“A reeleição é mais uma oportunidade que o povo dá ao político para ele errar de novo” (José Cavalcanti, Patos-PB, 1918-1995)
Com o passar do tempo e o consequente avanço da idade, algumas coisas vão surgindo em nosso dia a dia. No meu caso, cresceram-se a barriga e a incapacidade de engolir asneiras de políticos demagogos.
O governador reeleito da Bahia, Rui Costa (PT), culpou os governadores anteriores ao primeiro governo de seu padrinho político Jaques Wagner pelo déficit da previdência estadual.
Conforme o governador, o déficit da previdência gira em torno de R$ 4,8 bilhões. Em 2022, a projeção é que alcance R$ 8 bilhões. A saída, ainda segundo o governador, é aumentar a contribuição dos servidores já a partir de março de 2019, se a Assembléia Legislativa aprovar ainda este ano.
Se o governador pedir, a Assembleia Legislativa aprova. Ele conta com 43 dos 63 deputados que ganham, em média, R$ 157 mil por mês e certamente não estão muito preocupados com déficit previdenciário de servidores.
Rui Costa até se valeu das catacumbas e lá foi buscar o falecido ex-governador Antonio Carlos Magalhães para culpá-lo pela quebradeira da Bahia.
Sua Excelência disse que “o estado tira da receita corrente para pagar o déficit”.
Ora, se Jaques Wagner encontrou o caixa da previdência com saldo zero, como Rui diz, e “o estado tira da receita corrente para pagar o déficit”, a lógica faz pressupor que o déficit foi gerado nos governos petistas e teria diminuído nesses anos de “eficientes” administrações petistas.
Mais: se o caixa estava zero quando o PT assumiu e hoje tem déficit de R$ 4,8 bilhões, significa entender que os governos anteriores não podem ser responsabilizados pelo déficit ou, no mínimo, os governos petistas nada fizeram para contê-lo ou evitar.
O governador assegurou que Jaques Wagner pegou o caixa da previdência com saldo zero, mas não explicou porque nesses 12 anos ininterruptos que ele e Jaques Wagner administraram a Bahia – ou fingiram que administraram – não conseguiram mudar ou, pelo menos, melhorar a situação.
Pelo jeito, Rui Costa vai precisar de um plantio gigantesco de peroba.
À semelhança de dona Dilma Rousseff nas eleições de 2014, Rui Costa fez a campanha eleitoral da reeleição mostrando somente as supostas qualidades de seu governo e escondendo a realidade da Bahia, que agora, depois de reeleito, começa a mostrar. Está cheirando – ou fedendo – malandragem política.
O governador Rui Costa foi reeleito em outubro, no primeiro turno, com 75,5% dos votos válidos. Ele convenceu mais de cinco milhões de eleitores que a Bahia vai bem.
Todavia, não há surpresa em Rui Costa convencer os baianos que a Bahia virou um paraíso com o PT no governo. Surpresa é saber que os baianos acreditarem nele.
Salvo engano, Rui Costa falou essas baboseiras todas em entrevista ao radialista e ex-prefeito de Salvador Mário Kertész, na rádio Metrópole, mesmo espaço onde Lula da Silva disse que basta dar dez reais a um baiano, que ele sai por aí, alegre, pulando, votando a torto e a direito.
Uma tremenda sacanagem do Lula com os baianos. De qualquer forma, a Bahia continua sendo um feudo petista.
Sou baiano e vivo numa pindaíba danada, mas – convenhamos – Lula pegou pesado com a gente.
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