O barulho da esquerda e a incompetência da direita

“Eu também já fui esquerdista, essa espécie de gonorreia juvenil que a todos comete” (Roberto Campos, 1917-2001)

Roberto de Oliveira Campos, expoente do liberalismo econômico brasileiro, que foi presidente do antigo BNDS (1958-1959) e ministro do Planejamento (1964-1967) do presidente Castelo Branco, costumava dizer que na vida nunca se pode escapar do fascismo de esquerda, que insiste em desejar a volta do tempo pre-muro de Berlim. Ou seja, a esquerda é retrógrada, ultrapassada, incapaz de evoluir.

O exemplo mais claro é que ainda existem partidos políticos que se intitulam comunistas. Ora, o mundo já provou, sobejamente, que o comunismo definhou há décadas. O modelo de sociedade idealizada pelo comunismo falhou.

Todavia, ser esquerdista é uma praxe da juventude, uma inquietude que se opõe a tudo, mormente no meio estudantil. É próprio dos jovens. Faz parte dos sonhos, da utopia. Nessa época nascem as lideranças, boas e ruins.

Entretanto, já na maturidade, persistir na defesa de posturas ideológicas ultrapassadas não parece um pensamento sustentável.

No Brasil, como se sabe, não há seriedade política. Nunca houve. Os exemplos estão aí, aos montes.

Chega a ser risível a existência de partidos políticos que se denominam de esquerda, mas seus dirigentes adoram as mesmas práticas das elites conservadoras.

Por exemplo, o governador Flávio Dino (PC do B) do Maranhão, elitista que se diz comunista, há tempo numa entrevista, citou a Bíblia, Atos dos Apóstolos (4-32): “Da multidão dos que criam ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns”.

Noutras palavras, os comunistas pregam que as riquezas sejam distribuídas entre todos, desde que a riqueza seja a dos outros. Recorrem até à Bíblia, que não acreditam.

Perguntemos ao próprio Flávio Dino (que propõe a divisão de bens entre os miseráveis) e a outros esquerdistas barulhentos da moda, tais como Gleisi Hoffmann, Paulo Pimenta, Jaques Wagner, Lindbergh Farias, Ivan Valente, Humberto Costa, Jorge Solla, Alice Portugal, etc, onde eles moram, quais os carros e jatinhos que usam, as mordomias que desfrutam, os hotéis cinco estrelas nos quais se hospedam, os vinhos e uísques que bebem, os regabofes de que participam. Tudo à custa do dinheiro público.

Perguntemos ao invasor de propriedade Guilherme Boulos qual o bairro paulistano onde ele mora. Certamente ele se negará a dizer, mas sai por aí, engabelando os incautos, em cima de caminhões de som, alardeando que vai arranjar moradias para os pobres. Desde que a moradias sejam dos outros, evidentemente.

É constrangedor ouvir os discursos dos parlamentares de esquerda no plenário do Congresso Nacional. Acusam o governo atual, que está no poder há seis meses, de ser o responsável pelos milhões de desempregados e por todas as mazelas que a esquerda fez quando esteve no poder.

É constrangedor ouvir petistas se dizendo defensores da Petrobras, que eles dilapidaram.

Das duas uma: ou eles estão brincando com a inteligência dos brasileiros ou descambaram de vez para a esculhambação.

Na esquerda está faltando bom senso e responsabilidade. Sobra desfaçatez.

O mal sinal é que os líderes de esquerda não conseguem absorver o resultado das urnas de 2018.

E há um contrassenso nisto tudo: a esquerda, que esteve no poder durante anos, dilapidou os cofres públicos em benefício de agentes corruptos, perdeu a mamata e, por isto, resiste em não aceitar a voz das urnas.

Dizem que defendem a democracia, mas não aceitam a vontade dos eleitores.

Foi muito de repente a derrocada dos governantes inescrupulosos e corruptos acostumados a se pendurarem nos cofres públicos.

A direita, por sua vez, chegou ao governo desorganizada. Não sabe governar. Está visivelmente perdida e a razão é uma só: a direita somente consegue governar com normas legais fortes. É assim no mundo inteiro.

Entretanto, é da natureza da democracia a flexibilidade de seus instrumentos, em razão dos grupos de pressão que se pulverizam nas camadas sociais e lutam por seus direitos legítimos.

Governar na democracia exige sabedoria política e a direita está demonstrando que lhe falta essa sabedoria para poder conduzir os destinos nacionais.

Temos, portanto, uma esquerda barulhenta e uma direita incompetente.

araujo-costa@uol.com.br

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