A mudança na cúpula do Judiciário baiano

Em 1955, o governador Luís Régis Pacheco Pereira, ao sair do governo da Bahia, deu um aumento de 25% para a Polícia Militar.

O comandante da corporação reuniu o alto comando com a finalidade de prestar uma homenagem ao governador que saía, em agradecimento pelo aumento concedido, mesmo porque Régis Pacheco não conseguiu fazer seu sucessor, já que seu candidato, Pedro Calmon, perdeu a eleição para Antonio Balbino.

Decidiu-se pela inauguração de um busto de Régis Pacheco, dentro da sala de comando. Mas o coronel Filadelfo Neves, ponderou:

– O busto está aprovado, mas precisamos pensar no futuro, porque virão outros governadores, outros aumentos, outras homenagens.

– Qual então, sua proposta? – quiseram saber os demais.

– Um busto com pescoço de rosca – foi a resposta do coronel Filadelfo.

A proposta do coronel foi aprovada. Assim, em outras homenagens, mudariam somente as cabeças. Uma maliciosa forma de agradar a todos.

Com a retirada forçada das candidaturas dos desembargadores José Olegário Monção Caldas e Maria da Graça Osório Pimentel Leal, afastados das funções judicantes pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que eram candidatíssimos à presidência do Tribunal de Justiça, abriu-se caminho para o bom senso, que prevaleceu.

Em 04/12/2019, foi eleito presidente o desembargador Lourival Almeida Trindade, de modo que há sinais claros de que a panela que se formou na cúpula do Judiciário baiano está se quebrando.

O atual presidente afastado temporariamente, desembargador Gesivaldo Britto, que fez parte dos quadros da gloriosa Polícia Militar da Bahia, certamente não reassumirá a presidência, mesmo porque não haverá tempo hábil.

O período de afastamento de 90 dias terminará em fevereiro, quando o novo presidente já terá tomado posse.

Na Polícia Militar da Bahia há uma placa assim, feita para homenagear o desembargador Gesivaldo Britto: “Aqui forjamos nosso caráter, nosso intelecto e o profissionalismo com honra, dignidade, coragem e disciplina”.

Nesse tempo de turbulência, esses dizeres devem servir de reflexão para o presidente afastado do Tribunal de Justiça, desembargador Gesivaldo Britto, que integrou os quadros da Polícia Militar.

Se foi feito algum busto em homenagem ao desembargador, deve ter faltado a ideia do pescoço de rosca.

Post scriptum:

O crédito da história da homenagem ao governador Régis Pacheco é do jornalista baiano Sebastião Nery, de Jaguaquara.

araujo-costa@uol.com.br

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