O Brasil há 56 anos: não é preciso reescrever a história.

1964, 31 de março. O movimento político civil-militar derrubou o presidente constitucional João Belchior Marques Goulart (Jango) e deu início à ditadura que se prolongou por aproximados 21 anos.

João Goulart (PTB) foi eleito vice-presidente de Jânio Quadros nas eleições de 1960 e depois de alguns percalços assumiu em decorrência da renúncia de Jânio em 25/08/1961.

Naquele tempo, o vice-presidente era eleito na mesma eleição do presidente, mas em chapa separada e não seguia, necessariamente, a linha do candidato presidencial, nem havia impedimento para ser de partido político diferente ou contrário.

Jango, que havia sido vice-presidente de Juscelino Kubitscheck (PSD), fazia oposição a Jânio.

Jânio Quadros (UDN) disse algumas vezes que seu candidato preferido a vice-presidente era Fernando Ferrari (PDC) e não João Goulart. Jango ganhou.

Com o advento do movimento de 1964 e a queda de João Goulart seguiram-se os presidentes militares Castelo Branco, Costa e Silva, Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Batista Figueiredo. A Figueiredo coube formalizar e implementar a chamada abertura política lenta, gradual e segura idealizada pelo antecessor Geisel e que resultou na democracia que temos hoje.

É dispensável discorrer sobre 1964. Não é preciso tentar reescrever a história. Existem à exaustão inúmeros livros, depoimentos, teses de doutorado e mestrado e publicações de toda ordem no Brasil e no mundo, que atestam esses difíceis dias de escuridão no Brasil.  

Nada há a acrescentar, mas é preciso colocar à luz do tempo algumas posições extremadas de setores políticos nacionais, mormente agora em que os ânimos se encontram exaltados depois que a esquerda perdeu as benesses para a direita representada pelo presidente Bolsonaro nas eleições de 2018.

Se alguém resolver apalpar alguma parte do corpo de Lula da Silva corre o risco de pegar na mão do jornalista mineiro Kennedy Alencar. Lulista radical, Kennedy Alencar exagera na defesa do ex-presidente e de seus consectários políticos. Há razão para isto. O PT viabilizou a sustentação de suas ideias durante anos.  

Respeito é bom. Educação também. Civilidade idem.

Kennedy Alencar publicou em 31/03/2020, em seu blog, matéria chamando de mentirosas algumas autoridades de nosso Exército. Mais: incluiu nas ofensas os comandantes da Marinha e Aeronáutica. Uma insensatez.

Kennedy Alencar chamou de mentirosos os generais Fernando Azevedo, ministro da Defesa do Brasil, o também general e ex-comandante do Exército brasileiro Eduardo Villas Boas e por último, o general vice-presidente da República, Hamílton Mourão.

Qual a razão para isto? Simplesmente porque os retros aludidos militares publicaram notas neste aniversário de 56 anos do movimento de 1964, expressando seus pontos de vista sobre a impropriamente chamada “Revolução de 1964”.

Não precisava tanta deselegância. Não precisava tanta ofensa. Democracia pressupõe convivência com os contrários, pressupõe respeito à voz das urnas.

O jornalista – jovem e imaturo – não conhecia o amargo da derrota e demonstra desconhecer o que é antagonismo político.

Por conseguinte, não sabe o que é democracia.

O jornalista Kennedy Alencar não conseguiu superar a perda das mamatas do período Lula da Silva-Dilma Rousseff. Enxovalha autoridades da República e, em consequência, sua respeitável carreira de jornalista. Aliás, como costumeiramente tem feito. Neste particular, não é novidade.  

araujo-costa@uol.com.br

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