Curaçá: entrevista com o ex-vereador Valberto Matos

(Valberto Matos Leite, arquivo pessoal)

O blog alcançou José Valberto Matos Leite na Fazenda Papagaio, nos domínios do centenário distrito de Patamuté.

A fazenda é uma relíquia dos tentáculos deixados por Otaviano Matos, major da Guarda Nacional e avô do entrevistado. Mais do que uma fazenda bucólica é a retaguarda econômica da família.

A entrevista tem o propósito de mostrar as ideias políticas do ex-vereador José Valberto Matos Leite, ideias essas ofuscadas pelo descaso que costumamos fazer de nossa história e das lutas que muitos filhos de Curaçá travaram tenazmente em benefício do lugar, nem sempre com êxito.

Muitos eleitores de hoje, nascidos no advento da Constituição de 1988 ou logo depois dela – época do início da trajetória política de Valberto –  desconhecem o seu passado político e de pessoas que agora pleiteiam voltar à seara eleitoral, mesmo que dela nunca tenham se afastado, embora sem ostentar mandato conferido pelas urnas.

A entrevista também traduz o intuito de evidenciar o sentido democrático da disputa eleitoral e Valberto faz parte deste cenário na corrida por uma vaga na Câmara Municipal.

Político experiente, Valberto exerceu três mandatos de vereador na Câmara Municipal de Curaçá: 1989/1992, 2005/2008 e 2009/2012. Foi presidente do Legislativo e também nesta condição parece ter deixado um vínculo razoável de serviços prestados ao município.

Valberto provém de família tradicional de Patamuté. O pai João Brandão Leite também foi vereador em Curaçá e a mãe Belaniza Matos Leite se dedicou diuturnamente à família, transmitindo-lhe educação tradicional voltada para retidão de caráter e sadia convivência social.

As raízes maternas fincadas na estrutura de Galdino Ferreira Matos (1840-1930) e a estirpe paterna da irrepreensível e respeitável família Brandão deram a Valberto a baliza para a luta democrática nessas três décadas. A ascendência lhe enriqueceu seu caráter, deu-lhe o parâmetro político.

Abaixo os principais pontos da entrevista com o ex-vereador José Valberto Matos Leite:

Quando o senhor entrou para a política partidária?

“Em 1988 comecei a interessar, apesar de já ter no sangue o vínculo político. Neste mesmo ano fui eleito pela primeira vez”.

Quais as ações de sua iniciativa, na condição de vereador?

“Procurei exercer os mandatos dentro das prerrogativas, buscando valer o verdadeiro papel de legislador, sempre apresentando proposições no sentido de atender aos anseios da coletividade”.

Principais projetos

“Projeto que obriga os gestores públicos a utilizarem a pintura dos bens públicos respeitando as cores da bandeira do município. E como gestor, no último mandato como presidente do Legislativo, realizei o primeiro concurso público da Câmara, empossando nove funcionários. No meu primeiro mandato em 1990, fui escolhido primeiro secretário para elaboração da Lei Orgânica do Município”.

Sobre Patamuté

Perguntado quais os problemas mais graves que Patamuté vem enfrentado, Valberto citou “a questão de acessibilidade e assistência ao homem do campo, que é a base sócio-econômica do nosso distrito, entre outras”.

Representação de Patamuté na Câmara Municipal

Questionado se Patamuté está bem representado na Câmara Municipal, o ex-vereador Valberto foi incisivo: “Não”.

Não quis alongar-se sobre suas impressões quanto à representação de Patamuté na edilidade curaçaense.

Estado de conservação dos bens públicos de Patamuté

Perguntado sobre sua opinião quanto ao estado de conservação do Mercado Municipal e da escola Otaviano Matos, ambos no distrito de Patamuté, Valberto pontuou que “a situação da manutenção e conservação destes bens citados estão a desejar, inclusive um dos que mais me chama a atenção é um patrimônio histórico do nosso distrito, a escola estadual, que se encontra em situação de ruína”.

Sobre a atual gestão municipal

O blog perguntou a Valberto, considerando uma perspectiva geral, como a atual administração municipal está se comportando relativamente aos distritos, povoados e comunidades rurais?

O ex-vereador respondeu: “Um município pequeno com poucos recursos geralmente é difícil atender a todas as necessidades, sendo que há uma prioridade da gestão em dois itens, saúde e educação, que dentro dos limites vem atuando dentro da normalidade”.

Outras ações de Valberto, enquanto vereador de Curaçá

O blog insistiu em saber quais outras iniciativas do entrevistado à frente da Câmara Municipal de Curaçá. Valberto citou “a fundação do ensino médio, aquisição de um dissalinizador, festa dos vaqueiros, construção de uma praça na frente da igreja, uma praça na rua do comércio, uma praça na rua de cima, calçamento da rua do comércio estendendo um pouco na rua da usina, calçamento nos dois lados do mercado, cascalhamento em vários trechos das estradas do distrito”.

Dificuldades encontradas no exercício da função de vereador

Perguntado quais as dificuldades encontradas no exercício da vereança, Valberto ponderou que “apesar de ter procurado com muito sacrifício atender aos anseios da coletividade, sempre com a consciência tranquila do dever cumprido, ficam muitas ações que o objetivo não é atendido e isto deixa uma sensação de preocupação diante da ansiedade de não concretizar o objetivo”.

Avaliação da gestão do prefeito Pedro Oliveira (PSC), de Curaçá

Questionado sobre sua opinião quanto à avaliação da administração do prefeito Pedro Oliveira (PSC), o ex-vereador Valberto foi cauteloso e sucinto, ponderando apenas que a gestão se comporta “dentro das limitações do razoável”.  

O blog perguntou que avaliação o entrevistado faz de seu candidato a prefeito de Curaçá nas próximas eleições municipais e qual o cenário que o prefeito enfrenta em relação aos demais candidatos e obteve a seguinte resposta: “A eleição muitas vezes é uma caixa de surpresa, mas até a presente data vejo como um provável postulante a continuar”.

Condição de pré-candidato do entrevistado

O ex-vereador Valberto declara-se pré-candidato a vereador de Curaçá pelo Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) e resumiu assim sua linha de pensamento:

“Como candidato devo propor uma legislatura altamente comprometida com os anseios da coletividade, sempre pautada no interesse comum de todos”.

Considerações finais do Blog:

O Blog agradece a receptividade, a educação e a lhaneza com que foi tratado pelo entrevistado José Valberto Matos Leite, que não se recusou a responder nenhuma pergunta.

Quando as convenções partidárias legitimarem seus candidatos e se forem cumprindo os prazos e o calendário previsto na legislação eleitoral, certamente surgirão os acirramentos e as incompreensões na disputa eleitoral, inclusive entre candidatos de Patamuté.

Neste tempo de intolerância política exacerbada e de violentas redes sociais, torna-se necessária a sadia convivência democrática para explicar que os antagonismos não se podem descambar para as ofensas, mesmo que as situações sejam inarredavelmente opostas.

A cautela nas críticas nunca se fez tão necessária neste tempo de redes sociais.

Lembro aqui uma frase de José Félix Filho, de Poço de Fora (Zé Borges), que foi prefeito de Curaçá na década de 1960: “Os homens passam, mas a terra fica para ser reverenciada e amada por seus filhos”.

Avante Patamuté! Vamos em frente, Curaçá!

araujo-costa@uol.com.br

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