O poder que Sérgio Moro não tem. Mas o PT diz que tem.

“Um idiota com razão é tão perigoso quanto um gênio sem ela” (Guilherme Figueiredo, escritor e dramaturgo, 1915-1997))

Se confirmados os crimes que são atribuídos a alguns integrantes da presidência da República, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, Brasília não será mais a capital federal, mas um imenso e luxuoso presídio.

Sempre escrevo que o Partido dos Trabalhadores (PT) não deve ser acusado de tudo, embora deva ser acusado de muita coisa. Mas o PT tem a mania de acusar. Isto desde seu nascedouro na alvorada da década de 1980.

Diz o provérbio português que “o diabo é sábio por ser velho e não por ser diabo”. E o PT não é tão velho assim que possa ser o diabo de todo dia.

Todavia, tanto o PT quanto seus puxadinhos PSOL e PC do B, dentre outros arrogantes penduricalhos, têm o costume de sair por aí acusando todo mundo de tudo.

Só para lembrar: Lula da Silva, José Dirceu e outros próceres petistas, quando ainda não tinham caído em desgraça, foram os principais responsáveis pelo impeachment do presidente Fernando Collor de Melo.

O PT – diziam seus líderes – condenava a corrupção e por isto se transformou em algoz do deslumbrado presidente Collor. Diziam mais: suas lideranças eram honestas, honradas, irrepreensíveis, tinham conduta ilibada.

A história provou o contrário. Ou está mostrando.

Lula disputou com Collor a eleição presidencial e perdeu. Não considerava Collor adversário político, mas inimigo pessoal, tudo porque Collor jogou no ventilador a história da filha de Lula, que não vem ao caso aqui. Não me meto em assuntos pessoais de ninguém.

Pois bem. O PT ajudou a derrubar Collor. Tirou-o do poder e lhe pôs a nódoa de corrupto. Maior acusação: Collor havia se beneficiado com dinheiro proveniente de sobras de campanha e comprou um Fiat Elba com fruto da corrupção. Veículo popular que era utilizado nos serviços da residência particular do presidente.

Entretanto, quando Lula tomou posse do primeiro mandato em 2003, passou a viver nos braços de Collor que, por sua vez, passou a ser aliado de Lula diuturnamente. O amor é lindo e vergonha não é para todos.

Agora, o PT está acusando o ex-juiz federal Sérgio Moro, atual ministro da Justiça e Segurança Pública, de ter sido o responsável pela articulação do impeachment de D. Dilma, além de outras maquinações com vistas ao preparo do terreno para a eleição de Bolsonaro.

Convenhamos. O PT está delirando. É atribuir a Sérgio Moro um poder que ele não tem, nunca teve. Moro não tem cacife para voar tão alto, tanto que já se respingou de uma série de esculhambações incompatíveis com a dignidade de juiz.

Sérgio Moro é inexperiente politicamente. Pior: é ingênuo. Talvez não tenha lido sequer o Código Penal por inteiro e tampouco o Código de Processo Penal.

Partindo do pressuposto de que Sérgio Moro cometeu todas essas atrocidades ilegais de que está sendo acusado, via interceptações e vazamentos de mensagens, não é difícil concluir que ele faltou a muitas aulas na Faculdade de Direito. Talvez as mais importantes.

Enquanto estava investido da magistratura, Sérgio Moro pensava que podia tudo. Não podia. Ninguém pode.

O PT está atribuindo a Sérgio Moro a importância que ele não tem. O partido não perdeu a mania de acusar.

araujo-costa@uol.com.br

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