De início quero dizer que prezo muito o senhor João Bosco Soares Santos. Leio suas postagens, o tanto quanto me é possível. Muitas delas sensatas, interessantes e respeitáveis. E não é só. Admiro sua estirpe, suas raízes, sua ascendência.
Estas considerações vêm a propósito do comentário do senhor João Bosco Soares Santos em 16/09/2019, no grupo de WhatsApp Notícia com segurança.
Agradeço sua lembrança: “Esse Walter, que eu já conhecia, apresentado por Iago Lívio, este alto servido da Caixa Econômica, filho do falecido vereador de Chorrochó, José Claudionor – o Nonô…”.
Sou admirador de Iago Lívio, assim como continuo sendo, “in memoriam”, de seu pai e meu amigo José Claudionor Menezes. Iago deve saber desta minha admiração por sua família, incluindo Socorro, exemplo de vida e decência.
Passaram-se décadas, mas minha admiração por Nonô perdurou.
Mas essa é outra história.
Possivelmente o artigo A Bahia e a liderança política do governador Rui Costa tenha sido meu único texto que o senhor João Bosco leu, pelo que agradeço e sinto-me honrado..
O senhor João Bosco disse ainda que sou “um puxa-saco dos condenados Lula e Zé Dirceu”.
Aqui está o seu gritante equívoco. Não sou puxa-saco de nenhum dos dois. Nunca fui.
Vi o Partido dos Trabalhadores nascer. Conheço Lula da Silva e José Dirceu, mas em nenhum momento de minha vida puxei o saco de ambos. Portanto, a expressão “ainda é um puxa-saco” não procede, ainda mais sem nenhum sustentáculo que a ampare.
Tenho amigos fundadores do PT, inclusive em São Bernardo do Campo. Não costumo misturar as coisas. Sou democrata. Eles têm o direito de ser petistas.
Portanto, senhor João Bosco, esclareço que nunca fui petista, mas sou democrata e, conseguintemente, respeito o direito de quem é. Mais: não sou filiado a nenhum partido político.
Na condição de advogado e não de jornalista, tenho argumentado que a prisão de Lula, após condenação em segunda instância, é inconstitucional. A Constituição da República não a autoriza. Há centenas de outros condenados na mesma condição de Lula da Silva que estão por aí, soltos, e até cometendo novos delitos. Bárbaros delitos.
O Supremo Tribunal Federal faz vistas grossas. O STF precisa encontrar uma saída para esse imbróglio: se mandar soltar Lula da Silva – e tem de mandar soltar logo, independentemente de outras eventuais condenações – terá que colocar milhares de outros presos na rua, muitos de alta periculosidade.
Ou a lei vale para todos ou estamos numa hipocrisia jurídica e democrática sem tamanho.
Sabemos que a lei não vale para todos, mas é o que está escrito nos compêndios jurídicos.
Foram alguns ministros do STF que, por vaidade, permitiram a prisão em segunda instância. O plenário do tribunal ainda não decidiu sobre essa barbaridade. Não se sabe por quê.
Quanto a José Dirceu, não há um só artigo meu em que eu o tenha defendido. Ao contrário, venho lamentando que, enquanto líder, ele tenha decepcionado milhões de brasileiros que nele acreditaram. Uma geração inteira.
Não sei, neste caso, onde está minha condição de “puxa-saco”, como diz o senhor João Bosco Soares Santos.
Se José Dirceu não tivesse sucumbido à corrupção, não teríamos em nossa história D. Dilma Rousseff como presidente. Hoje, pelo que se sabe, um ou outro daria na mesma.
Por fim, o senhor João Bosco diz que “para ser bom e respeitado escritor é preciso ser imparcial”.
Pois bem, senhor João Bosco. Nunca pretendi ser “bom e respeitado escritor”. Mas modéstia à parte, tenho primado pela imparcialidade, não obstante seu entendimento ao contrário.
Quanto ao artigo que o senhor questionou, não posso negar a liderança política do governador Rui Costa na Bahia. Negá-la, aí sim, seria parcialidade.
Aqui ou alhures, não fica bem negar a liderança do governador da Bahia, simplesmente por divergência ideológica.
Seria atentar contra nossa honestidade intelectual. O senhor sabe disto. Sabe muito bem disto.
No mais, agradeço por ter lido meu texto, embora tenha interpretado arrevesadamente.
Mas respeito o seu direito de interpretá-lo consoante sua visão política.
araujo-costa@uol.com.br