Notícia alvissareira foi anunciada pelo vereador do PT de Chorrochó, Luiz Alberto de Menezes (Beto de Arnóbio), quanto ao Colégio Maria Dias Sobrinho, de São José.
Ameaçado de fechar as portas, as autoridades encontraram um meio termo para evitar o iminente desaparecimento daquela escola de São José que – parece – perdeu o nome e passou a ser, estritamente, anexo do tradicional Colégio Estadual São José, da sede do município.
Autoridades locais, alunos e sociedade em geral certamente vão lutar pelo restabelecimento do nome do colégio, mesmo na condição de anexo. A supressão afeta a cultura, as tradições locais e o respeito à comunidade.
Entretanto, pelo menos, as lideranças locais evitaram, por enquanto, grande transtorno aos alunos e familiares, inclusive da zona rural.
Fechado o colégio, os estudantes teriam que se deslocar de São José até a sede do município, em condições adversas, inclusive expostos à violência nas estradas, tão comum na região, a fim de assistirem aulas. Uma insensatez, um desrespeito.
A atuação do vereador Beto de Arnóbio foi providencial no sentido de assegurar o direito da população de São José e manter a estrutura do ensino lá.
Nesta empreitada, o vereador Beto de Arnóbio contou, segundo ele, com a colaboração de outras lideranças de Chorrochó, colegas vereadores e também o secretário municipal de Educação.
O vereador e os que ajudaram foram bem sucedidos.
São José cresceu – ou tentou crescer – com a colaboração possível de pequenos agricultores que viviam, como ainda hoje, da cultura de subsistência.
O pequeno comércio de São José persistiu e, de certa forma, se desenvolveu com a colaboração do homem do campo.
A população de São José mantém a altivez e a decência, apesar das adversidades. Seus habitantes enfrentam o sol escaldante, porque o clima lá é cruel, quente, árido, extremamente difícil.
Comum entre os becos empoeirados de São José, mais do que pessoas, eram o caminhar das cabras e o tilintar de seus chocalhos, assim como porcos e galinhas.
São José tinha um líder político que sempre lutou por sua gente: Boaventura Manoel dos Santos.
Vereador por diversos mandatos, com altivez e extrema dedicação, contou sempre com o apoio incondicional de seu povo, que o mantinha na Câmara Municipal de Chorrochó para ser sua voz, seu refúgio, sua retaguarda.
No que pode, Boaventura cuidou de São José, diuturnamente. Para isto, contou com a ajuda e solidariedade de outro líder político de Chorrochó: Dorotheu Pacheco de Menezes.
Ambos viabilizaram a professora “formada”, como se dizia à época, Maria Dias Sobrinho, dando-lhe oportunidade para morar no povoado, ensinar, abrir o caminho para as crianças seguirem em direção ao futuro. São José precisava disto.
A professora Maria Dias Sobrinho era uma criatura humilde, reflexiva, responsável. Deixou a semente para a juventude de hoje. E o exemplo de luta que não pode se apagar.
O Colégio Estadual Maria Dias Sobrinho permitiu esperança aos jovens de São José, estímulo para o prosseguimento da caminhada e, sobretudo, o fundamento para a construção do caráter, espinha que deve nortear a vida de todos nós.
Nenhum horizonte será possível se faltarem a persistência e a vontade de seguir avante. E só a escola é o caminho certo.
Conheci Maria Dias Sobrinho, assim como eu, nascida na caatinga, ainda no início do exercício de sua profissão de mestra, enfrentando dificuldades de toda ordem, até mesmo para receber o salário. Ainda assim, lutou, sofreu, ensinou, enfrentou a solidão do lugar. Tudo era muito difícil.
Salvo engano, o Colégio foi fundado em 1981 e, após trancos e barrancos, autorizado a funcionar somente em 2005. Hoje está ameaçado e às voltas com o descuido das autoridades.
Pelo que se vê, faltaram condições básicas para o exercício de suas atividades, faltou apoio permanente ao seu corpo docente e aos alunos, sobrou omissão do Poder Público.
São José é um lugar de pessoas humildes, dignas, resistentes ao tempo e às intempéries, mas merece respeito.
O núcleo de São José é um conjunto de casas simples e rodeado de vegetação da caatinga. Mas tem a semente para germinar o idealismo dos jovens, que sonham, continuam sonhando.
Neste particular, a professora Necy Gomes de Sá desempenhou papel importante para manter, pelo menos, a esperança da juventude de São José. Um baluarte.
É tempo de abrir e não de fechar escolas.
Mas a Bahia parece trafegar na contramão.
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