A grande imprensa fez uma balbúrdia danada à espera da divulgação do vídeo da reunião ministerial, que o ex-ministro Sérgio “Traíra” Moro apontou como prova de que o presidente Bolsonaro interferiu indevidamente na Polícia Federal.
O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, relator do inquérito, liberou parcialmente o fatídico vídeo, que nada acrescenta ao que grande parte da imprensa e de setores bem informados da sociedade já sabiam.
O ministro Celso de Mello, que se aposentará em breve, é conhecido por proferir longos e cansativos votos conforme o pensamento de órgãos de imprensa e não de acordo com suas convicções de magistrado, que parece não tê-las.
Prolixo, embora discreto, desta vez Celso de Mello não agiu diferente. Seguiu o farol dos grandes órgãos de comunicação e colocou o Brasil à beira de uma crise institucional, que ainda não se sabe o alcance.
Relator do inquérito, Celso de Mello tem prerrogativas e amparo legal para evitar contornos maiores e indesejáveis, principalmente sabendo que o vídeo nada acrescenta às investigações.
Celso de Mello preferiu vingar-se do presidente da República e acabou ficando com a cara de galo. A publicação do vídeo não produziu o resultado esperado por ele.
Quem quiser saber quem é o ministro Celso de Mello, leia o livro Código da Vida, de autoria do ínclito Saulo Ramos, jurista e ex-Consultor Geral da República, que o indicou para ministro do Supremo Tribunal Federal e se decepcionou (Editora Planeta, São Paulo, 2007).
O livro é autoexplicativo quanto à conduta do ministro Celso de Mello, que aliás, já vai tarde do STF, por força de aposentadoria expulsória. São despesas e mordomias a menos para todos nós, contribuintes.
O ministro Celso de Mello é respeitado entre seus colegas, em razão de ser decano do STF (mais antigo da Corte) e não por ser sábio.
À semelhança do diabo, Celso de Mello é considerado mais por ser velho e menos por ser sábio, que definitivamente não é, nunca foi.
O fato é que a imprensa ficou desapontada, mormente as Organizações Globo, que se viram na contingência de exigir de seus comentaristas esforço hercúleo no sentido de acharem no conteúdo do vídeo alguma coisa cabeluda que pudesse incriminar o presidente da República.
Não acharam. O desapontamento foi geral e visível. Ridiculamente risível.
Chega a ser patético o esforço dos comentaristas Gerson Camarotti, Miriam Leitão (inimiga figadal das Forças Armadas) e Natuza Nery, com o intuito de desconstruírem o governo Bolsonaro, a pedido dos patrões da TV Globo.
Em 22/05/2020, na Globo News, a comentarista Natuza Nery procurava na imaginação, completamente perdida, por falta de argumentos plausíveis, elementos para colocar na boca do presidente da República e incriminá-lo.
Diante do vexame explícito, foi preciso o experiente apresentador César Tralli socorrê-la em público e indicou à comentarista o caminho da seriedade jornalística, fato incomum entre colegas do meio, em transmissão ao vivo.
Tirante os palavrões do presidente da República, o vídeo demonstra o que todos já sabiam: não há novidade, tem mais força política do que valor jurídico.
Quem ficou estarrecido com os palavrões de Bolsonaro não tem ideia do que seja uma reunião com o principal líder da esquerda do Brasil, Lula da Silva, longe da imprensa, sem holofotes.
Bolsonaro é uma freira contemplativa diante do vocabulário de Lula.
O certo é que a divulgação do vídeo aproximou mais o presidente Bolsonaro de seus seguidores e reforçou o pensamento do presidente expresso em campanha eleitoral. Fidelíssimo com seus eleitores, neste particular.
Bolsonaro exigiu fidelidade de seus ministros, sinalizou interferir em todos os ministérios, a bem do Brasil – não só no da Justiça e Segurança Pública – o que, de resto, faz parte do sistema presidencialista de governo: o presidente alinha tarefas, corrige rumos e exige fidelidade e prestação de contas de seus ministros, que são demissíveis ad nutum, a critério do presidente.
Ministros e presidente devem falar a mesma língua.
No vídeo, não se ouviu nada da boca do presidente da República além da defesa do Brasil e dos pobres. Declarou-se contra a ditadura e a favor da liberdade de expressão e da democracia, por consequência. Foi enfático na defesa dos pequenos empresários e dos mais necessitados.
Entretanto, dois ministros excederam-se nas palavras: o ministro da Educação, ao se referir aos ministros do Supremo Tribunal Federal (e aí está a vingança do ministro Celso de Mello); e a ministra Damares Alves, que sinalizou a hipótese de prisão de alguns prefeitos e governadores, por estarem praticando ilegalidades e espezinhando pessoas carentes e sem voz, ao arrepio da lei.
Retórica, nada mais que isto.
Absurdo explícito: o inquérito é contra o presidente Bolsonaro e o ex-ministro Sérgio Moro (possível denunciação caluniosa), mas o ministro Celso de Mello afirmou que há possível crime contra o ministro da Educação, que é alheio ao inquérito.
Neste caso, qualquer estudante primeiranista de Direito sabe que o ministro laborou sem nenhuma base legal. Partindo de Celso de Mello, não é de se esperar outra coisa.
O vídeo nada acrescenta à intenção macabra do ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sérgio “Traíra” Moro: quer ser presidente. Triste Brasil!
Mas uma coisa é certa: o vídeo turbinou a candidatura do presidente Bolsonaro à reeleição, se esta vier a acontecer e se ele não for expulso do cargo até 2022.
Em resumo: a montanha de Sérgio “Traíra” Moro pariu um rato.
araujo-costa@uol.com.br