Lalá de Patamuté

Josiná Possidônio da Silva – Lalá de Patamuté – é um pouco mais novo do que eu. Nascemos no mesmo ano, 1952. Ele em outubro, eu em abril.

Portanto, estamos aí beirando a senectude, porque a envelhescência já bateu em nossa porta faz tempo e nos enxotou em direção ao caminho da senilidade.

Convivemos em nossa juventude, em Patamuté. Lalá sempre foi prestativo, atencioso, respeitador. Incapaz de ofender qualquer pessoa. Atendia a todos com presteza exemplar.

Lalá sempre foi trabalhador. Casou, criou família e hoje – considerando minha capacidade de errar – deve ter mais de uma dezena de netos. Família grande, pois assim Lalá se dignou a construir.

De vez em quando lembramo-nos da infância e da juventude. A adolescência um tanto buliçosa e traumática, no meu caso, em razão da pobreza, mas foi o que Deus me permitiu.

Todavia, é na juventude que se sedimentam as melhores lembranças e lá edificamos as primeiras e duradouras amizades.

Hoje me deu uma saudade doida de Lalá. A última notícia que tive dele é que estava trabalhando no Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Curaçá (SAAE). Se ainda estiver por lá, deve estar bem amparado.

O SAAE, mais do que uma instituição quase sexagenária (foi fundado em 28/02/1963), é um ajuntamento de pessoas boas, com raízes sadias bem fincadas. Lá tive um amigo, exemplo de caráter e de seriedade: Ponciano Pereira Rêgo. Hoje tenho outros, mais jovens, mais afoitos diante da vida, de geração mais irrequieta.

Lalá tem um quê de “doidera”, mas é esperto, impressionantemente esperto. Ele não é ilógico. Às vezes tem olhar distante, raciocínio demorado, como se captando os meandros de nossa insensatez. Insensatos somos nós, ditos normais.

Uma das qualidades de Lalá é a lealdade. Lembro a amizade antológica que ele mantinha com Theodomiro Mendes da Silva, também meu amigo e filho de Patamuté, que foi prefeito de Curaçá.

Theodomiro confiava a Lalá algumas atribuições um tanto difíceis e podia tranquilizar-se. Lalá dava conta de todas, eficientemente.

As ruas e os becos de Patamuté guardam boas lembranças de Lalá.

araujo-costa@uol.com.br

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