“Não há santo, herói, gênio ou pulha, sem ideias. Só os imbecis não as têm” (Nelson Rodrigues, jornalista, escritor, romancista e teatrólogo, 1912-1980)
A condição mais terrível de quem escreve é ter de penitenciar-se diante das críticas. Mas há de respeitá-las, sim.
A opinião do leitor merece acolhimento, desde que nos limites da educação e civilidade. Sem agredir, sem ofender, sem apequenar-se.
Um leitor de meus textos observou – ou reclamou, não sei bem – quanto à minha falta de estilo. Disse que misturo assuntos no mesmo texto, falo de diversas coisas simultaneamente, embaralho notícia com opinião e por aí vai.
Ele tem razão. Contudo, se equivocou num ponto: eu não dou notícias, comento-as.
Esclareço ao atento leitor. O meu estilo é exatamente este: a falta de estilo. Ou, noutras palavras, não me prendo a regras comumente aceitas. E aí está a sabedoria de quem lê: descobrir que o cronista não está adstrito a escrever somente o que o leitor quer ler.
Ademais, não parece um bom caminho achar que quem escreve é dono da verdade, sabe tudo, é uma enciclopédia ambulante. Não. O cronista, seja ele famoso ou não, é um observador do cotidiano e externa suas impressões sobre as circunstâncias do dia a dia.
O cronista erra e tropeça, como todos, mas vive equilibrando-se entre o dizer e os fatos do dizer. Este é o mérito, se é que existe mérito neste particular.
Quando o leitor acha que o cronista sabe tudo, corre o risco de se decepcionar e quase sempre se decepciona.
O escritor e cronista Mário Prata conta que já recebeu muitos convites para entrevistas para falar sobre todo tipo de assunto, até sua opinião sobre o porquê de o penico ter caído em desuso.
Numa entrevista, a entrevistadora quis saber se ele preferia calcinha branca, preta ou vermelha. Ele achou um despropósito: “Logo eu, que nunca usei calcinha?”
Em 1987, quando lancei meu livro Fragmentos do Cotidiano, recebi carta de um amigo de grandes e inesquecíveis tertúlias (naquele tempo ainda se escreviam cartas) confessando-se muito decepcionado. Dizia ele que esperava coisa melhor. Não encontrou.
Pensou que eu tivesse escrito sobre política, citado nomes de políticos e algumas patifarias que eles aprontaram, como de costume.
Por outro lado, o ínclito D. José Rodrigues de Sousa, da Congregação do Santíssimo Redentor, que à época era bispo da diocese baiana de Juazeiro, mandou-me uma comovente observação, segunda a qual as amenidades constantes no livro lhe agradaram sobremaneira. Talvez por educação, talvez por zelo de pastor humilde, talvez pela amizade, talvez para estimular a vida do estreante autor.
Como se vê, duas opiniões antagônicas, mas saudáveis, dentre outras, até comoventes.
Outro equívoco que muitas pessoas cometem é dizer que sou de direita e que defendo somente políticos de direita. Engano. Não defendo direita, esquerda, centro ou coisa parecida.
O que defendo é a seriedade política e o respeito à coisa pública, o que não se vê em nenhum lado ideológico, seja de direita, de centro ou de esquerda.
Outro dia, vi na televisão, imagens chocantes e estarrecedoras de uma família de Irecê (BA) e outra do Maranhão em estado de extrema miséria. Sem comida, sem teto, sem água, sem roupa, sem, calçado, sem esperança, sem mínimas condições de sustentarem a dignidade humana a que têm direito assegurado na Constituição da República.
O ex-presidente Lula da Silva e o PT não dizem, repetidamente, que tiraram toda essa gente da extrema pobreza?
Seria mais razoável se Lula da Silva, petistas, admiradores e aliados admitissem que fracassaram na forma ou na “arte” de mentir.
É por isto que muitos dizem que sou de direita.
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