Angola e Brasil: lá como cá, a corrupção mata

“Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem de trinta anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem socorros, em pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada durante setenta e duas horas, para finalmente morrer de fome” (Fernando Sabino).

A República de Angola, na costa ocidental africana, proclamou sua independência do domínio de Portugal em 1975. É um dos países mais pobres do mundo.

Desde a independência, o partido político Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) implantou uma ditadura comunista e comanda o país até hoje. Lá o povo é pobre e os governantes são milionários, como comumente acontece nas ditaduras comunistas.

A filha do ditador José Eduardo dos Santos, que ficou no comando do país durante décadas e somente saiu em 2017, consta que é a mulher mais rica da África, com uma fortuna equivalente a 2,3 bilhões de dólares.

Pois bem. Esse senhor ditador José Eduardo dos Santos é amigo de Lula da Silva. Segundo a imprensa, Lula viabilizou que a Odebrecht participasse de obras naquele país africano. A construtora pagou R$ 166 milhões de propina ao núcleo mandante do governo de lá.

Por conta da maracutaia engendrada, Lula da Silva fez palestra lá e recebeu da Odebrecht meio milhão de reais, somente por uma palestra. Aliás, Lula andou se vangloriando, por aí, que cobrava mais caro por uma palestra do que o ex-presidente americano Bill Clinton. Mas não dizia como tanta fortuna entrava tão facilmente no seu bolso.

Sorte não podia ser. Só podia ser milagre divino.

De onde veio o dinheiro? Muito simples.

O dinheiro é do Brasil. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiou as obras em Angola e, segundo Antonio Palocci, amigo e ex-ministro de Lula, a Odebrecht repassou ao Partido dos Trabalhadores R$ 64 milhões por ter viabilizado esse maná.

O senhor Taiguara, sobrinho de Lula, que era um simples vidraceiro em São Paulo, participou de contratos milionários com a Odebrecht em Angola. Não se sabe a que título e qual sua contribuição de vidraceiro no empreendimento africano. Deve ter alguma especialidade que só é possível fazer em Angola.

Não precisa acrescentar mais nada. Os leitores são inteligentes.

A matéria é recorrente e está na Veja (edição 2.647 – ano 52 – número 33) e se refere a investigações conduzidas por autoridades da Suíça. Chama a atenção pela chamada. É gritante: “Negócios em Família: Lula e José Eduardo dos Santos: propina para combater a pobreza”.

Repetindo, para ficar claro: propina para combater a pobreza.

Enquanto isto, “um homem morre de fome, em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua” (Fernando Sabino).

No Brasil e em Angola, aqui como lá, a corrupção mata de fome, em nome do combate à pobreza e dos conchavos entre pessoas que têm o dever de exterminá-la.

“E o homem morre de fome. De trinta anos presumíveis. Pobremente vestido. Morreu de fome” (Fernando Sabino).   

Que Deus tenha piedade de todos nós. E da humanidade.

araujo-costa@uol.com.br

 

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