Chorrochó, tempo de Josiel

“Não se morre de saudade. Vive-se de saudades” (Joel Silveira, jornalista sergipano, 1918-2007)

José Calazans Bezerra (Josiel) nasceu em Quijingue, ainda município de Tucano e se mudou jovem para Chorrochó. Elegante, cabelos negros, boa pinta, sorriso fácil, educadíssimo, logo ganhou a simpatia de todos, ou de quase todos de Chorrochó.

Casou-se com Maria Menezes Mattos Bezerra, filha de Anna Mattos de Menezes (Quininha) e João Matos Cardoso e com ela constituiu uma família decente e honrada, incluídos aí os filhos José Calazans Bezerra Filho, Ana Maria Mattos Bezerra Brandão e Josiel Calazans Menezes Bezerra.

Todavia, isto é assunto longo para quem entende de história e este não é o meu caso.

A memória esburacada pode produzir o vexame de grafar nomes errados, confundir datas e misturar alhos com bugalhos. Corro o risco de arranhar os fatos e mutilar a história. É melhor deixar a tarefa para os entendidos.

Mas – e sempre há um mas – Josiel entrou na política, impulsionado pelos ventos oriundos de uma divisão interna no seio da família Menezes e se elegeu prefeito de Chorrochó com 1.888 votos apoiado pelos deputados estaduais José Bezerra Neto e José Eloy de Carvalho e de duas lideranças nacionais, ícones da política da Bahia, os deputados federais Manoel Cavalcanti Novaes, pernambucano de Floresta e sua esposa, a paulista Necy Novaes.

Município novo à época (1963/1967), Chorrochó vivia um clima saudável com um prefeito jovem, socialmente admirável.

Josiel cercou-se de nomes respeitáveis da sociedade chorrochoense, a exemplo de José Pacheco de Menezes (Deca), João Mattos Cardoso e Joviniano Cordeiro.

A Câmara Municipal deu-lhe folgada maioria com os vereadores Sebastião Pereira da Silva (Baião), Aurélio Alves de Barros, Lucas Alventino, Pascoal de Almeida Lima e seu cunhado Vivaldo Cardoso de Menezes.

Vivaldo era um senhor versátil, que entendia desde burocracia da fiscalização estadual até política de bastidores de Chorrochó, além de instrumentos musicais. Vereador atuante, presidiu a Câmara Municipal  e sustentou, com sabedoria, os altos e baixos da política local.

A administração de Josiel registrou alguns feitos compatíveis com as condições que o município permitia na ocasião: construiu uma barragem para abastecer a sede do município, iniciou a construção do Grupo Escolar Luís Viana Filho e do Posto Médico Francisco Pacheco (terminado na segunda administração de Dorotheu Pacheco de Menezes) e impulsionou o esporte local, além da conservação de estradas, prédios públicos e do campo de aviação.

Já fora da atividade política, Josiel manteve grande carisma junto aos munícipes, incompatível com o ostracismo a que se impôs voluntariamente. Simpático, atencioso, sensato, indispensável em qualquer reunião de amigos. Afastou-se de disputas eleitorais, embora nunca tenha se afastado de Chorrochó.

Quando podia, era assíduo frequentador e participante ativo da principal festa da cidade, a do padroeiro Senhor do Bonfim.

Pessoa admirável, Josiel também construiu a história de Chorrochó.

É salutar que os órgãos públicos municipais responsáveis pela sedimentação da história de Chorrochó não esqueçam de evidenciar o nome de Josiel, dando-lhe o destaque merecido na construção da sociedade local.

araujo-costa@uol.com.br

Uma consideração sobre “Chorrochó, tempo de Josiel”

  1. Boa tarde,
    Chegou ao nosso conhecimento sua publicação
    Chorrocho, tempo de Josiel .
    Fiquei emocionada ao ler .
    Quero registrar a minha gratidão pela sua citação referente ao meu querido pai. Considerei como uma linda homenagem àquele que tanto amou Chorrocho e continua amando , mesmo acometido pelo Alzheimer .
    Meu pai continua entre nós e mês passado completou 91 anos. Nós zelamos por ele com muito amor e carinho . Agradecendo diariamente pela sua existência.
    Meus sinceros votos de consideração e apreço.

    Curtir

Deixe um comentário