O Ministério Público Federal em São Paulo exagerou ou os tempos mudaram mesmo.
A Lava Jato apresentou mais uma denúncia contra o ex-presidente Lula da Silva que, em resumo, baseia-se no seguinte:
Empresário brasileiro controlador do grupo ARG pediu para Lula interferir junto ao amigo e presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, no sentido de viabilizar a contratação de sua empresa para construção de estradas naquele país da África Ocidental.
Há documentos tratando do assunto, segundo dizem as investigações.
Conforme a denúncia, fechado o negócio com a República da Guiné, o empresário interessado deu a Lula, em contrapartida, por intermédio do Instituto Lula, a quantia de R$ 1 milhão.
O Ministério Público apresentou o recibo que vai reproduzido abaixo.

A acusação do Ministério Público entende que se trata de lavagem de dinheiro.
A vultosa quantia seria pagamento ao ex-presidente Lula da Silva, por tráfico de influência, que teria simulado doação a seu instituto.
Salvo engano, este é o primeiro caso de suposta lavagem de dinheiro em que o recebedor da propina passa recibo.
Isto faz presumir o seguinte: ou o Ministério Público Federal exagerou na denúncia ou a assessoria de Lula da Silva é ingênua de mais da conta.
Receber dinheiro ilícito e dar recibo é simplesmente hilário. Mas o recibo existe. Consta na denúncia. Resta saber se provém de ilicitude.
Cabe agora a Lula provar o contrário. Ou dizer que nunca viu o empresário do grupo ARG e que não sabe quem é o ditador da Guiné Equatorial.
Diante do ineditismo do caso, é possível que Lula seja absolvido dessa acusação de lavagem de dinheiro.
Receber propina e passar recibo só pode ser folclore político ou piada.
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