Nordeste, preconceito e segurança presidencial

“Uma grande tarefa não se realiza com homens pequenos” (John Stuart Mill, filósofo inglês, 1806-1873)

Segurança presidencial I

No governo Michel Temer, tarde da noite, dirigindo o próprio carro, o empresário da JBS chegou ao Palácio do Jaburu, residência oficial do então presidente da República, declinou para a segurança que se chamava “Rodrigo” e, inexplicavelmente, lhe foi permitida a entrada.

A segurança presidencial não pediu nenhum documento do empresário, não exigiu qualquer identificação e permitiu a entrada do “Rodrigo”, que não era “Rodrigo”, mas Joesley Batista, o magnata dono do conglomerado JBS.

Pior: o visitante entrou com um gravador no bolso, que o serviço de segurança não detectou, gravou toda a conversa com o presidente da República e saiu, como entrou, sem ser incomodado ou, no mínimo, identificado.

A geringonça que o empresário carregava não foi detectada pela segurança presidencial, com todos os recursos mecânicos e eletrônicos hoje disponíveis.

Neste caso, foi um empresário que tinha relações com o poder, inclusive com Michel Temer. E se, ao contrário, fosse outra pessoa, com uma arma no bolso do paletó, com o intuito de assassinar o presidente da República?

Teria cometido o crime e a segurança simplesmente não saberia explicar, nunca encontraria razões para explicar, a não ser reconhecer a negligência que, no caso em exame, não resolveria a situação.

Argumentar-se-á: o empresário se dizia amigo do presidente, foi lá outras vezes, em horas diferentes, inclusive à noite. Ora, mas nesse caso, ele se passou por outra pessoa (Rodrigo) e, ainda assim, a segurança permitiu a entrada, o que piora a situação.

É piada? Não é.

Segurança presidencial II

Em recente viagem do presidente Bolsonaro ao exterior, o avião de apoio à comitiva presidencial fez uma escala de praxe na Espanha e no interior da aeronave as autoridades espanholas encontraram uma mala com 39 kg de droga pesada, transportada por um militar da Força Aérea Brasileira.

O episódio é estarrecedor, inaceitável, inexplicável, inadmissível. O presidente da República do Brasil não pode estar vulnerável assim. Um vexame para o Brasil.

Até a segurança de um prefeito dos cafundós do Brasil teria agido com mais responsabilidade e cautela.

Só para lembrar: o Palácio do Planalto dispõe de aproximadamente 1.000 agentes das Forças Armadas e Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) que cuidam da estrutura de segurança da presidência da República. Ainda assim, há essas falhas monumentais.

É piada? Não é.

Segurança presidencial III

Sexta-feira, 19 de julho. No café da manhã oferecido à imprensa estrangeira, em palácio, o microfone da TV oficial captou, antes da abertura do evento, uma conversa em off do presidente da República com o ministro da Casa Civil.

Primeiro, o microfone não podia estar aberto naquele momento, de modo a captar a conversa do presidente e, para isto, existe uma equipe técnica cuidando daquela parafernália; segundo, o serviço de segurança presidencial, inclusive de inteligência, estava ali e nada evitou, o que significa que a privacidade do chefe de Estado brasileiro está vulnerável.

É piada? Não é.

O Nordeste e a acusação de preconceito

O fato é que essa falha da incompetente assessoria palaciana resultou num quiproquó danado. Os governadores do Nordeste se sentiram ofendidos com a fala do presidente, a esquerda ejaculou idiotices e vislumbrou preconceito na fala de Bolsonaro contra os nordestinos.

Lorota. Chamar um governador de “paraíba” não é ofensa, mas uma honra. Nenhum brasileiro da Paraíba é menor que os demais brasileiros. O preconceito possivelmente está em quem se achou ofendido.

Quando cheguei em São Paulo, fui trabalhar em fábricas. Lá, dentro do ambiente fabril, todo e qualquer nordestino comumente era chamado de “baiano” ou “paraíba”.

Onde estava a ofensa, o preconceito?

O comunista governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), citado na conversa do presidente, sentiu-se ofendido e, por tabela, os demais governadores do Nordeste. Até distribuíram uma nota de repúdio ao presidente da República.

Acho que há assuntos mais importantes para os governadores do Nordeste tratarem em seus estados. Isto parece mais conversa de comadres.

Há tarefas urgentes, necessárias, em benefício do povo, que continuam à margem das prioridades daqueles governadores.

Mas os governadores gostam mesmo é de politicagem. Dá votos.

Os estados do Nordeste e os nordestinos estão acima de quaisquer impropérios, venham eles do presidente da República ou de qualquer outro destemperado.

Viva o Nordeste!

araújo-costa@uol.com.br

 

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