Em Patamuté, a imagem do descaso

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* Imagem colhida do grupo de WhatsApp “Patamute City”.

O antigo prédio da Escola Estadual de Patamuté está em ruínas.

Ou porque as autoridades que cuidam da Secretaria da Educação estadual o consideram obsoleto e desnecessário diante da atual realidade ou porque se trata mesmo de irresponsabilidade do poder público.

O prédio que sustentou, durante décadas, a educação primária de diversas gerações, hoje está abandonado. Situação degradante, aviltante, injustificável.

O município de Curaçá está silente diante da situação de descalabro, talvez por lhe faltar o amparo de algum convênio ou mesmo canais de comunicação com o governo do Estado.

A imagem do prédio deteriorado chega a ofender a dignidade dos filhos de Patamuté, estejam eles morando na localidade ou distantes.

Por lá passaram professoras que fizeram ou fazem parte da história de Patamuté e engrandeceram o lugar, a exemplo de Maria Vilani Brandão Leite, Ana Mendes Vital Matos, Adalzira de Souza Alcântara, Beatriz Gonçalves dos Reis Gomes, Maria Auxiliadora de Menezes Kawabe, Maria Mendes Callo (Nazinha), Cremilda Gomes de Sá, etc., para me cingir apenas a esses nomes em evidência a partir da década de 1960.

A Escola Estadual de Patamuté é símbolo da educação local e esteio do conhecimento de muitos que frequentaram o que chamávamos de “prédio escolar”. Na estrutura da Secretaria de Educação da Bahia, a escola de Patamuté pertencia ao Departamento de Educação Primária.

O declínio vem de muito tempo. O descaso também.

Deterioraram-se as mentalidades dos governantes, o que não chega a ser nenhuma novidade, caíram por terra suas responsabilidades e o dever de zelar pelo bem público.

As mudanças subsequentes no modelo de ensino público estadual não substitui o dever do Estado de cuidar do patrimônio histórico e das tradições do lugar.

Em 2011, o governo da Bahia regulamentou o Ensino Médio com Intermediação Tecnológica (EMITec), como alternativa pedagógica para atender a jovens e adultos em lugares onde, precipuamente, não havia oferta de Ensino Médio.

Em princípio, o mérito do programa foi abranger localidades de difícil acesso e distantes de centros urbanos onde se fazem presentes dificuldades de toda ordem, inclusive de transportes.

Além disto, objetivou abranger três vertentes: a observância da extensão territorial do estado, a carência de professores habilitados em localidades muito distantes dos centros urbanos e, por último, a diminuição das desigualdades socioculturais das populações. Como se vê, um programa louvável.

Com isto, os colégios estaduais de localidades com estrutura disponível para oferecerem educação básica e ensino médio passaram a ter extensões nesses lugares distantes e de difícil acesso.

Assim, aconteceu em Patamuté. Salvo engano, o ensino de responsabilidade do estado passou a ter, de início, uma extensão do Colégio Estadual Manoel Novaes, o que beneficiou sobremaneira a localidade.

Entretanto, o que não se justifica é o descaso, o abandono, o desrespeito com a história do lugar.

Patamuté pede socorro.

araujo-costa@uol.com.br

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