Estrumes e outras excrescências

O presidente da República, num daqueles momentos de destempero verbal inapropriado para o alto cargo que ocupa, chamou de estrume o governador do Rio de Janeiro e também o governador de São Paulo, embora para este último o termo tenha sido mais deselegante, o que dá na mesma.

O governador Wilson Witzel (PSC) foi eleito com a bandeira de combate a corrupção, dizendo-se correto, honesto, impoluto, incorruptível.

Entretanto, nesse período de pandemia do coronavírus, segundo a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, recebeu propina, entregou-se aos braços da corrupção e desviou dinheiro da saúde, dentre outros crimes tipificados na lei substantiva penal.

Em consequência, deixou centenas de pessoas morrerem à míngua por falta de respiradores, medicamentos, leitos hospitalares suficientes, estrutura de atendimento e outras coisas mais.

As provas parecem robustas, tanto que o Superior Tribunal de Justiça o afastou do cargo de governador dos fluminenses e Sua Excelência ainda enfrenta um processo de impeachment na Assembleia Legislativa.

Como se vê, um sujeito com uma conduta dessas não parece passar muito longe do apelido que o presidente Bolsonaro lhe cravou.  

No caso de São Paulo, não é muito diferente. A demagogia do governador João Dória (PSDB) salta aos olhos e não é mais nenhuma novidade para os paulistas atentos.

O governador vale-se deslavadamente da pandemia para tentar cacifar-se com vistas à disputa presidencial de 2022. Usa a dor e o sofrimento alheios para estruturar-se politicamente. Não consegue disfarçar.

A frase que o governador de São Paulo mais pronunciou nesses últimos meses foi “salvar vidas”, arrastando para si a eficiência – que não tem – para espantar o coronavírus e elevando-se ao pedestal da arrogância.

Resultado: São Paulo passou a ser o epicentro da doença.

Dados de 10.09.2020 atestam que já morreram no estado 31.821 pessoas, além de um assustador número de infectados: 866.576 pessoas, beirando um milhão de doentes.

Cadê a eficiência em “salvar vidas” do governador Dória, que só ele sabia a mágica? 

O mundo diz, seguidamente, que a ciência ainda está às voltas com os estudos para encontrar a forma de debelar o coronavirus. Doença nova, sem nenhum parâmetro em que a ciência possa se apegar como referência.

O governador de São Paulo não está fazendo nada para desgrudar-se do apelido que o presidente Bolsonaro lhe cravou.

Semelhanças

Semelhanças entre Wilson Witzel, governador afastado do Rio de Janeiro e o ex-ministro Sérgio Moro: ambos foram juízes federais, ingênuos politicamente, vaidosos e hipócritas.

Juízes federais!

Triste Poder Judiciário o nosso, que abrigou pessoas como estas e outras tantas conhecidas.

O governador do Rio já caiu em desgraça. Sérgio Moro está aguardando a vez de sucumbir. Está escorregando no abismo de sua imoralidade.

Vão-se dar mal. Ambos já começaram a descambar para o despenhadeiro da descrença.

araujo-costa@uol.com.br

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