Chorrochó dá sinais de novos horizontes na política

“Não apresse o rio. Ele corre sozinho” (Barry Stevens, 1902-1985)

Carlos Alberto Libânio Christo (frei Betto), abalizado intelectual da esquerda católica do Brasil, mineiro, frade dominicano, jornalista, escritor, humilde, respeitado em todos os segmentos sociais, diz que a palavra “raposa”, em política, foi usada pela primeira vez por Jesus Cristo ao referir-se a Herodes Antipas, governador da Galileia.

Em 24.11.2019, neste mesmo espaço e com o título Em Chorrochó, tempo de construir trincheiras, este escrevinhador ponderava que hoje, parece razoável entender que a única força capaz de enfrentar a situação em Chorrochó é liderada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), tendo à frente o vereador Luiz Alberto de Menezes (Beto de Arnóbio) ou quem ele apoiar como protagonista nas próximas eleições municipais.

Agora o vereador Beto de Arnóbio sinalizou a expectativa de que Chorrochó terá candidato de oposição nas eleições municipais de 2020, mais especificamente do Partido dos Trabalhadores (PT).

Demorou, mas parece o caso de não apressar o rio. A oposição sinaliza que vai chegar à disputa eleitoral de Chorrochó em 2020. Espera-se que não seja um arremedo de oposição, reticente e tímida, como nas eleições passadas.

Apresentar candidato a prefeito seja ou não do PT, é o caminho natural da oposição em Chorrochó, se não quiser repetir os erros de sempre, ou seja, continuar desorganizada e recolher-se à insignificância após a abertura desfavorável das urnas.

Nota-se que há um cansaço da mesmice, da repetição, do situacionismo reiterado em Chorrochó. A oposição ainda não conseguiu preencher essa lacuna.

A história registra que nenhum grupo político alcançou sucesso quando a vaidade e o egoísmo de seus membros foram maiores do que os objetivos colimados pelo todo. Por isto, a oposição de Chorrochó não teve êxito nas eleições anteriores.

Supõe-se, em quadro assim, que os vereadores de Chorrochó que se dizem de oposição devem ter vislumbrado alguma credibilidade com a população capaz de construir um esteio para sustentar a disputa da eleição para prefeito do município.

Em Chorrochó, além dos vereadores de oposição, há outras lideranças que se abrigam em segmentos opostos ao prefeito, mas não atuam ostensivamente.

Entretanto, Chorrochó não teve, pelo menos nas duas últimas décadas, nenhuma tradição de antagonismo político, de modo que é muito difícil a oposição enfrentar o prefeito Humberto Gomes Ramos (PP), reconhecidamente uma “raposa” experiente, com redundância e tudo, mesmo que ele decline da disputa e indique outro nome.

O prefeito Humberto costuma dizer que faz parte de um grupo político, está à disposição do grupo e acata o que grupo decidir. Conversa de raposa política. O grupo a que ele se refere é ele próprio. É candidatíssimo, exceto se houver algum impedimento até lá.

De qualquer forma, é alvissareira a notícia de que a oposição de Chorrochó pensa em desenferrujar-se e sair às ruas expondo suas ideias e apontando caminhos que entende viáveis para a solução dos problemas que o município enfrenta.

A alternância no poder é um componente democrático saudável. Quem sabe, Chorrochó muda um pouco o entendimento político e apresenta outras alternativas à continuidade administrativa.

O povo fará a escolha. É o bastante. Tenham ou não raposas no caminho.

araujo-costa@uol.combr

 

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