Há frases que são perigosas quando pronunciadas em televisão ou quaisquer recursos audiovisuais, sem a devida edição, que nem sempre é possível.
O jornalista Octavio Guedes, comentarista do sistema Globo, ao referir-se à recente avaliação de Bolsonaro, atribuiu o bom desempenho do presidente aos pobres, mormente do Nordeste. E tascou na GloboNews, ao vivo: “São os pobres, estúpido!”
Ato contínuo, as redes sociais começaram a apedrejá-lo, dizendo que ele chamou os pobres nordestinos de estúpidos. Uma vírgula, aqui, fez muita diferença, como ensinam os abnegados professores de nossa culta língua portuguesa.
Entendo que essa não foi a intenção do jornalista que, sendo de esquerda até as unhas, conhece como poucos as regras do “politicamente correto” que a própria esquerda criou e as entronizou no pedestal da inutilidade.
O problema foi o uso inadvertido da frase, como se o jornalista dissesse: são os pobres, cara pálida! Ou coisa parecida.
Ocorre que palavras ditas em televisão não são acompanhadas de sinais de pontuação. Aí o perigo. Neste caso, a equipe responsável pelos caracteres do programa sequer apressou-se em explicitá-las, talvez porque não conhece regras fundamentais de gramática.
Na visão do jornalista da Globo, a boa avaliação do presidente deve ser creditada aos pobres, mormente do Nordeste, tendo em vista o auxílio emergencial do governo, que passaram a receber, muito além do bolsa-família. Também. Mas não parece esgotar-se aí a análise.
De qualquer forma, a esquerda ficou atônica com o crescimento do presidente Bolsonaro nas pesquisas de opinião, por algumas inegáveis razões: a esquerda está com os pés e as mãos amarrados, porque continua atrelada ao morubixaba petista Lula da Silva, que ainda não delineou o caminho que os esquerdistas devem seguir; a oposição ao governo não tem propostas alternativas para apresentar e contenta-se com a letargia.
Por falta do que fazer – ou de dizer – a oposição ao governo federal está atribuindo o grande número de mortes pela covid-19 ao presidente da República. Isto é feito diuturnamente, por intermédio dos seus porta-vozes, inclusive meios de comunicação (rádio, jornal, televisão), que perderam ou estão perdendo estratosféricas verbas publicitárias do governo federal.
Contudo, falta transparência nessa acusação ou, no mínimo, honestidade política.
O direito saudável de discordar e de fazer oposição também pressupõe o dever de dizer a verdade.
Sabe-se que o governo federal vem liberando recursos aos estados e municípios para enfrentarem a pandemia e estes, na ponta, por amparo constitucional corroborado pelo Supremo Tribunal Federal, cuidam das medidas de combate, tais como distanciamento social, isolamento, barreiras sanitárias, compra de equipamentos, construção de hospitais de campanha, confinamento, que nossa ânsia de estrangeirismo passou a chamar de lockdown, et cetera.
A maioria da população sabe disto. Mas a oposição não consegue mudar o discurso.
Parece acertada a frase do jornalista J.R.Guzzo, in O Estado de S.Paulo: “Oposição a Bolsonaro é gritaria de arquibancada, que xinga o juiz, mas não muda o placar do jogo”.
O salto positivo na avaliação do presidente Bolsonaro, segundo o Data Folha, não pode ser desprezado. Na Região Nordeste, que ele amargava uma rejeição de 52%, agora essa rejeição despencou para 37%, uma diferença de 15 pontos percentuais.
É muito, para uma região que vem sendo notoriamente administrada por políticos de esquerda, com destaque para aliados do Partido dos Trabalhadores (PT), tendo em vista a liderança inconteste de Lula da Silva nos estados do Nordeste. Lula ainda é Lula, vai continuar politicamente Lula, no Nordeste e fora dele.
O governador da Bahia, que é sabidamente bem avaliado, já se ressente do resultado apresentado pelo Data Folha. Mas Rui Costa tem fôlego para manter sua liderança no estado, porque vem se destacando com sensatez e equilíbrio diante das intempéries da Bahia.
De quando em vez o governador baiano tem umas recaídas, mas isto é próprio de sua condição de petista.
A avaliação em favor do presidente Bolsonaro deve avantajar-se ainda mais. O governo estuda reduzir as contas de energia elétrica para todos os consumidores do Norte e Nordeste em breve, assim como deve continuar liberando recursos para estados e prefeituras da região, em razão das exigência e prejuízos causados pela pandemia.
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