O presidente Bolsonaro tem uma irresistível tendência ao grotesco.
Todavia, não é privilégio deste presidente. Outros já o fizeram, embora não tenham merecido o estardalhaço comum nesses novos tempos.
Todos conhecem dois episódios, dentre muitos, protagonizados por Lula da Silva, guru da esquerda, quando ainda presidente: o caso de Pelotas (RS) e o apelido dado às parlamentares e ativistas apoiadoras do então presidente, ambos preconceituosos para os padrões da esquerda, que ficou quieta.
Típicos casos de ofensa, em se tratando do conceito introjetado pelo “politicamente correto”, a imprensa não deu nenhum destaque àquelas grotescas falas de Lula da Silva, exceto o noticiário de praxe e corriqueiro, an passant.
Com o advento do governo Bolsonaro, toda e qualquer besteira que o presidente diz – e não deve dizer – é vista com lupa e passa a ser pauta de vazios programas de televisão.
Comentaristas ditos experientes se ocupam pateticamente dessas idiotices, dando ênfase a tudo que o presidente fala e destoa da hipocrisia seguida por parte da sociedade.
Em data recente, no Maranhão, o presidente Bolsonaro fez uma brincadeira inoportuna sobre os maranhenses, usando tradicional guaraná de lá, culturalmente enraizado. Conversa típica de balcão, de boteco.
Foi o suficiente para que o alvoroço se instalasse, até com ameaças de processo contra o presidente.
O governador do Maranhão, que parece não ter o que fazer, quer virar notícia a todo custo e se serviu do episódio para também aparecer, embora no Maranhão deva ter outras prioridades.
A escritora cearense Rachel de Queiroz dizia que o maior entendido em marketing que ela conheceu foi Lampião.
Quando o cangaceiro queria ser notícia, decidia invadir uma cidade, saqueava comerciantes, fechava povoados, etc.
Um marketing macabro e cruel, mas eficiente. Lampião virava notícia, como ele desejava.
O presidente Bolsonaro parece seguir a linha de Lampião. Cria fatos grotescos, reprováveis, abomináveis.
Aí passa a ser notícia em toda imprensa, inclusive mundial. É o que ele quer, dizem os entendidos em factoides.
Bolsonaro deve ter um irresistível pendor para a pulha.
Faz propaganda às avessas.
araujo-costa@uol.com.br
.