Chorrochó: professora Maria Abigail de Menezes.

“Somos nossa memória, somos este museu de formas inconstantes, este amontoado de espelhos partidos” (Jorge Luís Borges, 1899-1986).

Atrevo-me a trazer esses fragmentos da memória e a lembrança da professora Maria Abigail de Menezes, cuja ascendência impoluta minhas limitações não me permitem acrescentar nada além. Ela está aí admirável para atestar sua linhagem familiar de probidade e honradez.

A professora Maria Abigail de Menezes foi casada com Ernani de Amaral Menezes, respeitável nome de sua geração. Ernani simbolizava a decência, a cordialidade e, sobretudo, o exemplo de caráter irrepreensível herdado do pai, Eloy Pacheco de Menezes.

Abigail e Ernani tiveram dois filhos: Fred Hermano de Amaral Menezes e Erbene Maria de Menezes, que trouxeram moldura encantadora ao existir do casal. Penitencio-me se, eventualmente, grafei os nomes com incorreções. A memória esburacada pode permitir gafes, distorções na narrativa e, mais do que isto, deslizes históricos.

A professora Maria Abigail de Menezes se formou em 1961 pela Escola Normal Nossa Senhora do Patrocínio e, a partir daí, salvo engano, dedicou-se ao ensino em Chorrochó.

Mais tarde graduada em Licenciatura Plena de História, a professora Abigail é um dos esteios que sustentou o ensino de Chorrochó e participou, como tal, do engrandecimento do município, mormente tendo em vista as conhecidas dificuldades do lugar naquele tempo.

Contudo, o meu atrevimento aqui é tentar reconstruir os fragmentos da memória, para situar a professora Abigail, em Chorrochó, ainda jovem, meiga, educada, atenciosa, essencialmente segura de seu papel na sociedade local.

Tê-la na conta das pessoas nas quais me espelhei para enfrentar as atribulações da vida, conforta-me. Para indicar o caminho a outrem basta o exemplo da amizade, basta saber ouvir, bastas saber lançar um olhar de compreensão e de bondade que Abigail soube fazer tão bem até hoje.

Ernani de Amaral Menezes construiu, com a professora Abigail, a fortaleza que lhes deu amparo e serviu de bálsamo para perfumar o ambiente da vida: os filhos – Fred e Erbene – e a seriedade profissional que Ernani e Abigail sempre ostentaram.

Plutarco, que andou contando a vida de figuras de Roma e da Grécia extasiou-se, numa quadra do tempo: “Que maravilhas não faz a memória na preservação e guarda do passado!”

O argentino Jorge Luís Borges dizia que “somos nossa memória, este amontoado de espelhos partidos”.

Esses pedaços de espelhos talvez traduzam aquelas pequenas coisas que nos alentam ao caminhar, em direção a novos horizontes.

Se o caminhar foi trôpego, não importa. Importam os passos que demos em direção ao futuro, sem abdicar das amizades que construímos, dos amigos que tivermos, das lembranças que nos confortam.

Neste particular, não me omito em citar nomes de pessoas que aprendi a admirá-las.

A professora Maria Abigail de Menezes, honra e glória de Chorrochó, é uma dessas pessoas que valeu a pena conhecer.

araujo-costa@uol.com.br

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