O PT e outros partidos políticos

O Partido dos Trabalhadores (PT) padece de crise moral, assim como as demais agremiações partidárias inseridas em nosso contexto democrático: MDB, PSDB, PDT, PP, et cetera, para  citar apenas algumas.

Não há exceções neste emaranhado de simulacros de partidos. A ideologia que defendem é o abocanhar do dinheiro público em benefício da vaidade de dirigentes, protegidos e membros graduados.

Está aí o bilionário Fundo Partidário que gira em torno de R$ 2,6 bilhões. A lei o define como “o fundo especial de assistência financeira aos partidos políticos”.

A única exigência para que os partidos recebam dinheiro público é que tenham estatuto registrado no Tribunal Superior Eleitoral e prestem contas regularmente à Justiça Eleitoral. E só. O que eles fazem com o dinheiro, pouco importa.

Gastam com regabofes, jatinhos, viagens nababescas, hotéis, bebidas caríssimas e outras inacreditáveis coisas mais.

Como se vê, basta ter estatuto registrado para qualquer partido político encher suas burras de dinheiro público, mesmo que seja tão somente um arcabouço jurídico para habilitar-se no contexto democrático.

Não há outro critério.

Aí surgem aventureiros e oportunistas que fundam agremiações insignificantes, nanicas, imbecilizadas, travestem-se de dirigentes partidários bem intencionados e saem, por aí, atabalhoadamente, arrebanhando filiados.

Há aproximadamente quarenta partidos políticos no Brasil, todos recebendo dinheiro público. Pelo menos, em tese.

O que eles fazem em benefício do Brasil? São parasitas que abrigam aventureiros nas urnas. Quando eleitos, esses aventureiros compõem o Congresso Nacional e lá  passam a expor suas demagogias.

E ainda, por vezes, formam quadrilhas para afanar dinheiro público, a exemplo dos já conhecidos casos descobertos pela Polícia Federal e Ministério Público.

Contudo, relativamente ao PT, é inegável que o partido foi fundado com propósitos louváveis, porque assim pensavam seus abnegados fundadores. Entretanto, muitos deles abandonaram o barco quando perceberam que estava à deriva e rumando em sentido contrário às convicções que defendiam.

Com o passar do tempo, o PT foi-se desviando de seu ideário e descambou para a vala comum dos demais partidos inchados de inescrupulosos, aproveitadores, mentirosos, meliantes.

Deu no que deu: Lula da Silva, sua maior liderança, vai-se caindo no despenhadeiro das incertezas jurídicas e, seguramente, decepcionou parte dos brasileiros que nele acreditavam.

Mesmo laborando por hipótese de que Lula da Silva possa ser absolvido, em fase recursal, em todos os processos, não há mais como ele e o PT recuperarem a credibilidade do patamar anterior aos governos petistas.

A presidente nacional do PT, destemperada e radicalmente engajada na tentativa de desmoralizar as instituições nacionais, mormente Poder Judiciário, Polícia Federal e Ministério Público, vomita impropérios a cada vez que abre a boca. É um mau exemplo.

Isto vem prejudicando membros do partido, inclusive o ex-presidente Lula da Silva, estrela de maior grandeza, que aos poucos vem moralmente se apagando.

O PT sabe disto. Entretanto, não pode exteriorizar sua derrocada, para não desencorajar a militância e admiradores. Faz um discurso inverso, sem base fática, difícil de convencer, às vezes delirante.

Em consequência, a cada dia fica mais escancarado que o PT não prima pela verdade, mas por tudo aquilo que lhe interessa, principalmente dinheiro e poder.

O partido foi ávido por cargos em todos os níveis e posições da República, mas se descuidou de seu maior patrimônio: a ética.

Em 10/02/1980, o PT já nasceu errado. Foi fundado nas dependências do tradicionalíssimo e centenário Colégio Nossa Senhora de Sion, frequentado pela elite quatrocentona paulistana. Naquele dia, ali tinha de tudo, menos trabalhadores.

O inventário de 39 anos do PT apresenta um amontoado de resultados abomináveis, entulhos de radicalismo e, sobretudo, a falta de compromisso com a ética, que tanto defendeu.

Todavia, o PT não está isolado neste imbróglio de desfaçatez e lama. Estão aí os outros partidos políticos que lhe fazem companhia, igualmente desmoronados sob o ponto de vista ético. São aliados espertos, comparsas, malandros, velhacos.

A explicação para tudo isto é simples: o PT abandonou o caminho que idealizou e abraçou o fisiologismo, a avidez por posições e cargos, a ânsia pelo poder, o radicalismo, o apoio a ditaduras cruéis.

Não podia dar certo.

No próximo mês de fevereiro, o PT comemora aniversário de 39 anos.

Aniversário triste, macambúzio, insignificante.

araujo-costa@uol.com.br

 

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