas, por falta de leitos hospitalares.
Pior: não faltam somente leitos. Falta tudo, inclusive remédios e decência.
Pujante, São Bernardo do Campo não disponibiliza atendimento médico decente aos seus habitantes. Nem o fará tão cedo, pelo andar da carruagem.
Os R$ 18,3 milhões que Luiz Marinho empregou no museu eram suficientes para construir no mesmo lugar um hospital, uma escola ou mesmo uma creche para pessoas carentes.
O melhor Museu do Trabalhador é uma aposentadoria digna para cuidar de sua velhice e não ostentação dessa envergadura, cara e inútil.
De qualquer forma, o museu do Lula, que Luiz Marinho dizia que não era do Lula, não será mais museu e muito menos do Lula. Por enquanto.
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