O ministro Marco Aurélio apequenou-se

Coincidências que nada ajudam.

Semana passada, a senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, sinalizou que Lula da Silva seria solto antes ou por volta do Natal, não se sabe com base em quê ela amparou tais informações.

19/12/2018: horas antes do Judiciário entrar em recesso,  o ministro Marco Aurélio Mello mandou soltar, pelo menos, 169 mil presos em todo o Brasil, inclusive, por tabela, Lula da Silva. A conta do Ministério Público chega a 240 mil.

48 minutos depois da decisão do ministro Marco Aurélio – isto mesmo, 48 minutos – os advogados de Lula entraram com pedido de alvará de soltura do ex-presidente, uma celeridade impressionante;

Todos tinham pressa: o ministro Marco Aurélio, o PT e os advogados de Lula da Silva, que em 48 minutos tomaram conhecimento da decisão, redigiram o pedido de soltura e protocolaram na Justiça Federal de Curitiba;

Não deu certo. Não podia dar certo.

Horas depois, o presidente do Supremo Tribunal Federal derrubou a liminar inexplicável do apressado ministro Marco Aurélio, por duas razões: a decisão contrariou entendimento do próprio STF sobre o tema (prisão após condenação em segunda instância) e, mais, o assunto já havia sido pautado para julgamento pelo plenário do tribunal em 10/04/2019, fato já do conhecimento do ministro Marco Aurélio, obviamente. Portanto, não havia pressa para sustentar uma medida liminar, como alegou Marco Aurélio.

A decisão de Marco Aurélio foi tomada atendendo pedido do PC do B, partido da vice na chapa petista de Haddad e histórico aliado do PT.

Não se tem conhecimento de que o PC do B tenha se preocupado, antes, com as centenas de milhares de presos sem voz, que definham nos desumanos presídios brasileiros.

Coincidência demais. O ministro Marco Aurélio apequenou-se.

Já vimos filme parecido: a decisão do desembargador plantonista do Tribunal Regional Federal, em Porto Alegre, que mandou soltar Lula da Silva, num domingo, às pressas, atendendo pedido de três deputados petistas, um dos quais seu amigo.

Também não deu certo. Não podia dar certo.

Depois, os ministros do STF querem que os brasileiros acreditem no Judiciário. Com as honrosas exceções, está difícil acreditar.

A vaidade e o atabalhoamento de magistrados, em alguns casos, chegam a ser assustadores.

A impressão que o ministro Marco Aurélio deixou no episódio inusitado é a de que as coisas sérias no Brasil não estão sendo tratadas com a seriedade que exigem. O episódio beira à esculhambação.

O experiente ministro Marco Aurélio não precisava cavar este vexame e impor tamanho desgaste ao Supremo Tribunal Federal e a seus colegas.

Apequenou-se desnecessariamente..

araujo-costa@uol.com.br

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