“Revelar a arte e encobrir o artista é a razão de ser da arte” (Oscar Wilde, Dublin 1854 – Paris, 1900)
A imprensa vem abarrotando o noticiário com o destrambelhamento do ex-secretário de Cultura do Brasil, ao valer-se de frase e pensamento do ministro da propaganda de Hitler, para definir a arte brasileira, a partir desta década.
Imbecil e inaceitável o comportamento do dramaturgo e ex-secretário de Cultura Roberto Alvim.
O ex-secretário, que demonstrou inegável despreparo para o cargo, confundiu arte com artista. Mais: em princípio, tentou argumentar que não sabia a origem do texto, gravado por ele em vídeo, atribuindo-o a seus assessores. Inútil.
Como se vê, trata-se de um incompetente. Mais do que isto: arrogante, boçal, estúpido, grosseiro, desrespeitoso.
Qualquer estudante secundarista conhece aquele texto de Joseph Goebbels. O ex-secretário de Cultura do Brasil disse desconhecer. Então, deveria procurar outra profissão, mas nunca se habilitar para definir os rumos da cultura do Brasil.
Com assessores como o ex-secretário Roberto Alvim, o governo do presidente Bolsonaro não precisa de adversários. Sequer precisa de aprendiz de oposição.
O artista pode ser ideológico ou ideólogo, mas não se confunde com a arte. A arte não é nacional, municipal ou de qualquer governo, seja ele de direita ou de esquerda.
A arte é universal, não tem fronteiras, não se limita a ideologias. Existe por si só, independentemente de formuladores de opinião sobre cultura, quer sejam idiotas, imbecis ou ingênuos.
A defesa da arte não significa o extermínio de quaisquer pensamentos contrários, tampouco deve significar a adoção de práticas extremistas e abomináveis.
A cultura não pode adstringir-se a extremos, de direita ou de esquerda.
Errou ridiculamente o ex-secretário Roberto Alvim. Queimou sua já paupérrima biografia.
Só para lembrar: quando eclodiu o movimento militar de 1964, que implantou a ditadura no Brasil, o coronel Humberto de Melo, manda-chuva da “Revolução” na Bahia, lançou um manifesto que, dentre outros absurdos, exigia o fechamento das boates para salvar a moral da família e os bons costumes.
A atitude de Roberto Alvim, ex-secretário de Cultura do Brasil, demitido de suas funções pelo presidente da República, ao falar sobre a arte, que dela não entende, faz lembrar esses extremos.
No cemitério da Quinta dos Lázaros, em Salvador, na lápide de Carlos Marighella, ícone da esquerda do Brasil, assassinado pela ditadura em 06/11/1969 na Alameda Casa Branca, em São Paulo, o arquiteto Oscar Niemeyer estilizou a frase do líder esquerdista: “Não tive tempo de ter medo”.
Atos imbecis como este de Roberto Alvim despertam em todos nós, vigilantes da democracia, o sentimento unânime: não podemos ter medo.
Avante, Brasil!
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