09.11.2019, Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, São Bernardo do Campo.
Deputados da Bahia
O deputado federal Jorge Solla, da ala radical do PT da Bahia, protagonizou momentos de humorismo explícito. Enquanto Gleisi Hoffman, presidente nacional do PT, ia anunciando no palanque os nomes dos parlamentares do partido e políticos presentes, Jorge Solla se desesperava, porque sequer estava sendo notado.
Espremido do lado oposto do palanque, o desespero de Jorge Solla chegou a ser hilário e provocou gargalhadas dos presentes. Acenava para a presidente do PT, gritava e esperneava-se sem êxito.
Foi socorrido por um petista graúdo, que lembrou à presidente do PT que o deputado baiano estava presente.
Gleisi, então, citou o nome do insignificante deputado da Bahia, que não constava na lista de presença, embora desde cedo estivesse circulando no interior do Sindicato. Alguns petistas chegaram a confundi-lo com o ex-governador e senador Jaques Wagner, que não compareceu.
Ufa! Jorge Solla aliviou-se. Queria mostrar para os baianos que estava lá, no palanque, em São Bernardo do Campo, ao lado de Lula da Silva, uma forma de angariar votos dos incautos eleitores.
O deputado Valmir Assunção, de Itamaraju, também, da Bahia, sentia-se mais à vontade. Alegre que só pinto no lixo, líder do Movimentos dos Trabalhadores Rurais sem Terra, Valmir Assunção sentia-se em casa.
Centenas de participantes que recepcionavam Lula da Silva no sindicato e arredores eram dos movimentos sociais convocados pelo PT, de modo que o deputado baiano circulou, com desenvoltura, dentro e fora do sindicato.
Indiferença quanto à soltura de Lula
Tirante os helicópteros da imprensa e os admiradores de Lula da Silva reunidos em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, São Bernardo do Campo continuou como sempre se portou depois da derrocada moral do ex-presidente: indiferente. Mas os petistas dizem que ele voltou nos braços do povo.
Falha desnecessária de Lula da Silva
O conteúdo do discurso de Lula da Silva era esperado. Não houve nenhuma novidade. Quem conhece Lula de perto sabe que ele não faria discurso diferente.
Lula é demagogo e fala a linguagem que seus admiradores querem ouvir. Mas Lula cometeu uma gafe monumental. Mais do que uma gafe, uma ingratidão com árabes e muçulmanos que sempre o elogiaram.
Lula disse que o presidente Bolsonaro se reuniu com o príncipe Mohammad Bin Salman, vice-primeiro ministro e herdeiro do trono da Arábia Saudita, que mandou matar recentemente um jornalista em Istambul, na Turquia, e sumir com o corpo. Não precisava fazer essa referência desnecessária.
Qualquer presidente da República, de qualquer país, em viagem oficial, reunir-se-ia protocolarmente com o chefe de Estado ou de governo do país anfitrião e aí não se discute a conduta interna do governante.
A contradição é gritante. Lula da Silva visitou Cuba e se reuniu com Fidel Castro de quem era amigo, diversas vezes.
Fidel Castro mandou fuzilar dezenas de cubanos. Fidel Castro almoçou na residência de Lula da Silva, na Rua São João, em São Bernardo do Campo, quando em visita ao Brasil, mesmo Fidel Castro sendo um ditador sanguinário.
Como explicar a contradição de Lula da Silva?
Não há o que explicar. Lula é Lula, fala o que seus admiradores querem ouvir.
Qual a diferença entre visitar, em viagem oficial, o príncipe da Arábia Saudita, o presidente cubano ou outro governante?
Na ânsia de atacar o presidente Bolsonaro, Lula da Silva meteu os pés pelas mãos e, no mínimo, ficou arranhado com a Arábia Saudita. Quiçá com a comunidade árabe.
araujo-costa@uol.com.br