Está de volta o partido da mística “o preço da liberdade é a eterna vigilância”, fundado em 1945, para enfrentar a ditadura do Estado Novo.
O novo partido político, ainda em formação, pretende abrigar a direita nacionalista e o liberalismo econômico à semelhança da UDN de 1945, com ajustes óbvios, em razão das transformações sociais.
Trata-se de um novo partido com os mesmos princípios dos udenistas da era Vargas, cujos expoentes foram os governadores Juracy Magalhães (Bahia), Carlos Lacerda (Guanabara), Magalhães Pinto (Minas Gerais) e o tribuno e chanceler mineiro Afonso Arinos de Melo Franco.
A última grande eleição que a UDN participou foi o pleito presidencial que elegeu Jânio da Silva Quadros em 1960. Jânio não era udenista, mas aliou-se ao partido e foi por ele sustentado na disputa presidencial.
Daí em diante, a história é demais conhecida: vieram o período conturbado do presidente João Belchior Marques Goulart, o advento do movimento militar de 1964, o apoio à ditadura e, por último, sua extinção em 1965, por força do Ato Institucional número 2 (AI 2), editado pelo governo militar.
A nova UDN nasce forte, tendo em vista os ventos trazidos pelas eleições polarizadas de 2018, que definiram claramente onde se situam direita e esquerda nos dias de hoje.
Políticos que apoiaram o atual presidente Jair Bolsonaro, em campanha, já sinalizam a mudança para a nova UDN, a começar por integrantes sérios do PSL (Partido Social Liberal), partido que está demonstrando ser, não propriamente uma agremiação partidária, mas um invólucro para abrigar políticos corruptos.
Estão aí, embora não comprovados, os primeiros sinais de distribuição de dinheiro do fundo partidário pelo PSL para candidatos inviáveis eleitoralmente.
A dúvida é se o dinheiro foi destinado a candidatos forjados, os chamados “laranjas” e retornava ao bolso dos dirigentes do partido ou, se de fato, os candidatos eram de verdade, mas ruins de votos.
Em Pernambuco, uma candidata do PSL a deputada federal, que recebeu R$ 400 mil do fundo eleitoral três dias antes das eleições, obteve nas urnas apenas 274 votos. Vai ser ruim de voto assim no inferno!
As investigações determinadas pelo presidente da República certamente chegarão nalgum lugar.
O certo é que a direita estará politicamente bem representada, tendo em vista o ideário ostentado pela UDN, isto se seus dirigentes não se desviarem do caminho, como é comum nesse emaranhado de partidos políticos, reconhecidamente arapucas para aprisionarem dinheiro público em favor de picaretas profissionais.
A direita está se organizando partidariamente. Resta saber se tem estofo para enfrentar o barulho da esquerda no Congresso Nacional. Lá proliferam radicais, idiotas e corruptos de toda ordem.
A esquerda tem uma vantagem a mais: vem se organizando há décadas, está pulverizada em todo o território nacional e se estende das metrópoles aos pequenos municípios.
Na esquerda juntaram-se, em conluio, embusteiros de toda ordem: batedores de carteira do dinheiro público, dilapidadores de estatais e especialistas em ladroagem.
Todavia, concernentemente à UDN que surge, a esperança é que o partido acolha políticos sérios e preocupados com nosso combalida República.
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