Curaçá: quando as eleições passarem

Antonio Balbino de Carvalho Filho (1912-1992), que foi governador da Bahia, fazia uma analogia entre a paixão política e o frasco de remédio.

A expressão “agite antes de usar”, que se vê nas embalagens, é para o remédio fazer efeito e não para quebrar o frasco.

Nessas eleições municipais de Curaçá, o clima de animosidade entre apoiadores de alguns candidatos chega a ser assustador.

Essa malquerença somente acirra os ânimos e não é benéfica para o município e sua população.

Em política, a pessoa que não consegue discernir que o direito de um vai até onde começa o direito do outro, absolutamente não sabe ou não interessa saber o que é democracia.

A convivência com os contrários significa entender que os antagonismos não se confundem com inimizades pessoais. Adversário político é uma coisa, inimigo pessoal é outra, completamente diferente. Isto é elementar, ademais.

A seara política não é lugar próprio para criar desavenças. A seara política é ambiente propício para a civilidade, para o saber conviver educadamente.

Pessoas estão ofendendo outras tão-somente porque têm pensamento político diverso. Os comentários não são polidos, mas agressivos, desnecessariamente agressivos.

Em Curaçá, um leitor de meu blog disse que sou petista, porque falei bem de um candidato que não faz parte de seu grupo político. Acho que foi o primeiro texto meu que ele leu na vida, o que agradeço.

Esclareço ao dileto leitor que nada tenho contra o PT e tampouco contra os petistas.

Outro leitor, este de meu querido Patamuté, disse que quero “aparecer”, exatamente pelas mesmas razões em que o primeiro se baseou para concluir minha suposta preferência partidária.

Quem conhece minha história de vida – e ninguém tem obrigação de conhecer – sabe que “querer aparecer” é uma de minhas incompatibilidades que carrego. Não é meu feitio, nunca foi meu feitio, nunca será meu feitio.

Um terceiro leitor, mais rancoroso, disse que me tinha em outra conta, mas mudou, após ler um dos meus textos, que entendeu ser contra o candidato dele, o que não é verdade.

De qualquer forma, agradeço pela conta que ele me tinha e também pela conta que ele me incluiu, certamente não muito boa.

Muitos seguidores de candidatos a prefeito de Curaçá estão quebrando os frascos e não estão preocupados com o efeito do remédio democrático e com as mudanças que pretendem fazer no município.

Quando as eleições passarem será muito trabalhoso juntar os pedaços e recompor o vidro quebrado, independentemente do candidato vitorioso nas urnas.

O exercício da democracia pressupõe atenuação das paixões políticas.

“A luta democrática é honestidade”, dizia José Félix Filho (Zé Borges), de Poço de Fora, que foi prefeito de Curaçá.

A vida ensina que o excesso não é bom conselheiro.

araujo-costa@uol.com.br

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