Memória de Abaré: Salomão Tolentino Teles

A antiga Faculdade de Administração da Universidade Federal da Bahia (UFBA) ficava na esquina da Avenida Joana Angélica e lá permaneceu por muito tempo.

A Faculdade foi organizada pelo reitor Edgard Santos e sob os auspícios do insigne professor Lafayette Pondé, titular de Direito Administrativo da UFBA, que assumiu a reitoria da universidade em 1971. Um dos primeiros professores era Rômulo Galvão de Carvalho (1930-1998), que se tornaria referência em educação no Brasil.

Naquele tempo, Rômulo já se destacava no meio universitário e em toda a sociedade baiana e, em consequência, fincava sustentáculos para a seara política da qual faria parte durante longo tempo. 

Baiano do simpático município de Campo Formoso, Rômulo Galvão foi quase tudo na área de educação, inclusive secretário de Educação e Cultura da Bahia na primeira administração do governador Antonio Carlos Magalhães (ACM).

Rômulo foi deputado estadual e federal pela Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e Partido Democrático Social (PDS), agremiações que lhe deram guarida e sustentação política por muito tempo.

Nesta condição, Rômulo conheceu e aliou-se politicamente a Salomão Tolentino Teles (1932-2009) de quem foi compadre e amigo durante, pelo menos, três décadas.

Advogado brilhante, Salomão Tolentino Teles foi vereador, vice-prefeito (1993-1996), também prefeito em duas ocasiões e procurador-geral do município, nomeado em 2005 pelo então prefeito Delísio Oliveira da Silva.

Salomão era conhecido na região pela generosidade, capacidade de fazer amigos e, sobretudo, em razão das ideias que empunhava com vistas ao desenvolvimento de Abaré.

Entretanto, Salomão não se circunscrevia unicamente a Abaré, pensava regionalmente. Talvez por vocação, quiçá por formação, Salomão vislumbrava horizontes amplos e diversos das costumeiras práticas políticas.

Defensor da eletrificação rural e da aproximação com líderes de outros municípios, Salomão antevia horizontes promissores para Abaré e região.

À época da influência política de Salomão, Abaré situava-se na condição de município relativamente novo. Criado em 1962 no governo de Juracy Magalhães, o município ainda engatinhava em busca de seu caminho político-administrativo.

A posse dos primeiros eleitos (prefeito e vereadores) e a instalação dos serviços municipais, salvo engano, deram-se em abril de 1963, de forma que tudo era ainda incipiente na construção da história do município.

Abaré ainda se sustenta em muitos dos pilares construídos por Salomão Tolentino Teles, inclusive no que concerne à educação.

Neste contexto, Salomão foi presidente da CNEC (Campanha Nacional das Escolas da Comunidade), instituição que ajudou a consolidar a educação formal nos pequenos municípios, de modo que ele contribuiu para estruturar o ensino de Abaré, quando ainda se fazia escassa a presença do Estado na área educacional da região. 

Estávamos, ainda, na época dos cursos ginasial e colegial, tão essenciais para a formação de nossa juventude do interior. A sustentação dos sonhos dessa juventude precisava de amparo, de norte, de direção. Salomão cuidou disto em Abaré.

De todo modo, o que vale registrar, com ênfase, é que Salomão Tolentino Teles deixou um legado de luta em benefício de Abaré.

Difícil esquecer que sua capacidade de fazer amigos foi fundamental para essa valiosa contribuição, incluída aí a amizade com o político e educador Rômulo Galvão de Carvalho, que muito o ajudou na consolidação de suas ideias.

araujo-costa@uol.com.br    

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