Cidades vazias, cidades mortas

“Aprender a viver é que é o viver mesmo. Travessia perigosa, mas é a da vida” (João Guimarães Rosa, 1906-1967)

Nada há mais a dizer que possa acrescentar alguma coisa sobre o coronavírus que abala o mundo.

No Brasil, os governos em todas as esferas já expediram medidas, recomendações, normas e esclarecimentos para definirem os passos de suas populações, não obstante alguns desencontros de entendimentos entre eles. Virão depois apenas ajustes.

A imprensa tem sido diligente no dever de informar. Excetuam-se escorregões de poucos e tendenciosos setores de comunicação que se acham contrariados em seus interesses. Mas certamente esses setores se ajustarão ao momento e ao dever constitucional de bem informar a sociedade.

As pessoas estão afastadas entre si, mas solidárias, mutuamente preocupadas.

Dias difíceis em que vislumbramos somente incertezas.

Quaisquer palpites que eventualmente se possa fazer beira à irresponsabilidade, exceto as projeções que autoridades e profissionais de saúde fazem com base científica.

A efervescente região metropolitana de São Paulo está em silêncio. As cidades estão vazias, estão tristes, estão mortas. Assim nas demais regiões do Brasil, assim em algumas partes do mundo.

Debelar o coronavírus não está sendo uma tarefa fácil para a humanidade, porquanto a situação exige tempo, exige pesquisas e conhecimento científico, exige recursos tão escassos às nações nessa quadra do século.

Diante dessa catástrofe, precisamos aprender a viver, criar hábitos nunca vistos, impensáveis. É como se as pessoas estivessem vivendo a infância, a aurora da vida, aprendendo, em direção ao crescimento.

Entretanto, é desanimador ver políticos insensatos usando essa pandemia e a consequente miséria humana dela decorrente em proveito eleitoral. Assim, alguns governadores medíocres, pequenos, irresponsáveis, abomináveis.  

A permanência no poder para esses mentecaptos é mais importante do que cuidar de suas populações, mormente das classes socialmente desamparadas.

Não é momento de saber quem é de direita, de centro, de esquerda ou de qualquer lado. Não interessa o espectro político, não interessa a ideologia de cada um. Interessam a grandeza de propósitos, o dever, a responsabilidade.

“Travessia perigosa”, como disse Guimarãres Rosa.

araujo-costa@uol.com.br

 

 

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