A representação da Bahia no Senado Federal

Em tese, a Bahia está razoavelmente representada no Senado da República.

Baiano de Ruy Barbosa, o médico Otto Alencar (PSD) foi governador do estado, beneficiado pela legislação eleitoral, que o colocou no Palácio de Ondina, por força da saída do titular.

Otto Alencar assumiu a governadoria em abril de 2002, em substituição a César Borges, que se desincompatibilizou para disputar uma vaga no Senado em dobradinha com o líder máximo da época, Antonio Carlos Magalhães. Na ocasião, exerceu o governo estadual por aproximadamente oito meses. Teve desempenho razoável e se habilitou para continuar na vida pública. Já havia exercido outros cargos públicos, inclusive de vice-governador.

Otto Alencar entrou em palácio elogiando o antecessor César Borges, no discurso de posse: “esse foi um governo que melhorou todos os indicadores econômicos e sociais”. Mais: “que 97% das crianças de 7 a 14 anos estavam na escola” (A Tarde, 06/04/2002).

O engenheiro Ângelo Coronel (PSD), baiano de Coração de Maria, rico e atrapalhado é o senador menos preparado para representar o estado, embora tenha exercido seis mandatos de deputado, salvo engano e presidente da Assembleia Legislativa. Conta com um aliado de peso, o governador Rui Costa, até aqui eleitoralmente imbatível nas urnas.

No Senado, nesses poucos meses de mandato, Ângelo Coronel vem se esforçando para aparecer na mídia nacional, mas está encontrando dificuldade. Quando está diante de um holofote fica em estado de êxtase. Chega a ser constrangedor. Bairrista típico, acha que a Bahia se resume em discursos populistas vazios.

O carioca Jaques Wagner (PT) é o político mais preparado. Petista histórico, com dois mandatos de governador, bem avaliado nas urnas em todos os municípios do estado, vem arrastando experiência desde a década de 1990, quando conquistou o mandato de deputado federal lastreado na vida sindical em Camaçari.

Jaques Wagner foi ministro em quatro oportunidades: ministro-chefe da Casa Civil, Ministro da Defesa, ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais e ministro do Trabalho e Emprego.

Bem articulado, sensato e sobretudo experiente, Jaques Wagner sabe amealhar líderes em todos os rincões do estado. Quiçá seja o único político petista com mandato legislativo que sabe pisar no chão, quer na Bahia, quer no Senado Federal, quer ao tratar de assuntos nacionais.

As investigações da Lava Jato estavam nos calcanhares de Jaques Wagner, mas foram obstaculizadas pelo foro privilegiado, em razão de sua eleição para o Senado e agora recuaram indefinidamente, tendo em vista que os procuradores da República em Curitiba caíram em desgraça.

A força-tarefa da Lava Jato no Paraná decidiu disputar com Deus e, óbvio, não deu certo.

Os procuradores da República jogaram a credibilidade das investigações no despenhadeiro e empurraram para a promiscuidade o então juiz federal Sérgio Moro com o beneplácito do magistrado e hoje ministro da Justiça e Segurança Pública.

Jaques Wagner deve estar pulando de alegria. Por enquanto se esquecem os escândalos da Fonte Nova e da Torre Pituba.

Olhando o retrovisor da história, a Bahia sempre teve grandes representantes no Senado Federal. São exemplos que orgulham os baianos: Aloísio de Carvalho Filho, Josapha Marinho, Luís Viana Filho, Pinto Aleixo, Pereira Moacir, Landulfo Alves, Otavio Mangabeira, Heitor Dias e Lomanto Júnior, dentre outros.

araujo-costa@uol.com.br

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