O retrato da elite “indecorosa” do Brasil

O jornal O Estado de S.Paulo de 24/09/2020 deu a notícia:

“Em um único dia e no momento em que a equipe econômica do governo tenta conter a folha de pagamento do funcionalismo, a Advocacia Geral da União (AGU) promoveu 607 procuradores federais para o topo da carreira com salário de R$ 27,3 mil”.

A promoção se deu de uma só vez, num só ato.

A medida fez subir para 3.489 procuradores com esse salário de R$ 27,3 mil, ou 92% do total de 3.783 servidores.

A Advocacia Geral da União compõe-se de quatro categorias: procurador-federal, procurador da Fazenda, procurador do Banco Central e advogado da União.

A imprensa atenta descobriu a maracutaia e no dia seguinte o ato foi suspenso, segundo o mesmo O Estado de S.Paulo de 25/09/2020.

A AGU alegou “questionamentos suscitados com a publicação do ato”, que fez a farra das promoções e o consequente aumento de salário.

Por aí se vê que, se a imprensa não tivesse identificado o ato vergonhoso da AGU, a medida se tinha completado e a farra daquela elite com dinheiro público estaria feita.

O Ministério Público pediu ao Tribunal de Contas da União para suspender a promoção, alegando que ela é “inoportuna e indecorosa”.  E é.

Diante do escândalo, o governo também apressou-se e apresentou, através de seu líder na Câmara dos Deputados, decreto legislativo para revogar a portaria que deu promoção à elite de procuradores.  

Num momento de pandemia, empresas quebrando, desemprego e brasileiros passando fome, pergunto:

Essa elite de servidores públicos está pensando no Brasil ou no próprio bolso?

araujo-costa@uol.com.br

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