A Bahia e a liderança do governador Rui Costa

“Não tenho vocação para ser coruja que gaba o próprio toco” (Rui Costa)

O governador da Bahia, Rui Costa, concedeu entrevista às páginas amarelas da Revista Veja desta semana.

Sensato, o pensamento de Rui Costa parece distanciar-se do Partido dos Trabalhadores (PT), de que é filiado desde o início da agremiação partidária em 1980. É fundador do partido e fiel às suas ordens, por enquanto.

Líder inconteste na Bahia – em 2018 Rui Costa foi reeleito com mais de 75% dos votos válidos – discorreu sobre tudo que o PT sabe, mas não admite: “O maior desafio do PT é se reconectar com a sociedade brasileira”.

Rui foi mais além para ponderar, sabiamente: “É natural que a oposição, se tiver juízo, recolha o trem de pouso e deixe o presidente governar, até para não ganhar a antipatia da sociedade”.

Rui sabe que a antipatia da sociedade é maligna. Está aí o claro exemplo retratado no antipetismo de 2018, que entronou Jair Bolsonaro na presidência da República.

Os radicais do PT devem estar espumando com a entrevista do governador da Bahia. O que eles menos querem é a sensatez, a responsabilidade, o bem do Brasil. Querem mesmo é abarrotar seus bolsos de dinheiro público à custa dos brasileiros. Estão aí para provar, a Petrobras, a Odebrecht, a OAS e outros tantos conhecidos corruptores ativos.

Rui Costa admitiu, sem reservas, que “o certo era o PT ter apoiado o Ciro Gomes lá atrás”, em 2018. Admitiu que o PT não tinha chances de sair vitorioso nas urnas de 2018.

Por falta desse apoio, Ciro Gomes está magoadíssimo com Lula da Silva de quem foi ministro, espinafra o PT em toda oportunidade que lhe é possível e dá violentas estocadas nos radicais do PT, que o abandonaram e preferiram o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad, subserviente a Lula e, mais do que isto, seu fantoche.

Ciro Gomes sabe que o culpado disso tudo é Lula da Silva e não nega isto.

Na entrevista, Rui Costa demonstra claro descontentamento com o PT, a ponto de dizer que o partido precisa condenar os abusos da Venezuela e esquecer o “Lula Livre”. É uma estocada em Gleisi Hoffmann, destrambelhada presidente do PT, que é apaixonada pelos descalabros do ditador Nicolás Maduro. Até foi à última posse do ditador.

Bem informado, o governador da Bahia sabe que o PT está se esvaindo. Hoje o Diário do Grande ABC, de Santo André, traz uma informação preocupante: o PT encolheu 52,1% no berço do partido.

A última eleição interna do partido (PED) demonstrou que, em dez anos, o PT encolheu assustadoramente na região do ABC: em 2009 eram 13.567 militantes. No último domingo, esse número caiu para 6.495 militantes.

O presidente do PT em São Bernardo do Campo, casa e terreiro de Lula da Silva, deu uma violenta repreensão em seus correligionários por isto. Ficou feio. Muitos petistas não querem mais o PT. Só isto.

O fato é que o PT vem se desgastando junto aos próprios militantes, antes aguerridos. Ninguém, entre eles, acredita que Lula da Silva é inocente das acusações de corrupção.

Os petistas sentem-se traídos pela confiança que depositaram no ex-presidente. Isto é voz corrente no ABC paulista, em qualquer boteco e reduto de Lula.

Em 2016, o PT perdeu em todos os sete municípios do ABC. Sequer reelegeu o filho de Lula, que era vereador em São Bernardo do Campo. Constrangedor. Rui Costa está atento a tudo isto.

Em resumo: as maiores lideranças do PT estão na Bahia: Jaques Wagner e Rui Costa.

Se o PT tiver juízo, fica de olho neles. Um ou outro será o melhor candidato do partido para a disputa presidencial de 2022, mas Jaques Wagner pode não querer.

Fernando Haddad foi e será um fiasco. Exemplo claro é a recente caravana “Lula Livre”, que ele fez ao Nordeste. Em Recife, só compareceram admiradores dele e do PT. Ninguém mais.

Hoje, o governador da Bahia Rui Costa é a maior liderança do PT no Nordeste, região que vem sustentando os descalabros do partido.

Mas pode mudar.

araujo-costa@uol.com.br

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