A história é longa, mas o espaço é curto. Então, um breve resumo.
O Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR8) foi um grupo guerrilheiro fundado na década de 1960, por militantes de esquerda, para combater o regime militar dos generais-presidentes.
A esquerda do Brasil combatia a ditadura, não porque quisesse um regime democrático em seu lugar, mas porque pretendia instalar, em substituição, outra ditadura, a chamada ditadura do proletariado, inspirada no modelo da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e Cuba, regimes tresloucados em evidência na época.
O insuspeito jornalista Fernando Gabeira e o médico sanitarista Eduardo Jorge, que chegou a ser candidato a vice na fracassada chapa presidencial de Marina Silva e ambos participaram ativamente de grupos de esquerda, são unânimes em afirmar que os esquerdistas não queriam democracia no Brasil, mas outra ditadura, desde que protagonizada por eles.
Pois bem. Um desses guerrilheiros do MR8– William Ali Chaim – passou pelo histórico Partido Comunista Brasileiro (PCB) e filiou-se ao Partido dos Trabalhadores.
No PT ele encontrou guarida, companheiros e lama pra chafurdar.
Aliado de José Dirceu e Rui Falcão, que presidiram o partido, o ex-guerrilheiro foi peça muito influente nas administrações petistas paulistanas de Luiza Erundina (1989-1992) e Marta Suplicy (2001-2004).
Investigado pela Lava Jato, o dito ex-guerilheiro apareceu como operador de propinas ofertadas ao PT pelas construtoras OAS e Odebrecht. Por suas mãos passaram, segundo as investigações, pelo menos R$ 22 milhões de propinas endereçadas ao PT.
Por esse propinoduto transitaram os marqueteiros e publicitários petistas João Santana e Valdemir Garreta e abrange a famosa Torre Pituba, um sofisticado prédio que os petistas inventaram em Salvador, financiado com dinheiro da Petros, o fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, segundo consta nas investigações.
Considerando-se o histórico do PT, até aí nenhuma novidade.
Estranho é um sujeito que lutou em grupo de guerrilha para implantar um regime de proletários no Brasil ter-se transformado num magnata de milhões de reais.
Pelo que se vê, trata-se de um hipócrita, que enganou seus companheiros de luta política na juventude.
Só da OAS – dizem as investigações – ele recebeu pelo menos R$ 2,9 milhões na condição de operador de propinas.
O homem entende mesmo de baixas classes sociais. Tanto que não quis fazer parte delas.
araujo-costa@uol.com.br