Chorrochó: tempo de lembrar

Lá das bandas de meu esturricado sertão, em data recente, o ilustre Thomaz Américo Júnior fez-me lembrar de distinto chorrochoense: Dr. José Evaldo de Menezes.

Salvo engano, Thomaz Américo Júnior é do belíssimo município baiano de Maraú, aquinhoado com belas riquezas naturais, na chamada Costa do Dendê. Aboletou-se em Chorrochó e cultiva uma saudável qualidade pouco admirada nos dias de hoje: gosta de fazer amizades.

É preciso que, às vezes, falemos algumas coisas, enquanto é tempo. É preciso porque, em certas ocasiões, surgem as oportunidades para isto. Se as oportunidades se vão, vão-se também os ímpetos que nos movem dizê-las.

Em outubro, acontece em Chorrochó o aniversário de um senhor espirituoso e muito hábil para enfrentar as derrapagens da vida: Dr. José Evaldo de Menezes.

Este senhor atingiu, em sua trajetória de vida, muitos degraus na estima de seus amigos, porque trouxe do berço várias qualidades, que todos admiramos: caráter irrepreensível, generosidade, persistência na defesa dos mais humildes e, sobretudo, uma tenacidade ímpar quando pretende justificar seus pontos de vista. O que é mais admirável é que seus argumentos convencem, amparam, completam, ensinam.

Esta é uma crônica de saudade.

Já se vão por aí algumas décadas, convivi com este preclaro Dr. Evaldo apenas alguns anos, porque o destino assim o quis. E teria convivido mais, prazerosamente, se as exigências do tempo não me tivessem impedido. Éramos um tanto jovens.

Ele por volta de trinta anos, já líder, inquieto com as condições sociais de sua gente, sempre atencioso, rodeado de amigos e admiradores.

Eu à época já insignificante, sem importância, como ainda hoje, ignorante diante do mundo, tão somente um espectador das circunstâncias. Querendo ser gente grande, que nunca consegui.

Nesta altura da vida e do tempo, não abandonei o remo, mas conduzo o barco cautelosamente, vagarosamente. As luzes do crepúsculo já não me convencem a persistir nos sonhos da juventude.

Naquele tempo, Chorrochó era uma sociedade em construção, impregnada de sonhos e perspectivas. Município novo, dominavam em todos nós o otimismo, a esperança, a vontade de antever novos horizontes.

Vi Dr. Evaldo, muitas vezes, discutindo situações de cunho social e apontando soluções para os desamparados, para os pobres, para os tristes. Melhor, vi-o resolvendo-as.

Hoje Chorrochó mudou, mudaram-se os valores. Difícil não se curvar diante das imposições do tempo. O Dr. Evaldo tem feito isto muito bem.

Dr. Evaldo é uma daquelas pessoas que a gente deve orgulhar-se de ter conhecido. E deve lamentar por não privar, diuturnamente, de sua amizade. Ele acrescenta, faz pensar, dá lições de humildade.

Líder autêntico, presente, esplendidamente justo. Amigo, sabe balizar, como poucos, a convivência em sociedade. E tem se portado muito bem, assim, sabiamente.

Houve um tempo em que nada acontecia politicamente em Chorrochó sem que Dr. Evaldo fosse consultado. Nasceu político, vivia a política, ainda vive a política ao seu estilo único, admirável, contemporizador.

Dr. Evaldo soube construir seu mundo de aconchego suficiente para abrigá-lo, incluída aí a família nobre: a mulher Elza Menezes e os filhos Larissa e Evaldo Segundo.

Contudo, o que preciso dizer hoje, além disto, é que o Dr. José Evaldo de Menezes é um sujeito digno, honrado, correto. É insigne, notável, desprendido. Parabenizá-lo pelo aniversário, embora tardiamente, é pouco, insuficiente.

Urge parabenizá-lo por sua existência.

A existência dos mestres deve ser sempre lembrada. Dr. Evaldo é um mestre das coisas da vida.

No mais, agradeço a Thomaz Américo Júnior pelos sinais de amizade.

araujo-costa@uol.com.br

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