A Justiça da Bahia está com calor

Que crise? Isto é para pobres mortais.

A Bahia está enfrentando conhecidas dificuldades em suas finanças públicas. O governador diz. O povo sente e vê.

Todavia, o Tribunal de Justiça da Bahia não vê bem assim ou simplesmente não vê e homologou, em data recente, uma licitação para aquisição de 3,3 mil aparelhos de ar condicionado no total de R$ 10 milhões.

Mais do que isto. Em quatro anos, a partir de 2015, o Tribunal de Justiça da Bahia licitou 6 mil aparelhos de ar condicionado no total de R$ 23,6 milhões.

Fica difícil entender o desperdício. A Bahia, salvo engano, tem 203 comarcas e aproximadamente 800 unidades jurisdicionais, considerando que comumente uma comarca atende diversos municípios.

Contudo, difícil de entender mesmo, além do desperdício, é a justificativa do Tribunal de Justiça para a aquisição de tantos aparelhos de ar condicionado. Diz o Tribunal que a aquisição é para “o bom andamento da máquina pública”.

O pressuposto, então, é que as repartições públicas do estado que não têm ar condicionado não andam lá muito bem. Noutras palavras, trabalham e produzem pouco ou mal.

Pelo que se vê, a Justiça da Bahia está com muito calor, a julgar pela quantidade expressiva de aparelhos de ar condicionado que vem adquirindo ao longo dos últimos anos.

Os dirigentes do Tribunal de Justiça baiano precisam visitar o interior do Brasil. Nem precisam ir muito longe. Basta visitarem o sertão da Bahia. Eles verão que lá os mortais baianos enfrentam sol escaldante e, nem por isto, deixam de produzir, até mesmo a comida que chega nas fartas mesas de Suas Excelências.

Entretanto, para consolo dos brasileiros, não é só o Tribunal de Justiça da Bahia que joga fora o suado dinheiro do contribuinte.

É tradição gritante o divórcio entre o Poder Judiciário do Brasil e a realidade da população. Há casos indubitáveis que atestam que a Justiça vive de costas para o povo.

Agora mesmo, o Supremo Tribunal Federal, que deveria dar exemplo, vai comprar 14 veículos blindados para seus intocáveis ministros, por R$ 2,8 milhões.

Mais: o STF vai torrar R$ 2,3 milhões com aparelhos telefônicos. Pode?

Só na reforma do gabinete do ministro e presidente Dias Toffoli, o STF vai gastar R$ 443,9 mil. É um luxo só. Afinal, o contribuinte paga.

Enquanto as subidas Excelências do Judiciário esbanjam o dinheiro do contribuinte, grande parcela da população do Brasil está passando fome, inclusive na Bahia.

araujo-costa@uol.com.br

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