“Nessa questão de corrupção, que gente nossa fez bobagem está claro” (Jaques Wagner, em entrevista à Folha de S. Paulo, 09/12/2018)
A Bahia aos pedaços
O governador da Bahia, Rui Costa, está procurando culpados para justificar o estado de penúria em que se encontram as finanças do estado, que ele ajudou a destruir em 12 anos de governos petista.
Rui Costa recuou 28 anos e ainda foi buscar o ex-governador Antonio Carlos Magalhães no cemitério, para jogar-lhe a culpa pelo fracasso petista. Disse que ACM fez um concurso na década de 1990, não nomeou, há consequências disto, et cetera e tal.
Salvo melhor juízo, o governador já encaminhou à Assembleia Legislativa projeto com o intuito de aumentar a alíquota da contribuição dos servidores de 12% para 14% para, segundo ele, diminuir o déficit da previdência estadual, que só agora, depois de reeleito, ele diz que é astronômico. Coisas do PT.
Todavia, quando se trata de interesses do PT, a história é outra: recentemente o governador liberou R$ 127 mil ao MST para o movimento realizar um encontro em Salvador. Já contratou uma empresa, a Forte Frios, para fornecer alimentação aos petistas festeiros. Serviço de bufê de primeira linha.
Diz o governador Rui Costa que a Bahia está financeiramente quebrada. Então, é tempo de austeridade e não de financiar encontros de movimentos políticos.
A Bahia pensando
O senador eleito e ex-governador Jaques Wagner, diante do óbvio, reconheceu que o PT “fez bobagem”, ou seja, praticou atos de corrupção.
Este escrevinhador sempre disse que Jaques Wagner seria o candidato ideal para disputar a presidência da República em 2018, em substituição a Lula da Silva, que até as moscas sabiam que não podia ser candidato. Wagner é experiente e sabe jogar.
Bem que Lula tentou, mas Jaques Wagner não quis. Deixar o certo – a eleição garantida ao Senado – pelo duvidoso, não parecia sensato para o ex-governador. Deu certo.
Jaques Wagner é o único petista que admitiu os erros do PT, até agora. Os demais figurões do partido, inclusive Lula da Silva e os fanáticos em geral, dizem que nunca houve um partido tão honesto no Brasil.
Se Fernando Haddad, que se destacou como marionete nessa eleição presidencial de 2018, tivesse seguido a linha que Jaques Wagner sempre defendeu e admitido os erros do PT, talvez o resultado da eleição fosse outro. Na campanha do PT faltou humildade e sobraram arrogância e ingenuidade.
O Brasil aguardando
O respeitado jornalista Juca Kfouri, experiente e esquerdista até a alma, adotou uma frase no final de suas entrevistas: “Desesperar jamais!”.
Juca Kfouri tem um estilo sóbrio, ponderado e, sobretudo, cauteloso. Ouve mais do que pergunta. É um dos poucos profissionais da imprensa que sabe escutar.
Há uma fumaça de escândalo no ar: o caso do deputado estadual fluminense e senador eleito, Flávio Bolsonaro (PSL).
A imprensa noticiou que um assessor daquele parlamentar movimentou em sua conta bancária, nada menos do que R$ 1,2 milhão. O assessor também é membro da Polícia Militar do Rio de Janeiro.
Convenhamos, tratando-se de um assessor, essa quantia foge aos padrões de costume, excetuando-se a hipótese, também possível, de que ele tenha robusta vida financeira estranha às atividades política e policial, até porque não é proibido ser rico.
Mais: consta que esse assessor depositou na conta da futura primeira-dama do Brasil, a quantia de R$ 24 mil, que o presidente eleito, pai de Flávio Bolsonaro, apressou-se em dizer que se trata de pagamento de um empréstimo anteriormente feito ao policial-assessor.
Se empréstimo ou não, o caso precisa ser explicado. Embora se trate de operações anteriores à eleição de Jair Bolsonaro, é inquestionável que esse episódio respingou politicamente no presidente eleito. Política é isto.
Os opositores de Jair Bolsonaro já entraram em campo. Independentemente de se tratar de possível caso de corrupção envolvendo a família do novo presidente, os radicais de oposição correm o risco de atraírem para si as chamas do incêndio.
“Quem tem rabo de palha não pode passar perto do fogo”, diz a sabedoria popular.
A senadora e deputada federal eleita Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, já entrou em campo. Espalhafatosamente. Corre o risco de pegar fogo e levar o marido junto à fogueira: ambos estão enrolados até o pescoço em casos de corrupção. Há processos tramitando na Justiça sobre isto.
O governo a ser empossado em janeiro está abarrotado de neófitos, mas como diz Juca Kfouri, “desesperar jamais!
O Brasil segue em frente.
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